Em 1981, na região leste da zona urbana de Santa Cruz do Sul, tomava forma o Bairro Belvedere. A área está situada no entorno do Cinturão Verde e conta com uma população estimada em 904 habitantes, conforme mapa temático produzido pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), a partir do Geoprocessamento do Município, e com base no Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE).
O bairro, localizado na parte alta da cidade, abriga 28 empreendimentos comerciais e de prestação de serviços e aproximadamente 367 residências. Além disso, dispõe de infraestruturas importantes, como a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Frederico Assmann, a Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Raio de Sol, a Unidade Básica de Saúde (UBS) Belvedere, mercados e um posto de combustíveis.
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O progresso passa pela principal via do bairro, a Rua Lindolfo Grawunder, onde está situada a Comunidade Sagrado Coração de Jesus. Atualmente, o trecho conta com grande fluxo de veículos, pois liga as regiões de Linha João Alves e do Country ao centro da cidade. Antigamente a rua, sem asfalto, era utilizada por produtores rurais, que comercializam leite e verduras na parte baixa da cidade.
A história do Bairro Belvedere começa às margens da estrada para a Linha João Alves. Em 1981, a via era de terra batida, e a poeira e o barro estavam fortemente presentes na rotina dos poucos moradores que ali viviam. Conforme pesquisa do jornalista José Augusto Borowsky, Linha João Alves, antes de se tornar bairro, era uma localidade do interior onde viviam muitos produtores de verduras e de leite, que utilizavam a via (hoje Rua João Werlang) para comercializar os produtos na cidade.
Atualmente a estrada é asfaltada, mas, na época, o terreno íngreme dificultava a passagem de veículos. A situação piorava em dias de chuva, quando o barro se formava e causava transtornos para quem ali passava, como o ônibus, que precisou, em certos momentos, do empurrão dos passageiros para sair do atoleiro.
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A Rua João Werlang se encontra com a Lindolfo Grawunder e a Avenida Léo Kraether. Antigamente, moradores que desciam para o centro da cidade tinham o costume de comer ou beber algo no armazém de Armando Gessinger, que ficava na esquina da Rua João Werlang com a Thomaz Flores. Ali, as pessoas tomavam um café e comiam pão com linguiça e mortadela. O local também era usado pelos colonos em dias de missa na igreja Matriz do centro, quando as pessoas lavavam os pés e trocavam os chinelos pelos calçados para irem à missa.
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A principal estrada do bairro passa ao lado do morro do Cinturão Verde e, do outro lado, há um precipício com vista para a parte baixa do Bairro Margarida. Devido à visão que se tem do lugar, surgiu o nome do bairro: Belveder, o que significa “bela vista”, em italiano.
Nos últimos anos, a expansão urbana ocorreu de forma rápida no bairro. Além de moradias, há no local duas escolas, duas igrejas, posto de saúde, mercados, oficinas, academia, clínica veterinária e comércio em geral. Dois condomínios fechados completam a estrutura. Os bairros Country e Linha João Alves tiveram grande importância para o desenvolvimento da região.
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Atualmente, basta apertar um botão que a luz é ativada nas residências e abrir uma torneira para se ter água potável. Há mais de 50 anos, essas facilidades estavam longe de ser realidade para os (então) sete moradores do Bairro Belvedere. Quem relembra essas situações é a aposentada Teresa de Moraes, 74 anos, que também é fã do jornal Gazeta do Sul.
Teresa é dona de um mercado no bairro desde 1974. Com quase 50 anos de empreendedorismo, no mesmo prédio, ela acompanhou de perto as mudanças que aconteceram no Belvedere, em especial na Rua Guilherme Kuhn. “Nossa rua era em forma de trilha, com muito mato. Não tínhamos água encanada e nem luz, naquele tempo.”
Natural de Herveiras, ela se mudou para Santa Cruz por causa de seu marido. “Eu abri o mercado e ele trabalhava como pedreiro. Então, desde sempre, comando sozinha meu estabelecimento. Iniciei aqui com uma cancha de bocha e um botequim”, disse.
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Mãe de quatro filhos, ela destaca que o bairro mudou para melhor desde o avanço da urbanização. “Antigamente, o pessoal pegava água aqui na rua, em um poço que ficava perto de casa. A luz também demorou a chegar; enquanto isso, ficamos na base do lampião.”
O mercado de dona Teresa também era uma fonte de luz, naquele tempo. “Eu vendia a querosene para os moradores aqui da região. Assim, eles podiam acender os lampiões”, ressalta.
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O crescimento do bairro é um atrativo para novos negócios, como conta a técnica de enfermagem Fernanda Garcia, 30 anos. Há um mês, ela abriu um espaço de beleza. “Moro no Bairro Faxinal, mas aqui é onde eu e meu marido temos nossos negócios. O grande fluxo de pessoas foi um atrativo, e por conta do crescimento da região.”
Ela salienta que tem clientes todos os dias. “Já penso em expandir meu empreendimento e oferecer outros serviços. Conto com uma funcionária”, destaca Fernanda.
Bem ao lado do estabelecimento de Fernanda mora sua sogra Nelci de Oliveira, 58 anos. Nelci destaca as mudanças que o bairro teve ao longo do tempo. “Não tinha asfalto na rua principal [Rua Lindolfo Grawunder] e onde tem a creche era tudo tomado pelo mato.”
Ela reside no mesmo lugar há quase 50 anos. “Meu marido comprou este terreno e ficamos aqui. No início, como não tinha muita coisa pela região, tínhamos que ir para o Centro, passando pelo barro em dias de chuva. Hoje é um bairro bom de morar”, relembra.
Outro ponto tradicional é o Mercado Scherer. A proprietária, Veridiana Scherer, 43 anos, conta que o estabelecimento familiar passa de geração em geração, desde 1989. “É um bairro muito bom. Estamos familiarizados com os nossos clientes. Por isso, gostamos de manter nosso mercado aqui.” O local gera emprego para três colaboradores.
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