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Barbeiro Jorge Niches de Oliveira se aposenta após 64 anos de trabalho

A merecida aposentadoria do veterano foi motivada principalmente pela idade avançada, que trouxe consigo dores nas pernas

A última semana de dezembro foi marcada pelas despedidas de alguns antigos barbeiros de Santa Cruz do Sul. Recentemente, a Gazeta do Sul publicou uma reportagem sobre a aposentadoria de Isidoro Becker, o Bekinha. Agora, porém, é a vez de Jorge Niches de Oliveira pendurar suas tesouras definitivamente. Com 82 anos de idade e 64 de atuação, chegou o momento de dizer adeus aos antigos clientes e deixar as tarefas do salão a cargo da filha, Rosita, que seguiu a profissão e se orgulha da trajetória do pai.

Jorge começou a atuar como barbeiro em 1956, em Encruzilhada do Sul, aos 18 anos. Com 20, em 1958, mudou-se para Santa Cruz do Sul, a convite dos tios. Por muitos anos trabalhou no Salão Globo, na Rua Tenente-Coronel Brito, e posteriormente abriu o próprio estabelecimento na Rua Venâncio Aires. Há cerca de 20 anos atua junto com a filha, no salão Jorge e Rosita Cabeleireiros, na Rua Assis Brasil. Entre os milhares de clientes que teve ao longo dos anos, alguns foram ilustres. “Eu fiz a barba do Pedro Simon (exsenador) muitas vezes quando ele veio a Santa Cruz. Era um cara muito legal”, recorda.

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A filha Rosita e sua sobrinha Katiuscia são as herdeiras e vão seguir o trabalho no salão | Foto: Rafaelly Machado

A exemplo de Bekinha, Jorge também ouviu infinitas histórias de pessoas que passaram por sua cadeira, e também guarda elas como segredo. “Fica tudo aqui, não posso passar adiante. Às vezes havia clientes que não se davam uns com os outros, e eu tinha de ficar bem quietinho. Ouvir e guardar para mim”, relata. Em relação ao ofício de barbeiro, ele diz que se sente realizado e nunca pensou em fazer outra coisa na vida. Jorge parou de trabalhar oficialmente no dia 24 de dezembro. Entretanto, enquanto aguardava a reportagem da Gazeta do Sul para contar sua história, ele acabou furando a aposentadoria e ainda atendeu um cliente que foi ao local.

Herdeira do salão, a filha Rosita conta que os fregueses antigos relutam em ser atendidos por ela. “Eles são bem fiéis nessa questão de barbearia e ficam com o pé atrás em ser atendidos por mim. Alguns perguntam se o meu pai não vai mais voltar, ou se está doente, e eu preciso dizer que ele se aposentou mesmo”, frisa. Jorge atuou para várias gerações de santa-cruzenses e moradores da região. Em um determinado dia, chegou a cortar o cabelo de 50 pessoas. “O comandante do quartel deu ordem e os soldados vieram todos aqui. Eu estava acostumado a 20, 30 por dia, e naquela data foram 50 cortes”, relembra.

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O motivo da aposentadoria é a idade avançada, que trouxe consigo as dores nas pernas e na coluna, após permanecer por tanto tempo de pé durante o horário de trabalho. Para o futuro, ele pretende ficar em casa e descansar. Um de seus hábitos diários é ler a Gazeta do Sul. Apesar de não ser assinante, faz questão de comprar na banca todos os dias pela manhã.

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