O conforto do rebanho, o manejo alimentar e a genética fizeram com que a produção de leite na propriedade da família Frey, localizada em Linha Cecília, em Venâncio Aires, aumentasse em 15 mil litros por mês. A produção é chefiada pela agricultora Marina Frey, que, desde seu retorno à propriedade rural da família, investiu no sistema de produção Compost Barn com robô. “A automatização veio devido à necessidade de mão de obra, que era a principal dificuldade que tínhamos na produção de leite. Esse sistema não é difícil de manejar, o trabalho maior é na manutenção da cama dos animais. Aqui as vacas estão abrigadas do tempo e têm alimentação equilibrada. O foco está no bem-estar dos animais”, relata Marina.
O Compost Barn tem como objetivo melhorar os índices produtivos e sanitários do rebanho e garantir conforto e um local seco para os animais. Também possibilita o uso correto dos dejetos. Antes de optar por esse sistema, a família Frey realizou visitas em propriedades rurais para conhecer essa forma de produção. Atualmente o plantel é formado por 200 animais da raça holandesa, 90 em lactação.
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A média é de três ordenhas por animal ao dia, com uma produção média geral de 35 litros de leite por dia por animal. Com isso, a propriedade soma 3.150 litros diários. “Além de aumentar a produção, o compost trouxe maior controle do cio, redução de problemas de casco e de lesões de jarrete”, observa Marina, que tem o apoio dos pais Irio e Marlene e do filho Lucca para chefiar a produção na propriedade. Outra vantagem observada é que, com a automação da ordenha, a família possui mais tempo disponível. “São seis horas a mais para fazer a gestão e as outras atividades.”
Aporte técnico proporcionou uma reviravolta na propriedade
A família Frey conta com a assistência técnica da Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), e há dois anos participa do Programa de Dietas para Vacas em Lactação, desenvolvido em 20 propriedades do município que são consideradas Unidades de Referência Técnica (URTs). “O êxito do programa reflete o comprometimento de agricultores e extensionistas rurais, a partir de um olhar sistêmico, em melhor aproveitar os recursos e aptidões das unidades de produção e assim gerar renda às famílias”, explica o extensionista rural da Emater, Diego Barden dos Santos.
Marina Frey lembra que a produção de leite não correspondia ao real potencial produtivo. “Por meio das ações do programa, consegui organizar cada setor da propriedade. Tínhamos um grande número de animais, mas a produção não correspondia. Tínhamos ainda uma boa alimentação para o rebanho, mas precisávamos de aporte técnico. A Emater nos deu o caminho e nós executamos. São alternativas viáveis, trabalhamos com o que temos na propriedade. Só precisa força de vontade”, comenta.
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A alimentação do rebanho é à base de silagem de milho, produzida na propriedade rural, e pré-secado de tifton, azevém e feno, complementada com ração. “A dieta é fundamental. Nosso enfoque desde o início foi a sanidade do rebanho”, observa a agricultora. “Nosso foco está em conseguir 140 animais em lactação e chegar a 5 mil litros de leite por dia”, projeta.
De acordo com o extensionista, a dieta equilibrada do rebanho está diretamente vinculada ao balanceamento dos alimentos fornecidos aos animais, utilizando um software ou planilha para realizar essa recomendação. “Ajustes de consumo de matéria seca, fibra, energia e proteína são os balanceamentos nutricionais mais importantes neste início de trabalho. Esse ajuste começa a gerar ótimos resultados em produção e saúde. Quando os animais passam a ter uma melhor alimentação, é possível observar a melhoria da sanidade”, ressalta.
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Associado ao trabalho de nutrição, também é desenvolvido o controle do rebanho. Trata-se da organização das anotações sobre datas dos partos, inseminações, secagem das vacas e períodos pré-parto, a fim de buscar o melhor desempenho dos animais no gerenciamento da reprodução do rebanho.
“Tenho esse controle, com anotações sobre cada animal para avaliar suas necessidades. Com as temperaturas mais baixas desse período, a dieta equilibrada, a qualidade dos alimentos, a genética e o conforto do rebanho, nossa produção aumentou. É o resultado da soma dos fatores e da assistência técnica. Aqui na propriedade, não decidimos nada sem antes falar com a Emater”, revela Marina.
Ela também participou dos cursos de inseminação artificial, dieta alimentar e melhoramento genético oferecidos pela Emater nos centros de treinamento. “Os cursos foram importantes porque proporcionaram uma visão mais ampla da propriedade, ajudando a identificar os problemas e corrigi-los.”
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