ads1
GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Auxílio emergencial de R$ 600 é usado por 14% dos santa-cruzenses

Luz da vela é esperança e claridade na casa de Inês, no Bairro Faxinal Menino Deus

Um levantamento que leva em consideração os dados da União e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que, até o momento, 18.506 santa-cruzenses receberam pelo menos uma parcela do auxílio emergencial de R$ 600,00. O repasse é feito pelo governo federal como ajuda financeira aos trabalhadores que perderam renda por causa da pandemia do novo coronavírus. O total ultrapassa R$ 33 milhões e abrange 14% da população. Na região, 74,1 mil trabalhadores recebem o auxílio, totalizando R$ 133,5 milhões já depositados nas contas.

O número engloba os 23 municípios da área de abrangência do Conselho Regional de Desenvolvimento, (Corede) e foi obtido pela Gazeta do Sul com base em dados divulgados no Portal da Transparência do governo federal. O auxílio emergencial foi criado para complementar a renda de trabalhadores informais, microempreendedores, autônomos e desempregados. A primeira das três parcelas, cada uma no valor de R$ 600,00, foi paga em abril. A segunda começou a ser repassada ainda durante o mês de maio, enquanto a terceira deve ser entregue ao longo do mês de junho.

Publicidade

LEIA MAIS: Os empregos e os planos que a pandemia já levou embora em Santa Cruz

Publicidade

Valor que tem sido essencial na rotina da família de Noemi de Camargo. Moradores do Bairro Faxinal Menino Deus, em Santa Cruz do Sul, ela, o filho Matheus de Moraes e o companheiro Ivanês José dos Santos vivem com o auxílio de R$ 600,00, recebido por ela, e o salário mínimo que Matheus recebe por ter ficado com sequelas de um acidente de trânsito sofrido no ano passado.

Ela explica que para as principais despesas da família o valor tem sido suficiente. “Eu paguei as contas de água e luz e compramos algumas coisas para o consumo. Não está fácil, mas está dando para levar”, explica. Com problema na vesícula, Noemi também não pode trabalhar antes de realizar uma cirugia – está no aguardo da marcação.

Publicidade

Já Ivanês, que é pedreiro e atuava como autônomo antes do novo coronavírus, conta que o trabalho tem ficado es casso durante a pandemia. “Eu não consegui receber o auxílio emergencial, só ela. Estamos nos ajudando, com muita fé passaremos por isso”, reforça. Matheus, que ainda não consegue trabalhar nem terminar os estudos no terceiro ano do ensino médio, também crê na divina providência para melhorar de situação. “Ele (Deus) pode tudo. Estamos cuidando uns dos outros e Deus cuidando de nós”, complementa o jovem.

Publicidade

LEIA TAMBÉM: Onze milhões de pedidos de auxílio emergencial seguem em análise

Noemi, o companheiro Ivanês e o filho Matheus seguem juntos e apoiando um ao outro

Sem renda e sem trabalho, Inês não acessou a ajuda do governo

Publicidade

A dona de casa Inês Leonilda Valério Cortes, de 62 anos, vive em meio a um drama no Bairro Faxinal Menino Deus. Acompanhada de dois de seus filhos, ela, que não é aposentada e trabalha com os “guris” como catadora, não conseguiu mais vender material desde que começaram as restrições da pandemia.

Publicidade

Dona Inês e o filho Paulo no interior da pequena residência

Nestes últimos dois meses, o volume de peças recolhidas para reciclagem se avolumou na casa, dentro e fora da moradia. “Tem gente que acha que aqui é um lixão e todo dia deposita mais lixo aqui. Eu não aguento mais esta situação”, disse Inês. Ela chora, pois além de estar sem renda, na casa falta água e energia elétrica. “Eu busco água em uma vizinha. A luz, meu filho, é de vela mesmo. É um perigo, eu sei, mas é o que a gente tem.”

Um dos netos dela, o jovem Douglas Andriel Valério e o amigo dele, Giovani Ricardo May, ajudam na limpeza da casa. Estão retirando o material acumulado, roupas e objetos que são descartados por dona Inês. Nos poucos móveis que estão dentro da pequena casa, há dois sofás – um usado por ela para dormir –, um fogão a lenha velho, armários e uma bancada onde guarda seus tesouros catados em meio ao material que vira reciclável. Bonecos, bichinhos e até mesmo um unicórnio de gesso ajudam a alegrar o dia dela. No chimarrão, na companhia do filho Paulo Gilberto Valério, que recebe o benefício por incapacidade, ela faz seu isolamento da rua. Na casa ainda mora Paulo Altair Valério, que também vive da reciclagem e, assim como a mãe, está sem renda.

O neto Douglas e o amigo Giovani ajudam na limpeza do local
Publicidade
Publicidade

© 2021 Gazeta