Durante quatro horas, Janete dos Santos Mendonça, de 49 anos, e o filho, de 14 anos, foram obrigados a permanecer sentados na cama, na mira de criminosos, na madrugada desta sexta-feira, 3, no interior de Rio Pardo. Enquanto isso, ao lado da casa, em João Rodrigues, o bando prensava o tabaco roubado para facilitar o transporte. Sem saber o que aconteceria quando os assaltantes conseguissem carregar todo o produto, a agricultora aproveitou um momento de distração dos ladrões e fugiu junto com o adolescente por uma janela.
Janete, que dormia no quarto do casal, acordou com a porta sendo aberta aos chutes por volta da meia-noite. Com o susto, sentou-se na cama, enquanto uma lanterna iluminou o quarto. “Pode deitar e tapar a cabeça”, ordenou um dos assaltantes. Logo depois, ele foi até o quarto ao lado e rendeu o adolescente, que também estava dormindo. Para ingressar na moradia, os bandidos tinham arrombado, com um pé de cabra, a porta da cozinha. “Ele pegou o guri e levou lá para o meu quarto e abafou nós. Pra não ver o rosto deles. Ali nós ficamos da meia-noite às quatro. ”
Dentro de casa, Janete viu dois assaltantes, ambos armados com revólver e encapuzados. “Aquele que vigiava dizia que eles estavam entre seis”. Na porta do quarto, um dos bandidos observava os dois, com uma lanterna na mão. O quarto foi revirado em busca de dinheiro e armas. Os criminosos chegaram a erguer o colchão para verificar se não havia dinheiro escondido. “Cadê o dinheiro?”, perguntavam à Janete. Até que encontraram a carteira do marido dela. O agricultor não estava na moradia. “Eu achei que eles iam me bater naquela hora. Eu nem sabia que o Luiz tinha deixado a carteira ali.”
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Os bandidos ainda buscaram um rádio, que estava no galpão da propriedade. “Botaram um som bem alto pra nós não escutar quando eles iam chegar com os outros carros pra fazer o roubo do fumo”. Assustado, por não parar quieto, o adolescente acabou sendo agredido com uma coronhada na cabeça. Os criminosos ainda roubaram o celular de Janete, mas perderam sob o galpão, de onde roubaram o fumo. Os bandidos conseguiram levar cerca de 500 quilos do produto. A agricultora acredita que eles pretendiam levar mais, mas tiveram que ir embora após ela escapar com o filho. “Graças a Deus que conseguimos fugir. Se não ia levar todo o galpão de fumo e as coisas da casa.”
Vítimas escaparam pela janela
Quando percebeu que um dos assaltantes com frequência ia até a geladeira na cozinha para beber água e comer bombons, Janete concluiu que era o único jeito de tentar escapar. “Eu combinei com o guri ali. Nós tava com a cabeça tapada. Aí eu disse: se ele ir na cozinha mais uma vez, Deus vai ajudar nós, que nós vamos conseguir a fugir. E não deu outra”. O ladrão mais uma vez saiu da porta do quarto e caminhou até a cozinha. Janete percebeu que a luz da lanterna tinha se afastado e ouviu o som dos passos dele no outro cômodo. Saltou da cama e abriu a janela com cuidado. “No que eu olhei pra fora, eu achei que tinha alguém na frente da casa. Mas ali não tinha ninguém”.
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A agricultora foi a primeira a pular para fora do quarto e em seguida ajudou o filho. “Eu peguei ele por um braço e ele caiu no chão. E nós começamos a correr”, emociona-se. Janete e o filho correram até a casa de um vizinho, onde bateram na porta, pedindo por socorro. Assim que ingressaram na casa, ouviram o som de um veículo passando em frente ao local. Eram os bandidos, que já tinham percebido a fuga, e escapavam com parte do fumo. “A gente torce pra que ninguém passe por isso. “Tu não sabe se vai ficar vivo ou vai morrer”. O vizinho foi quem acionou a Brigada Militar, que chegou a fazer buscas ao bando, mas eles não foram encontrados.
Confira no vídeo o relato da agricultora:
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