Foi unânime o apelo pela urgência na liberação de recursos federais para socorrer o setor produtivo atingido pela superenchente de maio de 2024 no Estado, ao se abrir oficialmente nessa sexta-feira, 9, a Feira Nacional do Arroz – Multifeira do Agronegócio, que ocorre em Cachoeira do Sul desde a última terça-feira, 6, e vai até este domingo, 11, e que vem sendo chamada de “Feira da Reconstrução”. Só na região central do Estado, onde se realiza o evento, uma amostragem feita pela Coordenadoria Regional do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), ali sediada e abrangendo nove núcleos e 23 municípios, as perdas somam no mínimo R$ 170 milhões.
O presidente da feira, Thomaz Santa Cruz Arbelo Neto, lembrou que a catástrofe atingiu também o evento, inicialmente previsto para final de maio e início de junho. Mas não se deixou de realizá-lo, decidindo-se por adiá-lo para este mês, no “espírito da resiliência e da capacidade de superar obstáculos bem presente nos gaúchos, adotando o tema da reconstrução do agro”. Para tanto, destacou, foi ativado o Espaço AgroTec, “onde debates de especialistas muito contribuirão no propósito”. É uma feira histórica, salientou, por sua vez, a prefeita Angela Sulzbach, “representando a força e a resiliência de nossa gente, para transformar desafios em oportunidades”.
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Autoridades presentes bateram forte na tecla da liberação urgente de recursos federais para atender o setor. “O produtor nunca precisou tanto de apoio e linhas de crédito como agora”, acentuou o deputado estadual Cláudio Tatsch, falando em nome da Assembleia Legislativa. “Outras regiões têm fundos constitucionais extraordinários, o que nós não temos, mesmo em crise extraordinária”, citou o deputado federal Pompeu de Mattos, representando a Câmara e a Comissão Especial formada para tanto, ao clamar pelo Estado, “que sempre contribuiu bem mais do que recebeu”.
Hamilton Mourão, pelo Senado, evidenciou que “o governo federal é o único ente que tem capacidade de socorrer o Estado, que não pede esmola, mas o que é de direito”. E, para isso, espera que “o tempo do governo seja o mesmo tempo do produtor e das comunidades atingidas”. O governo do Estado foi representado pelo secretário da Agricultura, Clair Kuhn, que recordou ter havido “rapidez em alocar recursos para importar arroz, mas isso não acontece no socorro aos produtores, que estão diante de colapso se não forem logo atendidos”. Referiu a integração do governador Eduardo Leite nos esforços, como o Movimento SOS Agro, que também teve iniciativa de mulheres do agro, reunidas na sexta em seminário na Fenarroz.
O secretário estadual da Agricultura encontrou-se com representantes do Irga no evento e salientou que, neste momento, “o Estado precisa ainda mais dos seus técnicos”. O propósito foi reiterado pelo coordenador regional da autarquia, Enio Coelho. Ele informou que a coordenadoria levantou prejuízos em visitas a 317 propriedades na região central, com nove núcleos de assistência e 23 municípios, quanto a perdas de solo, grãos, silos, galpões, maquinários, bueiros e estradas, entre outros. A soma total da amostragem alcançou o valor de R$ 170 milhões nas áreas de terras baixas dessa região, que tem o arroz como principal cultura.
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Segundo o técnico do Irga, o montante não representa tudo o que foi perdido, mas dá uma ideia do impacto nas principais localidades atingidas. A partir dele, acentuou, o instituto atua, junto com todos que podem contribuir, na recuperação da capacidade fértil do solo nas propriedades, para que possam reiniciar seu processo produtivo; e, assim, dos grãos atingidos nos silos, e da readequação de canais para drenagem e irrigação.
“Há casos em que foi levada embora toda a camada fértil de solos, construída há décadas”, especificou Enio. Ele reiterou a necessidade de muitos recursos, e de que não demorem, “pois o produtor se descapitalizou bastante e precisa ser socorrido na melhor condição possível”.
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Ainda na solenidade de abertura, as mensagens religiosas e das canções também evocavam a relevância de fé, coragem e determinação para vencer as dificuldades, mostrando “valor e constância”, como diz o hino gaúcho. Já o hino cachoeirense, que adota o canto Meu Pago e foi cantado pelo Coral Vozes do Viveiro, da AABB, diz que “meu pingo é bem ligeiro, não lhe abate a caminhada. Nos verdes pampas do meu Rio Grande (…) não se sabe o que é tristeza”, enquanto a música Origens, do conjunto Os Fagundes, também entoada, traz a lembrança do gaúcho ao campear “um rastro de glória”.
A cultura está bem presente na programação da 24ª Fenarroz. Após várias iniciativas na área de tecnologia e inovação, entre outras atrações, como Feira da Agricultura Familiar e Memorial Nacional do Arroz, neste sábado ainda prevê Seminário de Turismo Rural e Desenvolvimento Regional, e o Seminário Universidades. Para o encerramento, neste domingo, estão programados também Sarau da Academia de Letras e apresentação, entre outras, de Orquestra Estudantil, onde se envolve a Associação Cachoeirense de Amigos da Cultura, buscando levar ânimo a todos.
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