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Assalto em Santa Cruz: ‘Eu vi a morte na minha frente’

As grades com as quais cercou a casa, após ser vítima de três assaltos, não impediram que uma moradora de Santa Cruz do Sul voltasse a ser alvo dos criminosos. E elas se tornaram quase uma armadilha para a idosa. Nesse fim de semana, Avany da Silva Teixeira teve a casa invadida por um assaltante. Com uma faca, o ladrão ameaçou matá-la e chegou a agredi-la com uma barra de ferro. “Nunca desejo pra ninguém se acordar com um infeliz te dando soco, pedindo dinheiro e dizendo que vai te matar.” 

Com grades nas portas e janelas, para conseguir entrar na casa, no Bairro Faxinal Menino Deus, o criminoso primeiro subiu no telhado. De lá, retirou algumas telhas, mas não conseguiu descer até a cozinha. Dali seguiu caminhando e chegou à parte da frente da residência. Com um pé de cabra, arrancou o cadeado da grade e arrombou a porta. Avany, que dormia quase ao lado da entrada, acordou assustada. “Quando eu vi aquele pá e pá, me acordei. E disse: ‘Ué o que é isso?’ E já ele entrou”, contou ontem à tarde. 

“Me dá o dinheiro, me dá o dinheiro que eu vou te matar. Me dá todo o dinheiro, que eu te mato. É hoje que eu vou te matar. Tu não grita porque eu te mato”, ameaçava o criminoso, que partiu para cima da moradora. “Aí começou a me dar soco no corpo. Me deu uma paulada na minha cabeça com um ferro que ele tinha. E deu outra paulada”, relatou. Enquanto revirava as gavetas, o assaltante encontrou uma faca. “Agora eu vou te matar na cozinha e ninguém vai ver que eu te matei”, ameaçou outra vez. “Ele me dando soco. Soco no meu estômago. Coisa mais triste do mundo. Meus braços. Me dói tudo”, recorda. 

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O criminoso empurrou Avany na direção da cozinha, que fica nos fundos da moradia. Com a porta dos fundos chaveada e com grade, ela não tinha como escapar. “Ele queria me matar na cozinha. Eu com as grades chaveadas, e ele me fecha a porta. Pelo amor de Deus. Eu vi a morte na minha frente a hora que ele pegou a faca”. A moradora ainda entregou R$ 60,00 ao bandido, mas as ameaças continuavam. “Com essa faca, eu vou te degolar.” 

“Pensei: o que eu vou fazer? Eu não vou morrer por nada. Vou reagir.” Nessa hora, a idosa segurou a mão do criminoso que estava com a faca e começou a lutar com ele. “Dei um pontapé e ele caiu, enquanto eu consegui abrir a porta e abrir a grade, que já estava rebentada.” O portão, que dava acesso à rua, também estava chaveado. Avany começou a gritar por socorro e, com a chegada dos vizinhos, o assaltante escapou pelo telhado. “Não morri porque não era meu dia.”

“Para ladrão, não adianta grade”

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Após três assaltos, Avany decidiu instalar grades em toda a moradia para tentar se proteger dos criminosos. Em um dos casos, há cerca de seis anos, ela foi esfaqueada pelo ladrão. “Tudo por dinheiro.” Mas a proteção não impediu que ela voltasse a ser um alvo. Nesse último assalto, além de R$ 60,00, o assaltante levou duas facas. “Para ladrão, não adianta grade.”

Preso duas vezes em uma semana

O suspeito do crime, Gerson Cortes Pereira, de 35 anos, foi preso pela Brigada Militar logo após o assalto. Ele estava em um casebre de madeira, na Rua Irmã Olinda. O crime causou revolta na vizinhança, onde a vítima é conhecida por ajudar outros moradores. “O terror que eu passei, não quero que ninguém passe. Eu sei que ele é um bandido, mas ele tem que ser castigado pela Justiça. A gente não pode fazer as coisas com violência. Quero que ele seja condenado”, disse a idosa. 

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Gerson já havia sido capturado pela Brigada Militar menos de uma semana antes do assalto. Foi preso na noite de segunda-feira, 23, por furto qualificado. Ele teria entrado em uma residência na Rua Acre, no Bairro Ana Nery, e furtado uma máquina de lavar. Ele foi preso logo depois pelos PMs e encaminhado ao Presídio Regional, de onde foi solto na quarta-feira. Mais uma vez, ele foi encaminhado ao presídio nesse domingo. Sobre o assalto, Gerson preferiu permanecer em silêncio.

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