Para grande parte dos brasileiros, bancos ainda lembram prédios bem caracterizados, muitas vezes pomposos, onde se vai para pagar contas, sacar dinheiro, pedir empréstimos, acertar algumas pendências, além de outras atividades. A maioria dessas providências pode ser realizada nos terminais eletrônicos, mas, em muitos casos há necessidade do atendimento por funcionários.

Para um número cada vez maior de pessoas, porém, ir a um banco para pagar uma conta ou fazer algum tipo de transação, já tem se tornado algo do passado. O início da pandemia do Covid-19, em março de 2020, com a restrição de atividades, incluídas as bancárias, impôs o isolamento social e acelerou a utilização do internet banking.

Como acontece em outros setores da economia, as instituições financeiras vem passando por um verdadeiro tsunami tecnológico para atender a clientes cada vez mais conectados e exigentes. O sistema financeiro vem se modernizando passo a passo. Em novembro de 2020, por exemplo, o Banco Central do Brasil (Bacen) lançou o Pix, forma de pagamento instantâneo que, pelo número crescente de transações, caiu no gosto do brasileiro.

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Para dar continuidade ao processo de atualização tecnológica, no próximo mês de agosto terá início a segunda fase  do sistema financeiro aberto – o Open Banking ou Open Finance. Com esse sistema, dados financeiros dos clientes – guardados a sete chaves pelos grandes bancos – poderão ser compartilhados, com a autorização de cada cliente, com outras instituições, nelas incluídas os bancos, as fintechs e concorrentes digitais.

Neste contexto, despontam os bancos digitais, também conhecidos por fintechs. O termo é a junção das palavras em inglês “financial” e “technology”. Um banco digital é 100% on-line,  não tem agência física, de modo que todas as necessidades dos correntistas podem ser resolvidas em poucos minutos, através do celular. Esse modelo dá ao cliente a possibilidade de falar com o banco a qualquer hora, sem se limitar ao horário de atendimento das agências físicas. O atendimento pode ser feito por chatbots (conversas com robôs), com linguagem natural e capacidade de solução de problemas complexos, ou com o acionamento de equipes de gerentes que atuam em revezamento.

Quais são as vantagens ou desvantagens  de um banco digital? A gerente de franchising da Studio Fiscal, Taíla Teloeken, usuária de banco digital diz que “é de fácil acesso, prático, simples, sem taxa, sem anuidade, sem gerente; o limite do cartão aumenta automaticamente;  tem até home broker  (acesso à bolsa de valores) e cash back quando coloca as contas no débito automático.” Taíla não entende como outras pessoas ainda não usam os bancos digitais!

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De acordo com artigo do dia 27 de maio deste ano, do Instituto de Longevidade-MAG,  os bancos digitais apresentam vantagens e desvantagens em relação aos bancos tradicionais. Como vantagens, o site relaciona:

  • Praticidade: por existirem apenas no meio virtual, investem no desenvolvimento de aplicativos para celular e outras tecnologias para o cliente resolver suas necessidades, eliminando burocracias:
  • Taxas bancárias: inexistentes ou reduzidas;
  • Investimento: funcionalidades que facilitam que o dinheiro do cliente, mesmo ficando parado na conta, renda alguma coisa.

Em contrapartida, existem algumas desvantagens com relação aos bancos tradicionais:

  • Garantias: muita gente fica insegura de deixar seu dinheiro numa instituição que não é física; a recomendação é verificar se o banco digital é associado ao Fundo Garantidor de Crédito que garante uma proteção, no caso de quebrar por algum motivo, de até R$ 250 mil por CPF;
  • Segurança: com a modernização das tecnologias, a segurança dos aplicativos e sites dos bancos é permanentemente  revista e reforçada, mas podem ocorrer falhas; por isso, é necessário observar as instruções da instituição quanto aos protocolos de segurança, ter senhas fortes, dispositivos atualizados e se manter informado sobre os golpes praticados por criminosos, que, infelizmente, também sofrem mutações;
  • Saques: a maioria só disponibiliza saques por meio da rede de caixas eletrônicos do Banco 24 Horas; alguns cobram tarifas por saque;
  • Atendimento: para quem tem dificuldades em lidar com novas tecnologias ou gosta do atendimento “olho no olho”, o banco digital, por ser on-line, não é a melhor alternativa.

Segurança e confiança são as vantagens que os clientes ainda veem nos bancos tradicionais. Mas, se decidir por entrar num banco digital, cabe ao cliente analisar qual seria o melhor para atender às necessidades dele. Alguns critérios a observar, conforme site do Instituto Longevidade/MAG:

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  • Regulamentação no Banco Central: inicialmente, acessar a página do Bacen e verificar  se a instituição está autorizada a realizar operações financeiras;
  • Qualidade dos canais de atendimento: testar os canais de comunicação;
  • Reputação do banco: consultar sites de defesa do consumidor como o Reclame Aqui, Procon, Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) e o próprio Bacen;
  • Usabilidade dos aplicativos: QR code, autenticação de dois fatores e blockchain (sistema que permite rastrear o envio/recebimento de algum tipo de informação pela internet) são recursos desejáveis para acesso aos serviços;
  • Taxas: com pouca burocracia e menos custos operacionais, podem oferecer isenção de taxas de administração e transferências;
  • Benefícios (parcerias e cashback): levar em conta a oferta de dinheiro de volta na compra de produtos em lojas parceiras do banco digital.

Embora o mundo digital tenha facilitado a vida de todos nós, a evolução tecnológica também vem acompanhada de alguns riscos, principalmente quando existem meliantes que se especializam em fraudar sistemas e roubar dados. Com a facilidade de abrir uma conta digital com CPF, RG, nome dos pais e data de nascimento, alguns hackers estão se aproveitando das informações vazadas na internet – e não são poucas, nem raras – para abrir contas que, muitas vezes, são utilizadas para transferir valores roubados de outras pessoas. Em muitos casos, quando os hackers são descobertos, o dinheiro já deixou a conta do dono, sem deixar vestígios. É o início de um estresse para o cliente e processos administrativos para as instituições financeiras.

Por fim, quem está acostumado com um banco tradicional e, mais ainda, tendo sido bancário por 27 anos, como este colunista, pode ficar receoso de abrir uma conta num banco digital. Mas, tendo em vista as vantagens e observando algumas recomendações básicas, como as listadas anteriormente, talvez seja hora de revisar conceitos e se render ao tecnológico. Afinal, também se correm riscos nos bancos tradicionais.

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