Amanhã ocorre o lançamento do Anuário Brasileiro do Tabaco 2018. Em 132 páginas, é possível conhecer a realidade de produção e de mercados dessas folhas, demandadas no mundo todo. E isso que uma afirmação recorrente é a de que a produção de tabaco está com os dias contados. Suposição fatalista, na linha de que o mundo vai acabar amanhã. As coisas nem sempre funcionam como o sensacionalista, o futurologista ou o afoito desejam.
Há quem realmente acredite nisso. Mas não, o tabaco não vai acabar amanhã, e é provável que não acabe nunca. Não acabou até hoje, quase nada acabou até hoje, por que acabaria nas próximas décadas, visto que há séculos mobiliza países e investidores? Imaginemos que, sim, o tabaco vai ter a produção drasticamente reduzida. Por onde isso começaria? Pela região que colhe o melhor produto do mundo, a mais eficiente, a que obtém a melhor qualidade? Ou por aquelas que produzem péssimo tabaco? Qual seria a área a ser afetada por eventual diminuição nos negócios?
Acontece que o melhor tabaco do mundo é colhido no Sul do Brasil, com terra e clima adequados, vocação e estrutura. E o produto é disputado mundo afora há décadas. Enquanto houver alguém que queira consumir (e, pelo que se pode conferir na Europa, é de desconfiar que o mercado irá bem, obrigado), ali haverá tabaco dessa região, pelo qual empresas e até países mobilizam fortunas.
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E ocorre que o Brasil colhe 750 mil toneladas por ano. A safra global, em 90 nações, é de 6,52 milhões de toneladas. Uma vez que o Brasil produz apenas o melhor tabaco, quando a produção começar a diminuir, é lógico que países de pouca expressão, que colhem tabaco ruim, não competitivo, sejam os primeiros a sair. Se. E quando. É óbvio que não será algum dos que produzem produto bom. Malawi, Zimbábwe, Estados Unidos não tocarão num único pé de tabaco. Começa que nem ratificaram a Convenção-Quadro. Suposição minha: se alguém tiver de parar, será algum dos países que não têm qualidade. Ou seja, antes de o Brasil parar de plantar, ainda haveria dezenas de países que deveriam parar antes.
Dos maiores produtores, só a China colhe mais do que o Brasil. Na verdade, os chineses colhem 3,5 vezes mais do que o Brasil. Porém, a qualidade não é tão boa. A ponto de a China ter vindo produzir tabaco aqui. Pode até a China, a maior produtora, um dia deixar de plantar tabaco, por não alcançar a qualidade do brasileiro, mas tende a seguir plantando tabaco aqui, onde ele é muito bom.
Em suma: acreditemos que o mercado um dia recuará de 6,5 milhões para 1 milhão de toneladas. Ainda assim, as 745 mil toneladas do Brasil tendem a estar entre elas. Seria de apostar que até o fim dos tempos o Sul seguirá plantando tabaco, e colhendo folhas cada vez melhores. E ali por volta de 2200 os antitabagistas continuarão sem saber o que fazer quanto aos produtos de tabaco que acabaram de ser lançados na Lua, em Marte, ou em Porto Alegre.
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