Segue repercutindo o caso dos trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão na Serra Gaúcha. Parte dos homens retornou à Bahia, Estado de origem, ainda na semana passada. Desde então, uma fala xenofóbica de um vereador de Caxias do Sul repercutiu negativamente – com a expulsão dele do partido e pedidos de cassação do mandato. Nesta sexta-feira, 3, uma declaração polêmica – reiteradas as proporções – veio à tona, desta vez do deputado federal Heitor Schuch (PSB/RS).
O tópico em discussão foi a decisão da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) de suspender a participação das três vinícolas gaúchas envolvidas nas denúncias em feiras internacionais, missões comerciais e eventos promocionais. As empresas Salton, Aurora e Garibaldi, investigadas no caso, são afetadas pela decisão. O deputado gaúcho, no entanto, entende a medida como “generalização”.
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O político enviou ainda nessa quinta-feira, 2, um ofício ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin. No documento, o parlamentar argumenta que a medida representa uma condenação generalizada do setor vitivinícola gaúcho, suas cooperativas e toda a cadeia produtiva da uva. Em entrevista à Rádio Gazeta na manhã desta sexta-feira, ele explicou a opinião expressada no ofício (ouça a entrevista completa ao fim da reportagem).
“No Brasil no ano passado nós tivemos mais de 2,7 mil casos iguais ou parecidos. E nós somos da opinião de que precisamos separar o joio do trigo. Imagina se fosse na nossa região do tabaco, que tem muitas empresas que exportam e aí tem uma que dá problema e todas as demais ficam penalizadas. É terminar com o setor. É isso que alguns estão propondo fazer com a Serra Gaúcha”, detalhou Schuch. “A Serra Gaúcha tem muitas vinícolas, tem outras tantas empresas, tem outras cooperativas que também atuam no setor da uva, do vinho, que participam de feiras, de eventos internacionais e que conseguem às vezes até prêmios de reconhecimento pela qualidade do produto.”
Ainda que a decisão envolva apenas as empresas investigadas, é vista pelo deputado como exagerada. “Eu sei que são das três empresas [investigadas], mas, dessas três empresas, vou falar de uma que eu conheço muito bem que é a cooperativa de Garibaldi. Então ela tem lá um problema identificado e os outros 99 que não tem nada a ver com o assunto vão pagar a conta? Não. Tem que pegar aquele um e fazer o registro disso. Aliás, assim como eu disse lá na Câmara dos Deputados, eu quero dizer aqui: que puna o CPF de quem não quis ver ou fez conta [que não viu] e deixe os outros trabalhar e produzir o produto, como têm feito há mais de 100 anos”, destacou. “Portanto a nossa compreensão é de que se separe os que fizeram coisa errada e [que eles] paguem por isso.”
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O documento, segundo Schuch, pede que a proibição da Apex seja revista. “O nosso pedido para a Apex, que está ligada ao vice-presidente da república, [é] para que se reveja essa posição e que se separe bem essas questões, porque estamos correndo risco de terminar um setor que é centenário, que tem muito trabalho, muita luta, muito suor, muito sacrifício. Esse assunto é delicado, é sério, mas nós não podemos generalizar”, declarou.
Colaborou a jornalista Maria Regina Eichenberg.
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