O mês de setembro é dedicado à luta contra o suicídio. Neste ano, a Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul (APRS) promove duas lives, abertas à comunidade, com especialistas em prevenção às doenças mentais. As inscrições são gratuitas e a comunidade é convidada a participar, pois o tema exige atenção.
O coordenador do Comitê de Prevenção ao Suicídio da APRS, o psiquiatra Fernando Godoy Neves, destaca que a média de pessoas que cometem o suicídio na região é até três vezes maior do que, proporcionalmente, a quantidade de suicídios ocorridos no Brasil. “Os dados do observatório do suicídio no Estado mostram que enquanto no Brasil a média é de cinco ocorrências por grupo de cem mil habitantes, na região é 20”, compara.
Situações como o isolamento social e os efeitos psíquicos da pandemia do novo coronavírus tendem, segundo ele, a elevar os dados estatísticos, que são de 2016. “É preciso divulgar que existe tratamento, que o pensamento suicida é causado por doenças mentais que podem ser tratadas”, destaca Neves.
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Primeira palestra é nesta sexta
Tratamento que pode começar ainda no ventre da mãe. Doença mental e prevenção desde a infância é o tema da primeira transmissão ao vivo, marcada para esta sexta-feira, 4. O psiquiatra santa-cruzense irá mediar o debate com a médica Gabriela Smaniotto Rodrigues. O evento ocorre às 19 horas, com inscrição grátis pela plataforma Sympla. O evento é realizado em parceria com a Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs).
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Já no dia 22 de setembro, a discussão entra especificamente na questão do impacto da pandemia. O pesquisador Jader Piccin é o convidado da APRS. A transmissão que ocorrerá pelo Google Meet também é grátis e voltada à comunidade. “Entendo que a cultura alemã, predominante em nossa região, tem influência sobre a quantidade de suicídios. É um aspecto cultural da origem alemã, pois tem a ver com o modelo emocional mais rígido, difícil de externar emoções e pedir ajuda”, complementa o psiquiatra.
Média de 21 casos por ano
De acordo com dados do setor de Epidemiologia da Vigilância Sanitária de Santa Cruz do Sul, nos últimos três anos – 2017, 2018 e 2019 – foram registrados, respectivamente, 23, 21 e 19 casos de suicídios no município, ou seja, 21 por ano, em média. Em 2020, até agosto, foram contabilizados 11. Desses, três ocorreram no interior e oito no meio urbano.
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A coordenadora do Centro de Atendimento Psicossocial (Caps II), psicóloga Marliza Schwingel, avalia o índice como “alarmante” quando comparado aos indicadores no Brasil. “Enquanto a média nacional é de seis suicídios por 100 mil habitantes, em Santa Cruz este percentual é quase quatro vezes maior.”
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Segundo Marliza, este ano, em função da pandemia, a programação do Setembro Amarelo, período dedicado à prevenção ao suicídio, será direcionada ao idoso. “Pelos dados que temos, um terço dos atentados contra a vida é cometido pela pessoa idosa. Por isso, precisamos direcionar nossa campanha de sensibilização a este público”, explica.
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Durante o mês, diz a psicóloga, serão realizados encontros e palestras virtuais com profissionais de saúde mental, em iniciativa do Comitê Municipal de Prevenção ao Suicídio e Promoção da Vida. “Vamos colocar nossos profissionais da saúde mental à disposição, em especial, para as casas geriátricas do município.”
O Comitê Municipal é integrado pelos Caps, Atenção Básica, Secretaria de Educação, Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Centro de Referência em Saúde do Trabalhador da Região dos Vales (Cerest), Unidade Municipal de Referência em Saúde do Trabalhador (Umrest), Sindicato Rural, Emater-RS/Ascar, 6a Coordenadoria Regional de Educação, hospitais Santa Cruz e Ana Nery e Centro de Valorização da Vida (CVV).
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