Ao encontro da temática da campanha do Agosto Lilás, que trata sobre o combate da violência contra as mulheres, aconteceu, na noite desta quarta-feira, 17, a quarta Audiência Pública da Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul. O assunto tratado foi a violência contra as mulheres e aumento nos casos de feminicídios no Vale do Rio Pardo. Além dos vereadores, representantes de órgãos públicos e entidades que fazem parte da rede de proteção às vítimas estiveram presentes na ocasião.
Janaina Freitas, coordenadora do Escritório da Mulher e da Casa de Passagem, comentou que, neste ano, até julho, já foram 17 acolhidas com filhos menores na Casa de Passagem. “É um dado bem alarmante porque a gente percebe o crescimento da violência em Santa Cruz, nunca tivemos tantos atendimentos na casa. Também tivemos dois feminicídios aqui em Santa Cruz nesses últimos meses, o que nos entristece bastante. Mas nossa luta é constante.”
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A vereadora Nicole Weber, que atua na causa, salientou que a realização da audiência não é motivo de alegria, mas que é preciso levar o assunto para debate. Ela também apresentou índices. “Há dois anos, Santa Cruz do Sul não registrava casos de feminicídio, mas nos últimos dois meses teve duas vítimas desse tipo de crime. Tiara Schlosser, de 37 anos, morreu em 21 de junho em Monte Alverne, e Heide Juçara Priebe, de 63 anos, em 13 de julho, no Centro.” Nicole também destacou que a rede de Santa Cruz do Sul é referência para diversos municípios do Brasil.
O Ministério Público foi representado pelo promotor de Justiça, Eduardo Ritt. “É um problema que não afeta somente as mulheres, mas também homens, filhos, pais. Não está restrito à questão feminina, mas sim a uma questão social.” Ritt completou que a sociedade precisa evoluir e superar a cultura da violência e do machismo. “Por isso é importante discutir o porquê temos certas posturas. É necessário que culturalmente a gente evolua. Em Santa Cruz, temos uma estrutura invejável e mesmo assim, às vezes, não conseguimos evitar males como o que aconteceu recentemente.”
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Outro órgão público que esteve representado na audiência foi a Defensoria Pública. O defensor Arnaldo França Quaresma Júnior frisou avanços que a legislação brasileira alcançou, mas não deixou de ressaltar que ainda é necessário evoluir. “O desafio agora é fazer cumprir essas leis, e isso passa pelo empoderamento das mulheres e conscientização desses direitos.”
Também estiveram na reunião representantes da Brigada Militar. “Com a Patrulha Maria da Penha, viemos fazendo esse trabalho forte de proteção das mulheres que solicitaram medidas protetivas”, lembrou o major Hélcio Gaira, subcomandante do 23° Batalhão de Polícia Militar. “A Brigada tem uma preocupação e muitas vezes uma ocorrência deste tipo é colocada na frente”, acrescentou.
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O coordenador da Patrulha Maria da Penha de Santa Cruz, capitão Rafael da Silva Menezes, também destacou o trabalho desenvolvido pela equipe. “Depois dos acidentes de trânsito, a violência doméstica é a que mais demanda a Brigada Militar e é a mais complicada de atender.” O capitão apresentou dados. “São 411 mulheres com medidas protetivas de emergência deferidas e que a patrulha faz a fiscalização. Tínhamos, no ano passado, 317, e em 2020, 297. Viemos em uma crescente que a gente tem que parar e estudar esse fenômeno.”
Os filhos de Heide Priebe, de 63 anos, morta pelo ex-companheiro em 13 de julho, também estiveram presentes na audiência pública. Aline, Jean e Franklin acompanharam as falas com cartazes em que se lia “minha mãe não morreu, ela foi assassinada”.
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