Em um passado não tão distante, as ruas do Bairro Goiás já fizeram parte do Centro de Santa Cruz do Sul. Hoje, colado ao Bairro Centro, é um local onde se desenvolvem negócios e vivem aproximadamente 3.750 pessoas – o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é datado de 2010.
Por sua localização privilegiada, entre o Centro e a BR-471, o Goiás se transformou em uma opção para a expansão dos negócios que decidiram ultrapassar os limites da área central, atraindo olhares para um bairro com grandes vias de trânsito, opções de estacionamento, além de estar próximo de uma das entradas da cidade e da Estação Rodoviária.
Os empresários que estabeleceram empreendimentos no Goiás – principalmente revendas de automóveis – não abrem mão da localização. Porém, reivindicam mais segurança para que possam exercer suas funções sem prejuízos.
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Residencial e comercial
Dar-se-á a denominação de bairro Goiás à região da cidade com as seguintes delimitações: Inicia em um ponto localizado no eixo da Rua Félix Hoppe, no limite leste da Faixa de Domínio da Rodovia BRS-471, seguindo no sentido leste, pelo referido eixo, até atingir um ponto localizado no entroncamento com o eixo da Rua Carlos Trein Filho, seguindo por este eixo, no sentido sul, até encontrar um ponto localizado no entroncamento com o eixo da Rua Fernando Abott, de onde segue, por este eixo, no sentido oeste, até encontrar um ponto localizado no entroncamento com o eixo da Rua São José, seguindo no sentido norte, por este eixo, até encontrar um ponto localizado no entroncamento deste eixo com o eixo da Travessa Erico Verissimo, seguindo por ele, no sentido oeste, até encontrar um ponto localizado no limite leste da Faixa de Domínio da Rodovia BRS-471, de onde segue, por esta Faixa, no sentido norte, até encontrar o ponto inicial.” – Trecho da Lei Ordinária 8.714, de 14 de setembro de 2021.
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Escola Estado de Goiás
O nome do Bairro Goiás vem da mais antiga escola estadual de Santa Cruz e que está situada na Rua Carlos Trein Filho, esquina com a Júlio de Castilhos e a 28 de Setembro: a Escola Estadual de Educação Básica Estado de Goiás. Arquivos contam que a história da instituição de ensino tem início em 14 de fevereiro de 1902, ano de fundação do Colégio Distrital.
Em 1903, passou a chamar-se Colégio Distrital Júlio de Castilhos e a funcionar em um prédio novo. Entretanto, com o passar dos anos, o prédio se tornou pequeno para o número de alunos e, em 1933, a Prefeitura adquiriu a área onde se encontra a escola atualmente. A obra foi concluída em 1936.
Já em 1947, o interventor federal Cylon Rosa, sob a alegação de homenagear o maior número de personalidades, países e estados, decretou a alteração do nome do educandário para Estado de Goiás. Após, no ano 2000, passou a se chamar Escola Estadual de Educação Básica Estado de Goiás.
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Na entrada da cidade
No início do século passado, os ônibus que vinham do interior e de municípios próximos paravam na Rua Marechal Floriano, no antigo Hotel Klumb, que ficava onde é a entrada da Galeria Farah, segundo pesquisa de José Augusto Borowsky publicada em março de 2012 na Gazeta do Sul. Anos depois, na década de 1930, surgiu a primeira Estação Rodoviária, ainda situada no Centro, na Rua 28 de Setembro. Entre 1949 e 1982, após a compra de um prédio mais amplo, a Rodoviária passou a funcionar na esquina das ruas Tenente Coronel Brito e Júlio de Castilhos.
Mas, com o crescimento de Santa Cruz do Sul, a localização no Centro começou a ser questionada, pois a manobra dos veículos atrapalhava o fluxo. Borowsky conta, também em edição da Gazeta de 2012, que em 1978 o terreno às margens da BR-471 passou a ser preparado. Por fim, a atual Estação Rodoviária de Santa Cruz do Sul foi inaugurada em 6 de novembro de 1982. Hoje situada na Travessa Erico Verissimo, no Bairro Goiás, e bem em frente à rodovia, o local é de fácil acesso, não prejudica o trânsito e oferece uma logística adequada a uma cidade em constante evolução, como é Santa Cruz. Fatores como o de abrigar a estação e ser colado à BR também fazem do Bairro Goiás um local de recebimento de visitantes ou de retorno dos seus moradores.
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Mais de 60 anos de trabalho
Por 62 anos, seis meses e 26 dias, o Bairro Goiás foi o lugar que Isidoro Becker, de 83 anos, escolheu para exercer a profissão de barbeiro. Começou na esquina das ruas Júlio de Castilhos com a Carlos Trein Filho e depois acabou se mudando para a Júlio de Castilhos, em frente à Afubra. Em 19 de dezembro de 2020 resolveu aposentar as tesouras, mas Bekinha, como é conhecido, lembra com carinho dos tempos em que trabalhou no Goiás, pois fez muitos amigos no lugar, além de clientes fiéis. “Eu achei aquela peça e comecei, e que clientela eu criei!”
