“A casa continua lá. As suas centenárias paredes de pedras persistem sólidas como o filho da terra que ali nasceu, cresceu e foi se tornar o grande líder político da cidade e o orgulho do lugar. Ali, neste casarão de moradia e comércio do pai João, na acolhedora Linha Schwerin, no interior de Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, às margens do Arroio Taquari Mirim, no belo vale ao sopé de montanhas que se perfilam nas cercanias, a mãe Rosa, com o auxílio apenas da parteira do lugar e no lusco-fusco do lampião, em plena madrugada de 9 de agosto de 1922, traria à luz o sétimo de nove filhos, um menino que seria muito iluminado. Com o nome de Arno João Frantz, ele se apresentava ao mundo e sem medo conquistaria o universo das pessoas e da política, e faria história e estórias para sempre.”

Assim inicia o primeiro capítulo do livro biográfico Seu Arno – A fantástica história de Arno João Frantz, um político que conquistou respeito até pelo bom humor, que lancei em 2015, pela Editora Gazeta, e em segunda edição em 2016 (da qual ainda restam alguns poucos exemplares na Casa de Clientes Gazeta). Ele tinha então 93 anos. Pois, nesta terça-feira, 9 de agosto de 2022, são comemorados os 100 anos de nascimento deste “personagem político singular, coroado por um bom humor peculiar, que lhe rendeu ainda mais fama e popularidade”, como frisei na introdução do livro.

A data motivou várias homenagens no Município, onde deixou uma marca indelével, com ampla programação esportiva no Ginásio “Arnão”, uma das inúmeras e importantes obras conduzidas por ele, e culminando, hoje, com a colocação de placas com o nome dele em outra marcante realização no plano viário, a ERS-418, em direção à região natal, Linha Schwerin (Andrade Neves) e Rio Thal (Monte Alverne), oficializada pelo Estado como “Rodovia Arno Frantz”.

E, durante a semana passada, foi aberta exposição no Museu do Mauá, em frente à sede do governo municipal, uma mostra que retrata e eterniza diversos aspectos da trajetória dele, em que tive oportunidade de colaborar, junto com o colega Romar Beling, nosso diretor de Conteúdo na Gazeta, e a professora Luciana Tremea, da Unisc.

Nestor Raschen, diretor do Colégio Mauá, o antigo “Deutsche Evangelische Real Schulle”, ou Colégio Sinodal da Igreja Evangélica, onde Arno fez o Ginásio e Técnico em Contabilidade, e depois contribuiu para a instalação definitiva do educandário na área onde hoje se situa, citou mais uma outra faceta identificadora do “Seu Arno”: a generosidade. “Sempre foi uma pessoa boa, generosa, que sabia das necessidades do povo e as procurava atender.”

Lembrou de outro fato curioso, de tantos da história (contados no livro), que, diante dos extremos de generosidade e possível risco de sair da Prefeitura sem veículo próprio, o secretário da Fazenda, Zildo Rabuske, buscou uma forma de reservar parte do salário de prefeito para aquisição desse bem ao final do mandato (o “Santana” que o levaria para deslocamentos depois como deputado e aposentado).

De fato, sempre mais e belas lembranças são trazidas desse ser político por natureza, que sempre gostou de exercer esta missão, que de modo geral anda um pouco desgastada, mas que ele honrou com uma das principais características: o serviço, a disposição para servir com toda dedicação e honestidade, tornando melhor a vida das pessoas e da comunidade. Serve, pois, de inspiração para quem atua no setor, como realçou a atual prefeita e sobrinha, Helena Hermany; de orgulho em ter pessoas públicas dessa estirpe em nossa história política, e de esperança em um futuro nesse campo nos mais diversos níveis, onde se carece, e muito, de tais valores.

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