Mariah Valentina Müller Peiter, de oito anos, é um exemplo de superação na prática do judô. Deficiente visual, a menina é aluna de Juliano Campos, que mantém uma escola em parceria com o União Corinthians. Ela é irmã de Matteo Valentim, de dois anos, e filha da docente do IFSul na área de Letras e Inclusão, Janete Inês Müller, de 44 anos, e do representante comercial Jorne Ricardo Peiter, de 45. No último fim de semana, a judoca participou do Superfestival no Estadual shiai realizado em Santa Cruz do Sul.
Mariah é estudante do 2º Ano na escola Educar-se e participa das atividades regulares da turma (incluindo Artes, Educação Física, Filosofia, Inglês e Música), assim como participa do currículo complementar (Oficina de Criatividade e Natação), Além disso, conta com o Atendimento Educacional Especializado. A rotina dela também compreende a psicoterapia. Em alguns períodos da semana, desenvolve atividades em casa com a professora Mariele Willms. Foi ela que sugeriu a prática de judô.
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Há aproximadamente dois anos, os sábados de manhã são dedicados aos treinos de judô, com um período individual e um outro coletivo, junto a um empático grupo de meninos, que tornaram-se seus amigos. O sensei Geferson Lopes, que ministra as aulas, é um excelente profissional, conforme Janete. “Além dos conhecimentos técnicos e da afetividade, busca continuamente a sua qualificação para oportunizar o judô para todas as crianças, em igualdade de condições na prática esportiva”, relata.
Mariah é filiada à Federação Gaúcha de Judô (FGJ) e já participou de outros festivais, tendo principalmente o apoio dos pais e dos mestres. A participação em mais competições, a partir de 2025, é um objetivo da pequena judoca. Até o momento, a família não conta com apoiadores para auxílio nas despesas.
De acordo com Janete, para as pessoas com deficiência visual, é importante mudar o contexto, como adaptações técnicas no esporte, pessoas qualificadas na organização, apoio e treinos, competidores conhecedores de modos de vida diferentes dos seus e comportamentos que não prejudiquem a participação da pessoa com deficiência. “Historicamente, as pessoas com deficiência (PcD) são excluídas de práticas sociais, incluindo as esportivas”, reforça.
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Geferson Lopes afirma que Mariah não é a primeira aluna com deficiência visual. O sensei já havia trabalhado com um menino em uma das escolas que atua como professor de judô. Geferson foi indicado para Janete por um colega de tatame. No início, Geferson sentiu que precisava de mais conhecimento. Dessa forma, procurou o sensei Juliano Campos e entrou em contato com Lucas Raun, da equipe J3, de Pelotas, experiente no desenvolvimento de alunos com deficiência visual. O colega forneceu alguns materiais para estudo.
Para Geferson, Mariah é uma aluna muito especial pela vontade e dedicação em tudo que faz. “Ela não quis fazer treinos individuais. Frequenta a minha turminha de sábado. Foi bem recebida pelos colegas, que sempre a ajudam a evoluir. Mariah é muito querida por mim e por seus colegas. Só tenho que agradecer às pessoas que acreditam no trabalho com o judô”, destaca.
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