O Australian Open começa envolto em uma grande polêmica envolvendo o mundo do tênis. Só que o caso em questão foi divulgado a milhares de quilômetros de Melbourne, em uma reportagem da BBC e do BuzzFeed, que afirma ter evidências de manipulação de resultados envolvendo nomes de elite do circuito. Segundo a matéria, ao todo 16 jogadores do top 50 estariam envolvidos nesta suspeita de forjar resultados. Sem citar nomes, que devem ser divulgados nesta terça-feira em um programa da BBC Radio 4, a reportagem afirma que entre eles estão nomes graúdos como mais de um campeão de Grand Slam, não revelando se são duplistas ou jogadores de simples.
Os documentos conseguidos pela reportagem provêm de investigações iniciadas em 2007 pela Unidade de Integridade do Tênis, entidade que prega tolerância zero aos envolvidos em manipulação, e também pela própria ATP. Em entrevista à BBC, o presidente da ATP Chris Kermode disse que realmente existe essa questão envolvendo jogadores e apostadores, mas acredita que ela ocorre “em um nível extremamente pequeno”. “A Unidade de Integridade do Tênis e as autoridades do tênis rejeitam absolutamente qualquer evidência de que arranjos de resultados tenham sido acobertados ou não tenham sido investigados. É sempre decepcionante quando histórias como essa surgem logo antes de um grande evento, realmente prejudica. Mas estamos confiantes de que nada no esporte esteja sendo escondido. Estamos confiantes de que a Unidade de Integridade do Tênis está fazendo o que pode sobre esse assunto”, declarou Kermode.
Dos mais de 70 nomes que aparecem na lista, oito deles continuam em ação e estão disputando o Australian Open. Segundo a Associação Europeia de Segurança no Esporte foram mais de 50 partidas suspeitas em 2015. A organização ainda afirma que o tênis é a modalidade esportiva que mais atrai suspeitas quanto a manipulação de resultados.
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Jogadores comentam o escândalo
Após a estreia no Australian Open, Roger Federer foi questionado sobre o caso na coletiva de imprensa. “Foi uma coisa meio jogada. É fácil fazer isso. Gostaria de ouvir os nomes. Então pelo menos seria algo mais concreto, que poderíamos debater. Foi o jogador? A equipe técnica? Quem fez? Foi há muito tempo? Jogador de duplas ou de simples? Qual Slam? Está tudo muito confuso. Não faz sentido falar sobre algo que é pura especulação”, comentou Federer.
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Mesmo sabendo que novas provas não foram descobertas contra qualquer jogador, Federer quer que as investigações sejam rígidas. “É algo super sério e importante manter a integridade do nosso esporte. Quão alto isso chegou? Quanto mais alto (de ranking), mais surpreso eu ficaria, sem dúvida. Não estou falando de pessoas recebendo propostas, mas sim de quem faz isso no geral. Não há lugar para essas pessoas e comportamentos no nosso esporte”, disse o suíço.
“Soube que nomes antigos foram citados. Aquela história foi checada. É claro que você tem que levar a sério, como fizeram naquela época. Desde que temos a Unidade de Integridade, a pressão é maior quando histórias como esta vêm a público”, afirmou Federer, provavelmente lembrando do caso da partida entre Nikolay Davydenko e Martin Vassallo Arguello em 2007, que levantou muita suspeita. Os jogadores não foram punidos por falta de provas.
O sérvio Novak Djokovic acredita que os casos são antigos e não há motivo para colocar a integridade do tênis em questão. “Claro que não há espaço para qualquer manipulação de resultados ou corrupção em nosso esporte. Estamos tentando mantê-lo o mais limpo possível. Acho que melhoramos nossos programas e entidades que lidam com esses casos particulares. Não creio que há uma sombra no nosso esporte. Ao contrário. As pessoas estão falando de nomes, tentando adivinhar, mas não há provas em relação a ninguém que ainda joga. Por enquanto, é só especulação e devemos manter assim”, declarou.
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O líder do ranking também falou sobre um caso em São Petersburgo, em 2007, quando tentaram lhe oferecer US$ 200 mil para perder na estreia e ele acabou decidindo nem jogar a competição. “Não fui abordado diretamente. Foi pelas pessoas que trabalharam comigo na época, minha equipe. Claro que nem consideramos. Nem chegou a mim. O cara não conseguiu falar comigo. Infelizmente, naquela época, havia rumores, conversas sobre algumas pessoas fazendo isso. Lidaram com elas. Nos últimos seis, sete anos, não ouvi nada nesse sentido”, afirmou.
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