Aumentam as invasões de perfis do Instagram na região

Vem chamando a atenção a quantidade de moradores da região que estão sofrendo transtornos após golpistas assumirem o controle sobre suas contas em redes sociais. Os casos envolvem basicamente a invasão dos perfis do Instagram. O primeiro registro de uma situação do tipo foi revelado pela Gazeta do Sul ainda no mês de novembro.

Na ocasião, a moradora do Bairro Pedreira Luana Pappen, de 37 anos, relatou que criminosos pediam dinheiro emprestado a amigos dela pela ferramenta direct, e postavam fotos de produtos para venda nos stories. Alguns contatos da vítima chegaram a depositar valores via Pix. Desde novembro, casos desse tipo se multiplicaram. Assim como Luana, a bancária Makerli Betine Thom Lüdtke, de 44 anos, moradora do Centro, acabou caindo no golpe a partir de um link malicioso enviado para ela.

“Domingo, eu recebi pelo Instagram uma mensagem pedindo que eu informasse o nome completo e o número de celular para concorrer a três dias de estadia no Recanto Maestro, que por sinal é um lugar em que já fui. Achei que tinha vindo deles mesmo e passei os dados. Foram bem convincentes, mandaram um link para confirmar a participação, nem percebi. Quando fui entrar novamente na conta, não tinha mais acesso.”

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Os golpistas alteraram o e-mail e o celular da conta de Makerli, fazendo com que, mesmo que ela pedisse para criar uma nova senha, essa solicitação fosse enviada ao novo e-mail criado pelos cibercriminosos. “É frustrante, pois tenho meu Instagram há oito anos, ali tem toda minha história de vida, tenho 2 mil seguidores. E começaram a postar coisas para vendas falsas em meu nome e alguns amigos caíram. Postei no Facebook que hackearam para todos ficarem sabendo”, salientou a bancária.

Rede de divulgação das vítimas do golpe

Primeira a cair no golpe na região, Luana Pappen foi contatada nessa sexta-feira pela Gazeta do Sul e relatou que ainda não conseguiu recuperar sua conta original, mesmo tendo feito boletins de ocorrência e registrado o fato na Defensoria Pública. Ainda assim, criou uma espécie de rede de divulgação das vítimas, postando no Facebook e em um novo perfil criado por ela no Instagram imagens dos perfis hackeados. Um deles é a conta da vacinadora Catieli de Oliveira, 31 anos.

A moradora de Vera Cruz disse que estava trabalhando quando recebeu uma mensagem no celular, afirmando que sua senha havia sido redefinida. “Eu não dei atenção e continuei o serviço. Logo após, amigos me mandaram mensagens de WhatsApp avisando que meu Instagram havia sido hackeado, porque tinha publicações que não costumo postar, de vendas de eletrodomésticos. Aí tentei entrar em minha conta e já não consegui mais. Então fiz postagens no Facebook e status do WhatsApp para evitar que alguém acabasse adquirindo os produtos, porém foi tarde demais.”

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O prejuízo para amigos de Catieli chegou a R$ 6 mil, com vendas falsas de celular, ar-condicionado, geladeira e forno elétrico. “Me senti muito mal com essa história toda, de usarem meu nome, fotos, a confiança que as pessoas têm em mim. Registrei boletim de ocorrência e estou tentando reaver meu perfil, porém ainda sem sucesso.”

Conta recuperada

Casos de invasão de contas no Instagram têm aumentado consideravelmente ao longo do último ano em todo o Brasil. Na grande maioria das situações, os cibercriminosos agem por meio da chamada phishing, uma técnica usada para obter informações confidenciais como nome do usuário, senhas e outros detalhes da vítima.

No Instagram, os golpistas enviam avisos falsos de violação de direitos autorais na rede social, disfarçando-se de entidades ou empresas idôneas. Quando as vítimas acessam os links enviados, acabam fornecendo automaticamente os seus dados. O que torna o caso de Catieli diferente é que ela não acessou link, entrou em site ou repassou informações, mas teve a sua conta tomada. “Eu não tinha verificação dupla na minha conta do Instagram, o que talvez tenha facilitado para os hackers”, salientou.

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Da mesma forma que Catieli, Giovana Vargas Aires, de 38 anos,  moradora do Bairro Arroio Grande, também teve sua conta invadida sem entrar em nenhum link. “Até quarta-feira de noite, eu estava mexendo normal no meu Instagram, mas na quinta pela manhã, fui atualizar o feed e simplesmente saiu fora minha conta. Tentei entrar novamente e já dizia que minha senha não era aquela.” Assim como outras vítimas, Giovana registrou boletim de ocorrência e divulgou em outras redes sociais e aplicativos de mensagens que teve seu perfil hackeado.

Ainda na tarde dessa sexta-feira, ela conseguiu recuperar sua conta. “Ali na parte de acesso ao aplicativo, deve-se clicar em ‘esqueceu a senha’, depois colocar os dados que pedir, acessar a opção de ‘outra ajuda’ que vem na sequência. Por fim, após seguir os passos, é preciso fazer uma selfie em vídeo, passando por todos os ângulos do rosto, e mandar. Aí eles analisam e depois enviam um e-mail com o passo a passo para você reaver sua conta. Minha sugestão é fazer várias vezes esse procedimento. Eu fiz umas 20 vezes e deu certo”, complementou Giovana.

“Desconfie sempre”, aconselha delegada

Titular da 1ª DP e atualmente respondendo de forma interina pela 2ª DP nas férias do delegado Alessander Zucuni Garcia, a delegada Ana Luisa Aita Pippi revelou à Gazeta que são registrados de dois a três casos por dia em cada uma das delegacias distritais, sobre golpes de conta do Instagram invadidas por estelionatários. “Isso vem chamando a atenção. Golpes desse tipo começaram a ser registrados em novembro passado e ao longo de dezembro, e agora, em janeiro, se acentuaram.”

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Segundo Ana Luisa, ao longo de 2021, casos de clonagem de Instagram de estabelecimentos comerciais começaram a ser registrados. “Foram situações em pizzarias, restaurantes de sushi e outros. Os estelionatários usavam as mesmas informações, logos, e ofereciam descontos, e as pessoas caíam, pagavam os produtos e não recebiam. Depois o transtorno recaía sobre a empresa original, com as reclamações”, disse a delegada.

De acordo com ela, esse é um primeiro caminho para os golpes. A partir desses perfis falsos de estabelecimentos, os estelionatários acabam mandando links pelo direct com ofertas de hospedagens, descontos de tratamentos estéticos e outros serviços e promoções, para perfis de pessoas. “A vítima se atrai pelo valor muito abaixo, e quando o estelionatário solicita nome, e-mail, telefone, código ou manda um link para confirmar uma promoção, a pessoa acaba caindo no golpe.”

Conforme Ana Luisa, mulheres são o público-alvo na maioria dos casos. “O primeiro passo, ao verificar o golpe, é procurar a polícia. Sugiro ir até a delegacia fazer registro e não online, pois dessa forma conseguimos informações completas, documentos, contas, até para pedirmos uma possível quebra de sigilo bancário.” Sobre os casos de Santa Cruz, ela revela que todos estão sendo investigados.

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A delegada ainda sugere que as pessoas tomem mais cautela. “Não deixem na bio do Instagram dados como número de celular e e-mail, pois essas são informações visadas e utilizadas pelos golpistas. Outra dica: quando receber mensagens com ofertas de hospedagem e produtos com preços muito atrativos, desconfie sempre e não forneça dados ou códigos.”

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