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LUIS FERNANDO FERREIRA

Belo ou bizarro?

Se há algo surpreendente em Indiana Jones e a Relíquia do Destino, é o rejuvenescimento de Harrison Ford nos primeiros 20 minutos de filme. Por uma dessas proezas da inteligência artificial, vemos o ator de 80 anos com um rosto de 35 ou, no máximo, 40 – a mesma idade de quando protagonizou Caçadores da Arca Perdida. E tudo parece natural, bem convincente, a anos-luz da caricatura digital de Jeff Bridges em Tron – O Legado, de 2010.

A tecnologia anda a passos velozes. Em não muito tempo, talvez qualquer um possa fazer selfies com um rosto 30 anos mais jovem, usando os celulares certos. E a antiga ideia de “imortalidade” se concretize, pelo menos no universo das imagens. Em algum lugar da nuvem de pixels, lá estaremos. Conservados.

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Assim, Indiana Jones poderia sobreviver a Harrison Ford. No Brasil, Elis Regina (morta em 1982) canta ao lado de Maria Rita no comercial da Volkswagen. Belo? Bizarro? As opiniões se dividem. Em maio passado, em entrevista a um podcast, Tom Hanks (ator de Forrest Gump) disse que sua carreira poderia continuar após a própria morte, “até o fim dos tempos”, graças à inteligência artificial. “Qualquer um agora pode se recriar em qualquer idade por meio de inteligência artificial ou tecnologia deep fake. Eu poderia ser atropelado por um ônibus amanhã e é isso, mas as atuações iriam continuar e continuar”, afirmou.

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A previsão de Hanks lembra a história de O Congresso Futurista, filme de ficção científica lançado em 2013. Uma atriz de meia-idade, com a carreira quase esquecida, recebe proposta insólita de um executivo de Hollywood: ser escaneada para a criação de uma versão digital de si mesma, jovem para sempre. A réplica virtual conservará seu nome e vai estrelar as produções do estúdio. Com exclusividade.

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Em contrapartida, Robin – a atriz de carne e osso – fica proibida de atuar de fato em outros filmes. Como enfrenta uma situação difícil e o contrato em questão é milionário, ela aceita. Mas a que custo? Nem tiveram paciência de esperar que morresse. Mesmo viva, ela é substituída por um reflexo digital, que faz qualquer coisa e não se queixa de horários ou direitos trabalhistas.

Mas a imagem na tela é fascinante.

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