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Até quando haverá Cinturão Verde?

A Gazeta, numa tentativa de sensibilização de entidades, organismos, instituições e lideranças públicas e privadas, e pessoas em geral, determinou-se a reservar o ano de 2020 para salientar ações de cunho ambiental, por meio do projeto Repensar. Mesmo com a pandemia, inúmeras atividades foram desenvolvidas, e o tema gerou conteúdo frequente na Gazeta do Sul, no Portal Gaz e nos programas da Rádio Gazeta FM 107,9.

E a cada mês mais transparece a necessidade de advertir e conscientizar sobre a preservação dos recursos naturais. Por mais que órgãos competentes e veículos de comunicação deem ênfase à urgência da conservação, a cada semana mais alguma(s) árvore(s) some(m) da paisagem. A tal ponto que já se deve perguntar: até quando ainda haverá algo que se possa chamar de Cinturão Verde? Pelo visto, a depender de alguns agentes e agressores, a cor verde na paisagem de Santa Cruz do Sul ficará cada vez mais desbotada.

Na linha dos esforços, individuais ou coletivos, que se contrapõem à ação dos frios e calculistas depredadores, para os quais deveria ser erguida uma galeria (de cimento, claro) para que as gerações futuras nunca esquecessem de quem foram os responsáveis pela devastação, a Gazeta do Sul foi conferir nesta semana um empreendimento que se projetou para o mundo pela recuperação. Trata-se do Rincão Gaia, em Rio Pardo, próximo à divisa com Pantano Grande e à BR290, idealizado pelo ambientalista José Lutzenberger (1926-2002). Secretário especial do Meio Ambiente no governo Collor, ele foi um dos grandes defensores da necessidade de preservar os recursos naturais. Para mostrar na prática como isso pode ser feito, determinou-se a transformar uma antiga pedreira, símbolo da devastação, em um parque ambiental. E lá está o resultado, formidável, como o jornalista Rodrigo Nascimento e o fotógrafo Alencar da Rosa mostram em três páginas nesta edição.

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Lutzenberger, aliás, foi um consultor para a definição do valioso (mas valioso em pé, jamais derrubado) Cinturão Verde de Santa Cruz do Sul. Nas visitas à cidade, ficava deslumbrado com a riqueza desse ecossistema. Hoje, não há dúvida de que o expoente internacional José Lutzenberger deve estar se revirando no túmulo diante do que tem sido feito com o Cinturão Verde de Santa Cruz. Chamá-lo de Cinturão Verde talvez já seja até um exagero: está mais para uma casquinha verde, uma enorme clareira. E sobre quem está efetivamente ganhando com isso (e ganhando o quê?) toda a sociedade deveria ser levada a… Repensar.

Enquanto ainda há o que preservar ou conservar, para conhecimento das futuras gerações, inclusive as dos netos ou bisnetos dos depredadores de hoje, urge dedicar cada minuto ou cada dia a projetar soluções. E que certamente deverão passar por sanções muito, muito severas para todos os inconsequentes agressores. Do contrário, é melhor olhar enquanto ainda dá tempo.

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