Os trabalhadores de um dos setores mais afetados pela pandemia criaram uma entidade para reivindicar auxílios à classe. A Associação de Músicos e Artistas Profissionais de Santa Cruz do Sul (Amarp) foi fundada em junho de 2020 e está documentada há cerca de cinco meses, contando com suporte técnico e jurídico.

Conforme o presidente da associação, Nilson Reinck, a Amarp se formalizou depois do cancelamento das lives em maio do ano passado, que era a única fonte de renda dos artistas após a proibição de shows e festas. “Há muita gente que depende só disso, não tem outra fonte de renda, estava com necessidades, precisando se alimentar e pagar contas”, comenta.

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Reinck, que é proprietário do Grupo Tchê Vanerá, conta que os integrantes de sua banda possuem atividades adicionais e outros são aposentados. O próprio Nilson é proprietário de uma marcenaria e faz móveis sob medida. Ele tentou ajudar os colegas de profissão em dificuldades. “Não tem como ajudar todos, por isso liderei o movimento da classe. Estamos tentando nos reinventar, mas um ano se reinventando é complicado.” Atualmente a Amarp tem 55 associados.

A única ajuda recebida pela associação desde o início da pandemia foi a doação, em 2020, de duas cestas básicas para cada músico, por meio da Secretaria de Políticas Públicas e Assistência Social. “Tudo que a gente mais quer é trabalhar com segurança. A gente queria do poder público um pouco mais de atenção e carinho. Podem criar um auxílio para artista municipal, mesmo com valor baixo, de R$ 300,00, para quem vive exclusivamente da música. O pessoal que, quando estava tudo bem, trazia alegria e descontração agora está no lado sombrio de tudo, é uma tristeza.”

Algumas das perspectivas da classe são obter recursos através da Lei Aldir Blanc na segunda etapa de cadastros e uma live que está prevista para o fim do mês. A transmissão patrocinada pela Prefeitura está agendada para esta sexta-feira, 19, mas depende da bandeira vigente na data.

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Como ajudar

Pessoas interessadas em ajudar a Associação de Músicos e Artistas Profissionais de Santa Cruz do Sul podem colaborar com doações de alimentos e cestas básicas, valores em dinheiro e até mesmo com trabalho através de vagas de emprego. Doações podem ser feitas pela conta no Banco do Brasil: agência 2776-6, conta 39881-0, CNPJ: 39.748.833/0001- 70, ou através de Pix pelo CNPJ 3974883300170. Músicos e artistas que quiserem se associar ou tirar dúvidas podem entrar em contato pelo telefone (51) 99719-9762.

Um cantor na lavoura

De acordo com Nilson, parte dos músicos que integram a associação buscou serviço em outras áreas. “Tem gente que foi trabalhar na roça ou colher tabaco, na indústria, cortando grama. Outros foram trabalhar como pedreiros e na coleta de materiais recicláveis”, relata.

Para o cantor da banda Musical Som Livre, André Storch, a saída foi o trabalho no campo. “No começo foi muito difícil, mas depois vi que não ia ser tão curta a pandemia e, como moro no interior, fui trabalhar no tabaco”, conta. O músico espera poder voltar a atuar em sua área preferida o mais rápido possível, mas entende que vai demorar. “Espero que o poder público se volte mais para os músicos, porque estamos perdidos com essa crise.”

Um dos idealizadores da associação, o vocalista e proprietário do Grupo Simpatia, Sandro Silva Pires, conta que o ano foi muito difícil, não somente para ele, mas para todos os integrantes que dependem exclusivamente da música para sobreviver. “Eu consegui driblar a situação através de lives e eventos com patrocinadores, até começarem a vir novos decretos e novamente parar tudo.” O artista diz que a classe não quer depender de doações, e sim voltar a trabalhar. Contudo, enquanto isso não for possível, é necessário um auxílio.

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