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Desdobramentos

Autor confesso de homicídio de segurança é preso ao ir prestar depoimento à polícia

Foto: Cristiano Silva

Autor dos disparos contra o guarda Ederson Alves foi até a delegacia acompanhado do advogado Roberto de Oliveira. Ele acabou preso

O primeiro caso de homicídio no ano em Vera Cruz teve importantes desdobramentos registrados neste feriado dessa terça-feira, 25. O crime aconteceu na madrugada do último domingo, 23, em um bar na localidade de Rincão da Serra, interior do município. Por volta de 00h10, o segurança Ederson Daniel da Rosa Alves, de 35 anos, foi assassinado a tiros de revólver. Ele fazia a guarda de uma festa que ocorria no estabelecimento.

O segurança Ederson Daniel da Rosa Alves, de 35 anos, foi assassinado a tiros de revólver

Um homem, que estava no evento com a esposa, teria visto a ex-companheira dançando com outro. Irritado, teria dado início a uma briga. O segurança Ederson tentou tirar o autor da desavença para fora. Porém, o homem pegou uma arma de fogo e disparou contra o guarda, que morreu na hora. O autor dos disparos, de 40 anos, se apresentou na tarde dessa terça-feira na Delegacia de Polícia (DP) de Vera Cruz.

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Acompanhado do advogado criminalista Roberto Alves de Oliveira, o acusado relatou sua versão dos fatos à Polícia Civil. Confessou que disparou contra Alves, mas disse que agiu em legítima defesa. Ao final do interrogatório, ele soube que a prisão preventiva dele havia sido decretada ainda nessa terça e ele estava preso. A ordem judicial foi solicitada pela delegada Lisandra de Castro de Carvalho, e foi autorizada pela juíza Angélica Chamon Layoun, de Cachoeira do Sul.

Conforme a responsável pela DP de Vera Cruz, na rápida investigação, que seguiu ininterruptamente durante todo o feriadão, foi possível verificar qual foi a dinâmica do crime. “Identificamos o suspeito a partir de testemunhas, inclusive de sua atual companheira. Após uma briga dentro do baile, ele teria ido ferido até sua casa, que fica nos fundos do local, e pegado uma arma. Então voltou ao evento, mirou e atirou contra o segurança”, explicou a delegada Lisandra. A arma do crime não foi encontrada.

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Acusado alega que usou arma da própria vítima

A reportagem da Gazeta do Sul conversou com o advogado Roberto Alves de Oliveira, que faz a defesa do acusado. A versão de legítima defesa do seu cliente aponta que ele utilizou a arma da própria vítima para matá-la, após ter sofrido um ataque. “Ele estava no bar com a esposa e, depois, chegou a ex-companheira, que ficou fazendo ciúme, dançando na frente dele. Meu cliente se sentiu incomodado e iniciou uma discussão com essas pessoas, não teve briga. Foi quando o segurança chegou e deu uma paulada com cacetete de madeira na cabeça dele, que o fez ficar tonto e sangrar”, disse o advogado.

“Ao cair, ele tentou se segurar, puxou o colete do segurança e saiu dali uma arma. Após tomar mais pauladas, ele pegou a arma e disparou quatro vezes contra ele, depois saiu de lá”, complementou. O criminalista ainda explicou que o autor dos tiros foi revistado na entrada e não entrou armado, sequer tinha arma, nem mesmo teria ido buscar em outro lugar. Roberto ainda salientou que seu cliente ficou com um hematoma na cabeça, em virtude das pauladas que levou.

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Em razão disso, ele irá solicitar um exame médico, para ser anexado ao procedimento policial. Outro fato comentado pelo defensor é que, momentos antes dos disparos, o segurança já havia agredido uma jovem. Segundo ele, ao separar uma briga entre duas mulheres, Ederson teria dado uma paulada na cabeça dela e um soco. “Há registro disso”, afirmou Roberto. Em virtude da prisão, o advogado confirmou que tentará obter um habeas corpus para seu cliente.

Nos últimos dias, o homem de 40 anos havia se tornado recluso, escondido, com medo de represálias. “Ele estava com muito medo. Um carro e uma moto, com placas de Candelária, estiveram procurando ele em todos os endereços de parentes. Está com medo de ser morto por conhecidos da vítima”, salientou o advogado. Em virtude disso, o defensor preferiu manter o nome do seu cliente em sigilo.

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A delegada comentou que não há lógica sobre a versão apresentada pelo acusado. “Ele disse que largou a arma no chão e fugiu, mas ela não foi encontrada. O suspeito apresentou argumentos que não encontraram respaldos no contexto probatório. Não acreditamos que essa versão dele corresponda à realidade”, salientou. Segundo Lisandra, as investigações seguem com a tomada de mais depoimentos para comprovar a dinâmica dos fatos. O inquérito deve ser remetido ao Poder Judiciário nos próximos dias.

O autor confesso do crime vai responder por homicídio duplamente qualificado, com as qualificadoras – dispositivos que podem ampliar a pena – elencadas pelo motivo torpe (vingança, em razão de ter sido colocado para fora do evento pelo segurança) e recurso que impossibilitou a defesa da vítima (em virtude de Ederson ter sido pego de surpresa com o ataque a tiros). Após registro da prisão na DP de Vera Cruz, ele foi conduzido ao Presídio Regional de Santa Cruz do Sul. Seu nome também foi mantido em sigilo pelas autoridades policiais.

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