Os gatos estão cada vez mais presentes nos lares brasileiros. Dados do censo realizado pelo Instituto Pet Brasil (IPB) indicaram um aumento na presença dos animais nas residências nos últimos anos. Entre 2020 e 2021, o crescimento foi de 6%, superando a de cães, que foi de 4%.
De 2018 para 2021, a quantidade saltou de 23,9 milhões para 27,1 milhões. Entre os principais motivos do aumento dos “gateiros” – termo popular nas redes sociais e que atrai mais adeptos –, apontados pelo IPB, está o fato de o animal não demandar tanta atenção quanto os cachorros.
Embora os gatos sejam menos dependentes dos tutores, eles necessitam de atenção e cuidados com a saúde, especialmente na prevenção de doenças. As principais são a leucemia (FeLV) e a imunodeficiência felina (FIV), que, além de não possuírem cura, quando não tratadas, podem levar os animais à morte.
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Para a veterinária do Hospital Veterinário da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Ana Paula Backes Lisboa, o número de casos é crescente em Santa Cruz do Sul. “Nos preocupa, pois representa uma pequena fração da população de felinos, apenas os que foram testados. Muitos não testados têm acesso à rua e a outros gatos. Aí que gera um problema”, afirma.
No Canil Municipal, dos 13 felinos resgatados, seis (43,1%) são positivos para FeLV. Não há diagnóstico de FIV no momento. “Estamos há muito tempo diagnosticando essas duas doenças, um número bem alto aqui no nosso município”, diz a veterinária Amanda Bragato. Ela destaca ainda que o grande número de casos é uma realidade em todo o Brasil.
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Conforme as profissionais, o abandono e o acesso dos felinos à rua contribuem com a disseminação das duas doenças, transmissíveis por meio do contato com secreções de animais contaminados. “Os gatos não devem ter acesso à rua, pois ficam expostos a essas doenças e também a acidentes que podem levá-los a óbito”, salienta Ana. Humanos não correm risco de serem infectados pela doença.
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Além disso, é importante a realização de testes para as doenças e a vacinação contra a FeLV. A identificação, conforme a profissional do Canil Municipal, ajuda a separar os bichanos contaminados dos demais, evitando que ela seja transmitida.
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Apesar do alto risco de morbidade e mortalidade, o diagnóstico não é uma sentença de morte aos animais enfermos. Com acompanhamento veterinário e cuidados, os tutores podem proporcionar qualidade de vida aos seus bichinhos.
“A expectativa de vida vai variar conforme os cuidados por parte do tutor”, destacou a médica do Hospital Veterinário. Citou entre os fatores relevantes para a longevidade as visitas trimestrais ao veterinário para checar o estado de saúde.
As veterinárias destacam que o fato de os gatos contaminados por FIV e FeLV serem segregados não os afasta da adoção. “Para nós, é muito importante que aqueles animais FIV ou FeLV positivos – principalmente FeLV, que são um número maior – não sejam excluídos das adoções”, frisa Amanda Bragato, do Canil Municipal.
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No entanto, a falta de conhecimento sobre as doenças dificulta o acolhimento dos felinos em novos lares. “As pessoas têm preconceito sobre o tema. Assim que você fala sobre a doença para um possível tutor, a primeira coisa que fazem é pesquisar no Google e lêem só as informações ruins”, afirma Candice Meinhardt Duarte Silveira, uma das fundadoras do grupo Salve Um Gatinho, que há oito anos resgata animais de rua.
Candice reforçou a necessidade de não ignorar os doentes e condená-los à morte. “Muitos desistem de ficar com um por isso. Mas mesmo um gato com FeLV, se bem cuidado, pode viver muito tempo.” Atualmente, há quatro felinos diagnosticados com o vírus disponíveis para adoção.
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Embora muitos sejam esquecidos por estarem infectados, há aqueles que ignoram o fato e optam por amar os bichanos. A estudante Sofia Willrich Bueno, de 21 anos, e o namorado Mateus, 25, já adotaram nove gatos portadores do vírus no seu apartamento, chamado de “Felvândia”. Quatro acabaram falecendo. Mas isso não a desestimulou a adotar outros doentes. Hoje, a família é composta por Pablo, Kiron, Acácia, Margô e Granola. “Vão falecer alguns pelo caminho. E é muito triste. Mas vamos continuar a dar oportunidade aos esquecidos e proporcionar uma vida melhor a eles”, afirmou.
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Popularmente conhecida como “Aids dos gatos”, o vírus da imunodeficiência felina ataca os linfócitos responsáveis pela defesa do organismo. “Ele enfraquece o sistema imunológico do gato, o deixando suscetível a diferentes infecções e alguns tipos de câncer”, explica Ana Paula Backes Lisboa, do Hospital Veterinário da Unisc.
A saliva é considerada o principal meio de transmissão, passada especialmente por meio de mordidas ou arranhões provocados entre animais infectados e não infectados. Por isso, é mais comum o diagnóstico em machos não castrados, que costumam brigar com outros gatos.
Os sintomas podem demorar para aparecer e, inicialmente, se manifestar de forma mais leve, como febre, falta de apetite ou mudanças no comportamento do animal. Esses fatores fazem com que os tutores tenham dificuldade de perceber que o seu bichinho está infectado.
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À medida que a imunidade é comprometida, doenças mais graves podem acabar se manifestando, aumentando o risco de morte. Por isso, o diagnóstico é fundamental. Caso o animal apresente um comportamento suspeito, o indicado é levá-lo ao veterinário para exames.
Apesar de não haver cura ou tratamento 100% eficaz para a FIV, o gato diagnosticado pode viver anos com a doença. Uma boa alimentação, castração do animal, mantê-lo dentro de casa e o acompanhamento veterinário são fundamentais para controlar a imunidade.
O vírus da leucemia felina (FeLV) também compromete o sistema imunológico do animal, favorecendo a formação de tumores. É considerada altamente transmissível pelos profissionais e afeta a sobrevida após o diagnóstico.
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A contaminação ocorre por diversos fluídos, incluindo saliva, leite, urina e fezes. Ele pode ser transmitido quando os gatos se lambem uns aos outros ou dividem potes de ração, por exemplo, além de brigas, especialmente entre machos não castrados. Ocorre com mais frequência em felinos com acesso à rua e entre os que convivem juntos.
Assim como nos casos de FIV, os animais contaminados pela FeLV podem passar assintomáticos por meses e até anos. “A contaminação pela FeLV pode não ter sinal clínico, alguns gatos podem ter contato e ainda conseguir eliminar o vírus. Em outros, a infecção pode comprometer seriamente os glóbulos vermelhos, causando anemia severa, e também predispor a diferentes tipos de câncer”, explica a veterinária Ana Paula.
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Os sintomas podem variar de febre a vômitos, diarreia, anemia, mudança no comportamento, perda de apetite, perda de peso, câncer e outras neoplasias. Há uma vacina preventiva contra a doença. No entanto, ela só funciona em animais que não foram infectados pelo vírus.
Embora não exista cura, há tratamentos para controlar os sintomas e prolongar a vida do felino. Animais diagnosticados precisam de uma boa alimentação e, principalmente, realizar visitas periódicas aos veterinários para avaliação.
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