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Rio de Janeiro

Atropelador de Copacabana tinha CNH suspensa e responderá por homicídio culposo

Antonio de Almeida Anaquim, de 41 anos, que conduzia o carro que atropelou pelo menos 18 pessoas na quinta-feira, 18, em Copacabana, zona sul do Rio, entre elas um bebê de 8 meses, morto no acidente, responderá em liberdade por homicídio culposo e lesões corporais culposas (sem intenção de matar).

A Carteira Nacional de Habilitação (CNH) de Anaquim estava suspensa e ele não havia informado ao Departamento de Trânsito do Estado do Rio (Detran-RJ) que tinha epilepsia.

O delegado Gabriel Ferrando, da 12ª DP (Copacabana), afirmou que a hipótese mais provável para explicar o que aconteceu é que o condutor tenha sofrido um “evento epilético”. Anaquim alegou ter epilepsia e disse tratar da doença com remédios. De acordo com o delegado, o motorista contou, em depoimento, que teria tido uma espécie de disritmia, decorrente desse episódio.

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“Disritmia, ao contrário da convulsão, em que o indivíduo cai e fica se debatendo, causaria um apagão. Ele disse que já teve esse episódio há uns três, quatro anos, e agora teve esse apagão no momento em que estava conduzindo o veículo, o que ocasionou a manobra brusca”, disse Ferrando. O delegado também afirmou que foi descartada a possibilidade de Anaquim ter ingerido bebida alcoólica.

O Detran-RJ afirma que Anaquim omitiu o problema e estava com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa desde 2014. Nos últimos cinco anos, Anaquim acumulou 62 pontos por infrações como avanço de sinal vermelho e estacionamento proibido. O motorista ainda descumpriu a exigência de devolução do documento para fazer o curso de reciclagem. O órgão instaurou processo de cassação da CNH.

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“Pessoas com epilepsia podem ter CNH. No entanto, para ter o documento validado, precisam passar por uma avaliação neurológica. No caso do acidente, o motorista, durante seu exame de validação médica, negou ter qualquer doença neurológica, incluindo epilepsia”, informou o Detran-RJ.

Vítimas
Nove vítimas do acidente ainda estavam internadas nesta sexta-feira, 19, – entre elas, um bebê de 2 anos e crianças de 7 e 10 anos. Miedes Araújo da Silva, mãe de Maria, de 8 meses, morta no acidente, foi com o marido no Instituto Médico-Legal, na manhã de sexta, para reconhecer o corpo da filha. Abalada, não conseguiu sair do carro em que foi levada. “Tiraram meu bebê de mim”, chorava.

Entre os feridos, o caso mais grave é o de um turista de 68 anos, da Austrália. As demais vítimas tiveram fraturas nas pernas, traumas na face e escoriações. O australiano respira com ajuda de aparelhos.

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O pintor desempregado Valdinei de Lima Nascimento, de 33 anos, atropelado no acidente, teve alta nesta sexta. “Quebrei a clavícula, não consigo andar, levei pontos no rosto. Mas acho que nasci de novo, poderia ter morrido, como o bebezinho”, disse, enquanto esperava a mãe para buscá-lo no Hospital Miguel Couto, no Leblon. Nascimento tomava cerveja em um quiosque, quando foi atingido pelo veículo. “Ele nunca poderia estar dirigindo, se tem epilepsia. É uma irresponsabilidade, ninguém tem nada com isso”, criticou.

Indignado, o músico Marcelo Cará, de 46 anos, deixou o Hospital Miguel Couto nesta sexta após visitar quatro parentes atropelados, clamando por “justiça”. “Está na hora de mudar essa imprudência. Que Detran é esse?” A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Anaquim. 

Crise
Neurologistas ouvidos pela reportagem disseram que Antonio Anaquim possivelmente tem quadro de epilepsia de difícil controle e deve estar em período de crise. Foram encontrados no automóvel de Anaquim três remédios para convulsões, que costumam ser prescritos juntos quando os episódios são frequentes.

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“Os medicamentos são usados combinados em caso de epilepsia refratária, de difícil de controle. Então a presença deles sugere que a chance de ele estar em crise é muito grande”, afirmou Maria Luiza Giraldes de Manreza, vice-coordenadora da área dedicada à epilepsia na Academia Brasileira de Neurologia.

André Gustavo Lima, também da Academia Brasileira de Neurologia, considera a dinâmica do atropelamento compatível com o quadro de epilepsia. “A pessoa fica descoordenada na crise. Faz movimentos em que estica as pernas, tem espasmos, contrações, pode acelerar o carro se for a perna do acelerador, assim como pode pisar no freio”, explicou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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