Neste ano, o Brasil celebra um marco importante na sua história, que é a chegada dos imigrantes italianos há 150 anos. Desde o início de sua jornada, em 1874, os italianos desempenharam um importante papel na formação da identidade brasileira, contribuindo com sua cultura, sua tradição e seu trabalho, em especial na serra do Rio Grande do Sul.
Entre as diversas expressões dessa herança, o Circolo Culturale Bella Italia (CCBI), de Santa Cruz do Sul, há 22 anos simboliza a persistência e a paixão pela preservação da cultura italiana no Estado, que celebra 149 anos de imigração italiana. Em Santa Cruz, o CCBI é um ponto de encontro para a comunidade ítalo-brasileira, promovendo eventos e atividades que celebram e revitalizam as tradições que os imigrantes trouxeram consigo.
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A associação, que destaca o impacto contínuo da cultura italiana na vida contemporânea brasileira, caminha para novas perspectivas e espera, no ano que vem, poder fomentar ainda mais a cultura em sua nova sede, que será uma imersão italiana para a comunidade regional.
Em uma cidade marcada pela predominância da cultura germânica, traços dos imigrantes italianos se misturam em Santa Cruz do Sul com tradições e origens diversas. O Circolo Culturale Bella Italia (CCBI), fundado em 2002, é um pilar dessa herança, mantendo viva a história dos italianos no Vale do Rio Pardo. O presidente Marcelino Seolin, 65 anos, destaca os desafios e as conquistas da instituição, bem como a importância da cultura italiana na região nos 22 anos de CCBI.
A fundação da associação surgiu da necessidade de preservar e promover as tradições na região. “A gente fundou o Bella Italia com 143 assinaturas. A partir disso estamos aqui até hoje, sempre buscando melhorar” comenta. Ele também explica como os imigrantes se estabeleceram em áreas como a Quarta Colônia, Santa Maria, Caxias e Porto Alegre. “Quando os italianos vieram para cá, queriam casas e terras. Eles se instalaram em lugares como na Serra Gaúcha, e o pessoal que se estabeleceu em Santa Cruz foi inicialmente na região do Corredor Zanette, no Bairro Esmeralda.”
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Assim como os imigrantes queriam seu lar, a associação também foi em busca de sua sede. A primeira estava localizada próximo à Escola Estadual Professor José Wilke, em um terreno doado pela Prefeitura. Mais tarde, o Executivo mudou a área de doação, sendo a atual na parte alta da Rua Marechal Deodoro, onde está sendo erguida uma estrutura em pedras grês.
Conforme Seolin, o terreno teve que ser nivelado com a remoção de 258 cargas de terra. “Foi uma parceria sem custos. Esperamos que no ano que vem, com as verbas prometidas, possamos ocupar a sede já com eventos, mesmo que não totalmente pronta.”
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O CCBI tem uma longa tradição de organizar eventos que celebram a cultura italiana, com almoços e jantares realizados nas comunidades católica e evangélica. “Temos cerca de cem associados. Além disso, acreditamos que cerca de 8% da população de Santa Cruz tem descendência italiana, o que dá aproximadamente 10 mil pessoas. Aqui houve muita mistura com os alemães, criando uma rica diversidade cultural.”
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O próximo evento do CCBI, originalmente agendado para maio, foi adiado devido a enchentes e será realizado no próximo sábado, dia 14, a partir do meio-dia, com almoço típico no Centro Comunitário da Catedral São João Batista. “Nós mesmos preparamos o almoço, com galeto e massas. É uma forma de manter viva a tradição e fortalecer os laços dentro da comunidade.” Também haverá apresentação de danças e do coral Cantare é Vivere, de Sobradinho.
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A construção da sede própria do Circolo Culturale Bella Italia (CCBI), iniciada em 2015, vai ser fundamental para as atividades da entidade. Além disso, será uma referência para descendentes e cidadãos ligados à cultura italiana. A estrutura está sendo erguida na Rua Marechal Deodoro, nas proximidades do Cemitério Católico São João Batista.
O prédio, que terá dois pavimentos, é construído e custeado com valores doados pela comunidade e associados, motivo que faz com que o andamento da obra ocorra de forma gradual. Quem circula na região alta da Marechal Deodoro já consegue ver parte da parede frontal da estrutura. Com traços de arquitetura italiana, o prédio utiliza apenas pedras grês, com o objetivo de caracterizar o estilo do país europeu e seus imigrantes.
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A área total é de 997 metros quadrados. No andar térreo, haverá salas para aulas de italiano, ensaios do grupo de dança, biblioteca, sala de reuniões, banheiros e cozinha. O piso superior terá um salão de festas com capacidade para 350 pessoas, banheiro e cozinha. Em 2002, quando foi fundada a associação, as primeiras aulas do curso de Língua e Cultura Italiana foram ministradas no prédio localizado na esquina das ruas Ramiro Barcelos e Tenente Coronel Brito, quase em frente à Gazeta do Sul. Na época, o espaço foi cedido por Fernando Cassio Tatsch.
Segundo a sócia-fundadora do Circolo Culturale Bella Italia (CCBI), Gloria Maria Zanette Rohr, 77 anos, os primeiros imigrantes italianos a escolherem Santa Cruz para viver foram seus bisavós, que vieram da região Norte da Itália, da cidade de Fregona. Eles chegaram em 1879 à Linha Santa Chiara, atual município de Carlos Barbosa.
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Mais tarde, no final do século 19, Paolo Zanette, o filho mais velho de Antonio Zanette, migrou para Alto Trombudo, interior de Vale do Sol, localidade que na época pertencia a Santa Cruz. Em 1907, Paolo e a família Zanette mudaram-se do chamado Cerro Italianenberg, por ser um lugar de difícil plantio e colheita devido à geografia acidentada. Foi então que a família chegou ao distrito de Dona Carlota, em Santa Cruz, para estabelecer um novo recomeço.
Atualmente, o local onde a família estava situada é chamado de Corredor Zanette. Gloria conta que dos 12 filhos que o casal Paolo e Lúcia tiveram, dois nasceram em Carlos Barbosa e dez na região dos vales do Rio Pardo e do Taquari, entre eles o seu pai. “Como as pessoas passavam por uma estrada na propriedade dele para chegar ao outro lado, de forma popular o trecho recebeu o nome de Corredor Zanette, que permanece assim até hoje”, ressalta.
Na região, também se destacam as cidades de Ibarama e Sobradinho, que cultivam as heranças dos imigrantes italianos. Esses traços podem ser percebidos em arquiteturas de residências e na culinária típica.
Comemoração em 2025
Neste ano, celebrou-se a passagem dos 150 anos de imigração italiana no Brasil e dos 149 anos no Rio Grande do Sul. Conforme o presidente do CCBB, Marcelino Ceolin, haverá comemorações nos três polos principais da imigração, em 2025. As atividades visam os 150 anos de imigração no Estado nos núcleos de Santa Maria, Caxias do Sul e Porto Alegre, além de atividades em outras cidades. “Nós vamos apoiar Porto Alegre, mas teremos algumas celebrações em Santa Cruz, com almoço e jantar nos meses de maio e junho.”
Procura pela cidadania
Situado na Rua José de Alencar, no Bairro Menino Deus, o Consulado Geral da Itália, em Porto Alegre, no ano passado reconheceu aproximadamente 4 mil novas cidadanias italianas. Conforme o consulado, estima-se que um terço da população do Rio Grande do Sul tenha direito à cidadania, o que representa quase 4,5 milhões de gaúchos.
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