Minha expertise é projetar futuros, e faço isso a partir de sinais de diferentes intensidades, e a partir da imaginação criativa que projeta mais de uma possibilidade de futuros. Entre os sinais mais evidentes de que mudanças profundas são necessárias, o comportamento coletivo aparece como uma das necessidades mais relevantes do momento.
Conquistamos muitas coisas em termos materiais. Temos mais qualidade de vida, amadurecemos como sociedade, e Santa Cruz é um município agraciado pela abundância. Será que nossas atitudes acompanharam este desenvolvimento?
Queremos voltar a socializar, mas ainda não é possível. Hoje trabalhamos de qualquer lugar, porque já somos profissionais globais. Empresas tradicionais serão vistas como mamutes do século 20 em poucos anos, segundo o The Economist. Hotéis continuam vazios, viagens a trabalho e eventos desapareceram da agenda, o turismo local vem crescendo, enquanto viagens pelo planeta devem ficar suspensas por mais do que um ano.
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Nossas casas estão cada vez mais equipadas, o êxodo das metrópoles vem ganhando força, temos assinatura e apps para tudo, portanto, escritórios, indústrias e comércio precisam urgentemente revisitar seu planejamento e o uso do espaço físico. Empresas sem tecnologia serão passado em breve. Intermediários perderam a importância no mundo tech, e inovar passou a ser assunto do dia a dia.
Ética é uma grande pauta deste ano, e é aqui quero mergulhar. Somos éticos de verdade? Cobramos ética de todo mundo, de políticos, de líderes, governantes, mas será que conseguimos dormir tranquilos com nossas atitudes frente a um evento tão sério como a pandemia?
Ontem, enquanto o governador do Estado falava, vi alguém escrever nas mensagens que era hora de deixar a vida correr seu rumo e preservar os empresários, que já não aguentam mais o impacto financeiro do Covid-19. A pandemia está fora da curva natural da vida, e qual seria a sugestão de quem posta uma frase como esta? Será que ele deixaria seus filhos, infectados, morrerem para preservar a economia e as finanças? Duvido.
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Economia e saúde andam juntos, mas a vida está acima de ambos. Quem ainda não entendeu que a toada de 2021 será a mesma ou mais difícil de 2020, está bem distraído da realidade. A vacina imunizou menos de 3% da população e o ideal é em torno de 70%. A pandemia não pode mais ser a desculpa para nosso comportamento infantil, para a incompetência financeira ou inabilidade na gestão dos negócios. O vírus veio para ficar e nos dará limites por um bom tempo. Ele pode ter vindo consertar nossa torta curva de desenvolvimento.
Máscara não é babador, nem acessório de bolso. A bandeira preta nos convida a revisitar a ética, a tomar responsabilidades com o futuro da nossa sociedade e a entender como o presente dará o tom ao futuro que queremos. Faça sua parte, só ela lhe dará respaldo para cobrar quem está no comando.
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