Pode não haver viagem e nem a tão esperada virada do ano na praia por conta das restrições da pandemia do coronavírus, mas uma coisa é fato: o verão é uma das épocas mais aguardadas em todo ano pelos brasileiros, pois as pessoas querem aproveitar os dias ensolarados para tomar um banho de sol. Contudo, é preciso ter atenção, pois a exposição excessiva é umas das causas principais do aumento nos índices do câncer de pele, o tumor mais frequente no mundo e no Brasil. E para chamar a atenção para essa causa, a Sociedade Brasileira de Dermatologia criou, em 2014, a campanha Dezembro Laranja, com o objetivo de estimular a população brasileira na prevenção e no diagnóstico precoce da doença.
No Brasil, é o tipo de câncer mais frequente, correspondendo a cerca de 30% de todos os tumores malignos. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil apresenta a estimativa de 176.930 novos casos para 2020 para o tipo de câncer de pele não melanoma, com 2.329 óbitos. Já para o tipo melanoma, a previsão é de 8.450 com 1.791 mortes.
LEIA MAIS: Projeto ajuda pacientes a lutar contra o câncer em Santa Cruz
Publicidade
Mas, afinal, o que é o câncer de pele?
Considerado o maior órgão do corpo humano, a pele tem a função de revestir e proteger o organismo de agressões, como desidratação, vírus, bactérias e danos causados por fatores ambientais. A doença se desenvolve quando as células que compõem o órgão crescem desordenadamente, isso acontece principalmente devido ao efeito cumulativo causado por longas exposições ao sol, quando os raios solares Ultravioleta A e Ultravioleta B danificam a barreira protetora da pele. Pode ser dividido em dois tipos:
– Não melanoma: é a variação mais recorrente em todo o mundo e a menos agressiva, com altas chances de cura quando descoberto no início. Ocorre, principalmente, nas áreas do corpo mais expostas ao sol, como pescoço, rosto e orelhas;
Publicidade
– Melanoma: Um dos mais agressivos de todos os tumores malignos. Costuma se espalhar rapidamente para outros órgãos e possui o histórico familiar como grande fator de risco. O melanoma pode surgir em qualquer região do corpo, na pele ou mucosas, na forma de manchas ou pintas.
LEIA MAIS: Estudo brasileiro busca ferramenta de combate ao câncer
Fatores de Risco
Publicidade
A doutora Nura Rebelo Ayoub, dermatologista, explica que essa enfermidade pode ser desenvolvida em qualquer pessoa. ‘Apesar disso, os riscos aumentam em pessoas de pele, cabelo e olhos claros; profissionais que atuam em contato com agrotóxico; pacientes imunossuprimidos e/ou transplantados; pessoas com histórico familiar de câncer de pele e indivíduos com múltiplas pintas pelo corpo’. Episódios de bronzeamento artificial e exposição solar exagerada e desprotegida ao longo da vida, principalmente, na infância e adolescência, também são fatores que contribuem para o aparecimento da doença.
Como se proteger?
Embora seja o tipo de câncer mais incidente no País e no mundo, é possível se proteger adotando algumas medidas. A especialista dá algumas dicas simples que pode ajudar a população a se livrar desse problema:
Publicidade
Utilização do protetor solar mesmo em dias nublados
É imprescindível o uso de protetor solar, com FPS superior a 30, para o rosto, corpo e lábios, especialmente, nos horários mais quentes do dia, entre 10 e 16 horas. Caso haja uma exposição solar mais intensa, por exemplo, quando vamos à praia, o recomendado é o FPS acima de 50. Contudo, a utilização desses produtos é recomendada também em dias nublados, pois a radiação ultravioleta continua presente e, para garantir a proteção contínua, é importante a reaplicação do protetor solar a cada duas ou três horas.
Uso de chapéu e óculos escuros
Esses acessórios, além de darem um charme no visual, protegem o corpo e olhos da radiação ultravioleta. Chapéu com aba é o ideal, porque protege áreas muitas vezes expostas ao sol intenso, como orelhas, olhos, nariz, couro cabeludo e testa.
Roupas adequadas
Os tecidos propiciam diferentes níveis de proteção contra a radiação ultravioleta (UV). Por exemplo, camisas de mangas compridas, calças ou saias longas oferecem mais proteção. E as roupas escuras também protegem mais em relação às de cores claras. Entretanto, é importante destacar que se a luz passa por meio do tecido, a radiação UV também transpassará. A notícia boa é que, graças à tecnologia, hoje em dia já existem roupas com fator de proteção ultravioleta (FPU).
Publicidade
LEIA MAIS: Sancionada lei que fixa prazo de 30 dias para diagnóstico de câncer
Hidratação e alimentação adequada
O consumo de água é importante em qualquer época do ano, mas no verão o cuidado deve ser ainda maior, pois, com as altas temperaturas, a tendência é que o corpo desidrate mais rapidamente. Em relação à alimentação, as frutas, verduras e legumes possuem nutrientes que ajudam a diminuir os danos de sol na pele.
Diagnóstico precoce
Observar a pele regularmente permite a detecção de pintas novas, irregulares ou qualquer outra alteração. Há uma regra básica do ‘ABCDE’ dos sinais que alertam quando se deve procurar o especialista. Veja a seguir:
– Assimetria: a lesão não é simétrica, um lado é diferente do outro.
– Bordas irregulares: ocorre quando a pinta não tem uma borda bem delimitada e é irregular.
– Cores diferentes: a lesão apresenta várias cores.
– Diâmetro: é importante se atentar às pintas maiores que 5 milímetros.
– Evolução: após as dicas anteriores, verifique se as pintas ou manchas mudam em relação ao tamanho, cor, forma e aparência.
‘É importante que o paciente observe suas pintas, atentando para fatores como crescimento da lesão e mudança de coloração. O acompanhamento anual das pintas com médico dermatologista é imprescindível para o diagnóstico precoce dessas lesões, pois o câncer de pele tem grandes chances de cura em sua fase inicial’, conclui a especialista.
LEIA MAIS: Câncer de mama também atinge os homens