Com uma memória privilegiada, recorda também do crescimento do Bairro Goiás e de cada moradia e comércio que já existia e que foi se estabelecendo no local. O primeiro carro de Bekinha foi comprado em meados de 1982, no bairro. Ele lembra que é mais recente o fato de o Goiás ter ficado conhecido como o bairro que abriga a maior parte de revendas e concessionárias de veículos em Santa Cruz. “Tinha uma mecânica que vendia carros, e eu comprei ali. E foi indo, começaram a abrir mais umas revendas e outras, e agora está cheio.”
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Para ele, fazem falta as amizades que construiu nas seis décadas de vivência no bairro. “Era 7h30 e eu já estava sentado na porta, cumprimentando as pessoas.” Quando a Rua Carlos Trein Filho ainda não tinha pavimento, conta que jogava futebol com os amigos no local. “Não passava um carro, era estrada de chão”, relata.
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Em busca de melhorias
Em breve, o Goiás contará com uma associação de moradores, voltada a debater as demandas do bairro e a buscar soluções junto à administração municipal. Quem está à frente da ideia é Jeferson Peres, de 46 anos, que há cerca de seis atua como líder comunitário. “A partir do mês que vem estaremos nos mobilizando para montar a associação, até para termos uma representatividade maior perante o poder público. Mas essa administração tem dado uma atenção boa para o Goiás, tivemos o recapeamento da Rua 28 de setembro, da Júlio de Castilhos, asfalto da Rua Tabelião Rudi Neumann”, destaca.
Peres calcula que no Goiás existam, atualmente, aproximadamente 4 mil moradias. A área da segurança pública é uma das mais debatidas entre os grupos de moradores. “Nosso maior problema são os furtos, arrombamentos. Acontece seguido de entrarem em um pátio, nos condomínios, e levarem objetos.” O bairro foi o primeiro a ter o projeto Vigilância Colaborativa, com a instalação de câmeras de segurança em pontos estratégicos.
Com vias bastante movimentadas e que ligam uma das entradas da cidade com outros bairros, o Goiás também tem problemas com acidentes. “Estou conversando com o pessoal da Prefeitura sobre colocar um redutor de velocidade na Júlio, próximo à escola, e na Fernando Abott, que tem uma escolinha de Educação Infantil”, enfatiza.
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Contudo, para o líder comunitário, o Goiás é um excelente lugar para residir e fixar empresas. “Para morar, é muito bom, é muito solidário. Quando a gente precisa de algo para uma ação social, todo mundo se une e colabora. É perto do Centro, a rodoviária pertence ao bairro, a maioria das revendas se localiza no Goiás. O bairro só está crescendo, são vários comércios que tem ali dentro e a tendência é só aumentar.”
O bairro das revendas
Diego Pires, de 36 anos, sócio- proprietário da Santa Cruz Multimarcas, localizada na Rua São José, 1.830, comenta que a região do Bairro Goiás é muito conhecida exatamente por ser o “bairro das revendas”. “Muito em função de ser uma das portas de entrada da cidade, o fácil acesso para quem vem de fora da região pela BR contribui muito, pegando ruas importantes da cidade, como a 28 de Setembro, a Júlio e a São José”, ressalta.
O empresário completa que o surgimento das primeiras revendas fez com que todos olhassem a região com um olhar diferente. “Quando colocamos em prática nosso projeto de construir nossa loja própria, focamos no bairro, não abrimos mão de ser aqui. Até então, nossa loja era na 28 de Setembro e hoje estamos localizados na Rua São José, em prédio próprio desde novembro de 2020.” Para ele, há o que melhorar, principalmente em relação à segurança. Pires participa do grupo no WhatsApp, com moradores e líderes do bairro, que divulgam informações importantes e avisos de algum ato suspeito. “Há tempos já se pede uma atenção para o bairro devido a acontecerem muitos furtos e delitos em algumas ruas paralelas”, completa.
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O sócio-proprietário da Qualidade Veículos, Rodrigo Mattana, de 40 anos, acredita que, com o passar dos anos, o Goiás acabou por atrair diversos comércios, em especial as revendas de veículos. “É uma localização privilegiada para se ter acesso, tanto aos clientes de outras regiões como os daqui. Tem de se levar em consideração a proximidade com a BR, o que também facilita a entrada e a saída pelo bairro”, frisa.
Em 2022, a empresa completará o décimo ano de atuação na Rua 28 de Setembro, número 1.369. Mattana concorda que a segurança do bairro precisa melhorar. “Percebemos que alguns órgãos se esforçam para amenizar eventuais danos, mas há situações que deixam os empresários vulneráveis. Leis ineficientes colaboram para isso.” Ações como a Vigilância Colaborativa, para o empresário, são bem-vindas. “Reconheço o esforço da polícia militar; sugiro desenvolvimento de um plano diretor bem eficiente, em conjunto com os demais órgãos, Prefeitura e afins, para nos dar maior segurança no ambiente de trabalho. Dessa forma, vamos continuar contribuindo para o crescimento não só do Bairro Goiás, mas de Santa Cruz; afinal, são muitas empresas gerando empregos, renda e arrecadação.”
Colaborou José Augusto Borowsky
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