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Ausência de desejo sexual: entenda motivos e saiba como lidar

Passou o tempo em que a importância de uma vida sexual saudável só poderia ser tratada entre sussurros. Muito pelo contrário: é hora de trazer o assunto cada vez mais naturalmente, às páginas (por que não?) e às claras. Desmistificar o sexo e o prazer é uma das missões da terapeuta sexual Silvana Villa. Natural de Santa Cruz, ela recebe em consultório dúvidas, inseguranças, barreiras e tabus, transformando-os aos poucos em formas saudáveis de viver a sexualidade.

Uma das queixas mais comuns na sala da terapeuta, pioneira na cidade, é a ausência de desejo sexual. Sozinhas ou fazendo parte de um casal, diversas mulheres procuram auxílio para entender e mudar essa realidade, cada vez mais se permitindo conhecer as nuances do próprio prazer.

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Conforme a especialista, a baixa libido é comum e pode ter diversas motivações. Questões de saúde podem estar relacionadas, como uso de anticoncepcional, tratamento contra o câncer ou o uso de antidepressivos. Da mesma forma, a oscilação hormonal pode influenciar no desejo sexual – entretanto, ela ressalta que as mulheres vão sentir o período de formas diferentes.

“Enquanto algumas ficam com a libido maior durante o período menstrual, com outras é o completo oposto”, frisa. A gravidez também afeta a libido, e as experiências são diferentes para cada pessoa.
Algumas mulheres podem ter barreiras ligadas à religiosidade, criação e crenças de gerações anteriores, por exemplo, que as impedem de viver o prazer de forma livre. Dentre todas as razões para a ausência de desejo sexual, no entanto, predomina a mente. Segundo Silvana, “90% das vezes em que há baixa libido, é algo psicológico”.

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Rotina…

“O estresse é o que comanda a falta de libido”, esclarece de pronto a terapeuta sexual. “Baixa autoestima, rotina corrida, mulher sobrecarregada. Todos podem ser sinônimos de baixa libido”, explica Silvana. Preocupações com a casa, os filhos, o trabalho, a rotina como um todo influenciam em grande parte no desejo sexual, especialmente das mulheres.

Os fatores externos podem impedir o desejo e até atrapalhar na hora H. “Às vezes é difícil viver o momento, se concentrar. Sempre digo: ‘O que está fora das quatro paredes se resolve depois’. No momento, é hora viver as sensações”.

Apesar de ser uma questão comum entre os casais e mesmo entre as pessoas solteiras, é importante perceber os sinais de que a libido está deixando a desejar e buscar ajuda. “É interessante procurar trabalhar a mente”, afirma Silvana. “No caso dos casais, estão perdendo o beijo, a conexão. Mas tudo é questão de diálogo e parceria.”

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Silvana Villa: ausência do desejo sexual está ligada ao psicológico em 90% dos casos | Foto: Rafaelly Machado

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…e como sair dela

Se a mente se torna a grande vilã do desejo sexual, especialmente para os casais, há solução. “A primeira coisa que eu indico em casal é voltar a namorar, recriar a conexão dos dois”, detalha a terapeuta. Um ponto importante, claro, é que se encontrem formas de diminuir o estresse, como uma divisão mais justa das tarefas da casa e com os filhos, diminuir a carga de preocupações e buscar viver de maneira mais leve.

Para o momento a sós, é ideal conhecer o próprio corpo e do parceiro ou parceira: “Zona erógena é o corpo todo”. Nessa hora, explorar as brincadeiras, aumentar o tempo de estímulo e redescobrir o prazer é essencial. “Dentro do quarto vale tudo! E até fora dele, explorando a casa e saindo da rotina”, diz. E se for preciso, o uso do lubrificante não deve ser motivo de vergonha. “Muito pelo contrário, às vezes ele é necessário para estimular sem correr o risco de machucar.”

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Desmistificando o sexo e o prazer

O papo sobre a baixa libido não pode ser encarado como tabu, conforme a especialista. Se possível, a conversa deve ser em um momento mais descontraído – e nunca tratada com deboche. “O assunto é sério, mas o sexo deveria ser conversado de forma leve, assim como diversos outros assuntos”, comenta. Com diálogo, observa Silvana, é possível encontrar maneiras de despertar o desejo adormecido.

