Uma provável nova troca no comando da nação é um banho de água fria nas expectativas que muitos nutriam – e eu me incluo nesse grupo – de que o Brasil estava voltando aos trilhos, com a economia dando sinais de retomada e a sensação de que, lentamente e a duras penas, recuperávamos a estabilidade política e institucional. Mas o País voltou a tomar um novo rumo ontem à noite. Ao que tudo indica, existem provas materiais de que o presidente da República agiu para obstruir uma investigação da Justiça, o que é gravíssimo.
Ainda mais se tratando de um presidente que chegou ao poder proclamando a “salvação nacional” e apoiado por uma parcela da sociedade que acreditava estar vencendo a corrupção. Um presidente, aliás, que mesmo sem popularidade encorajou-se a propor reformas nas legislações trabalhista e previdenciária que mexeriam com a vida de milhões de brasileiros.
E a pergunta é inevitável: o que Temer receava que Eduardo Cunha tornasse público, já que interveio para comprar o seu silêncio? Se confirmado o conteúdo das delações da JBS, Michel Temer perde toda a legitimidade para defender as reformas, sua base no Congresso Nacional tende a ruir, a fúria de seus adversários e de quem o rejeita
será elevada à última potência e a sua aprovação pessoal, que já era mínima, irá pelo ralo. Difícil imaginar um cenário em que a sua permanência é viável. Resta
saber de que forma isso vai se dar.
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E a dúvida que fica é: por mais quanto tempo o País vai sangrar?
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