Além disso, segundo a terapeuta, não é necessário ter nenhuma questão para procurar conhecer o próprio prazer. É claro que ela atende muitos casais nos quais a conexão anda falha, mas pacientes com autoestima baixa ou que simplesmente querem se conhecer melhor sexualmente também podem procurar ajuda. O atendimento pode ser até online. “As pessoas chegam constrangidas, mas logo entendem a importância de falar sobre o assunto.” O contato com ela pode ser feito pelo Instagram, @silvanavilla.terapeuta.

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Sem tabu

Autoconhecimento e autonomia sexual são importantíssimos para uma vida sexual saudável. Conforme a terapeuta sexual Silvana Villa, o toque é parte fundamental da descoberta da sexualidade feminina. “Tudo o que é nosso podemos e devemos tocar. Precisamos conhecer, porque é nosso”, ressalta. “O mais básico de tudo: se olhar. Observar a vulva, conhecer o corpo, se olhar nua no espelho e enxergar a pessoa linda que você é.”

Entender o próprio prazer, saber qual o melhor estímulo, quais sensações você curte é essencial para se conhecer. Nesse sentido, é possível se explorar com as mãos ou com o uso de vibradores (dos mais diferentes modelos). “Se ainda há barreiras, pense que conhecer o teu corpo não faz mal a ninguém. Pelo contrário, só traz benefícios. O orgasmo melhora o sono, a pele, desenvolve a autoestima. Só benefícios”, conclui Silvana.

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Explorando o prazer

O estímulo é ponto-chave para aumentar a libido e curtir a hora H – seja sozinha ou acompanhada. Os brinquedos eróticos, nesse contexto, podem ser um “tempero a mais” para o casal ou uma forma de exercitar o conhecimento do próprio prazer a sós. “A gente teve uma criação cheia de tabus, é importante desmistificar isso tudo”, comenta a proprietária da Loja QCharme, Daiane Limberger Severo, que atua na comercialização de itens eróticos há 12 anos e gerencia três lojas de moda íntima e sex toys.

Segundo ela, as barreiras têm sido quebradas ao longo dos anos, mas ainda há muita resistência em experimentar alguns produtos. A diversificação do mercado, no entanto, também tem colaborado com a naturalização, já que hoje é possível encontrar uma variedade gigantesca de produtos com diferentes funcionalidades.

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Nas lojas de Daiane, as tradicionais bolinhas “que explodem” ainda são vendidas, mas já viraram passado – até por não serem tão indicadas. Os mais procurados são os géis excitantes, de massagem, que vibram, esquentam ou esfriam, que deixam a pessoa brincar com as sensações oferecidas. Além disso, os vibradores continuam em alta, nos mais variados modelos. Confira abaixo algumas dicas de produtos para usar a sós e acompanhada.

Daiane Severo: há 12 anos na área | Foto: Rafaelly Machado

Boas vibrações

Para quem quer discrição e busca um vibrador “camuflável”, esse aqui é perfeito. Ele tem várias opções de velocidade e é supercompacto. O “batom” é recarregável e à prova d’água.


Pequeno, mas com muitas funcionalidades, o vibrador duplo também é recarregável e à prova d’água. Ele vibra nas duas extremidades, com mais de dez opções de vibração, e é flexível. Além disso, vem com controle remoto. Dá para explorar a criatividade sozinha e acompanhada!


Um dos vibradores mais tradicionais, o golfinho é um modelo mais simples. Ele tem só uma velocidade e funciona com pilhas – por isso, não é à prova d’água. Pode valer a pena para quem busca um vibrador mais em conta do que os modelos mais modernos.


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Novas sensações

Falando em novas tecnologias, uma opção para explorar os sentidos é o gel que vibra. Ele é um lubrificante íntimo que tem efeito de vibração. E tem várias opções de sabor: ice, algodão-doce, chocolate, vinho, vodka e chiclete.


Ainda na linha dos géis, o gel estimulante intravaginal promete aquecer a região interna da vagina e gerar contrações, estimulando o prazer feminino.


As lingeries também são boa pedida para usar sozinha – por que não? Dá para seguir a dica da Silvana Villa, de se olhar no espelho e melhorar a autoestima, em um momento de sensualidade. É claro que também serve para quem deseja sair da rotina em casal.

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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