Nas rodas de conversa, pelas esquinas e no comércio, Ibarama só fala sobre um assunto desde a tarde dessa terça-feira: o assalto a duas agências bancárias, que chacoalhou a rotina do pequeno município do Centro-Serra.
Embora o acontecido esteja na boca dos moradores, o clima não é de medo, mas de curiosidade. Afinal, quem eram os criminosos? Para onde foram? Contaram com ajuda de alguém da cidade? Essas e muitas outras perguntas ecoam pelas ruas, onde ainda se comenta, em tom de estranheza, a forma como o bando agiu.
“Foi tudo muito tranquilo, eles pareciam profissionais. Estavam com fuzis, coletes à prova de bala, e muito calmos”, relatou uma comerciante. De acordo com a mulher, que pediu para não ser identificada na reportagem, o grupo pediu para abastecer o equivalente a R$ 100,00 em um posto de combustíveis, que fica em frente à agência do Sicredi, e em seguida saiu sem pagar, deixando dois dos assaltantes no local.
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“Eles saíram do carro já com os fuzis em mãos, pegaram o pessoal que estava sentado na frente do posto e colocaram eles na frente do banco, virados para a rua. Um dos ladrões entrou e o outro ficou na frente, parado atrás das pessoas”, contou.
Conforme a empresária, assim que a movimentação inicial cessou, a cidade ficou deserta. “Parecia um faroeste, uma cidade abandonada. O pessoal entrou para dentro das casas e das lojas, e deixou eles agirem”, detalhou.
Com medo de que os reféns que formavam o cordão humano pudessem se ferir, a mulher admite que não chamou a polícia, apenas esperou que a ação dos criminosos chegasse ao fim. O roubo durou cerca de dez minutos. “Depois eles deram dois tiros de pistola para cima e saíram com o carro do banco, levando uma funcionária e um guarda.”
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Cerca de 800 metros à frente, na mesma rua, um outro comerciante, que também pediu para não ter o nome divulgado, esperou o segundo assalto acabar dentro do depósito da empresa. Inicialmente, ele pensou tratar-se de uma briga, mas quando notou que a agência do Banrisul estava sendo roubada, abandonou a loja ainda aberta e foi para os fundos do imóvel.
“Mas não deu medo dessa vez. Foi durante o dia, e a gente já tinha passado por isso. Da outra vez sim, deu um pavor, porque vieram de noite e quando fomos para a janela eles atiraram para cima, mas não em direção às pessoas”, relatou.
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Um dos suspeitos foi preso
Um dos suspeitos de ter participado do assalto às agências bancárias foi preso na madrugada dessa quinta-feira, 5. A Brigada Militar não divulgou o local onde a prisão foi feita, para não atrapalhar as buscas pelos demais integrantes do bando.
Conforme o coronel Valmir José dos Reis, o homem tem 29 anos e é conhecido pelos policiais da região por uma série de delitos, como roubos de malote e de cargas. A companheira dele, de 33 anos, também foi identificada como suspeita de envolvimento com a quadrilha. A BM não divulgou seus nomes. Além da prisão, um Chevrolet Cruze branco, com um malote e R$ 20,00, foi apreendido em Linha São João nessa terça-feira, minutos depois do roubo.
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Denuncie
Em entrevista ao Programa Giro Regional da Gazeta FM de Sobradinho, na manhã dessa quinta, o major Fábio Azevedo, da Brigada Militar, orientou os moradores a repassar qualquer informação que possa ajudar a polícia a achar os quadrilheiros.
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“Qualquer movimentação de pessoas desconhecidas, que possam estar sujas, cansadas, mal alimentadas e sedentas, é suspeita. Eles vão buscar apoio em algum lugar, então pedimos que as pessoas repassem essas informações para a Brigada, para mobilizar o efetivo aos locais mais adequados e trabalhar com a prisão desses indivíduos”, frisou. As denúncias podem ser feitas ao fone 190, de forma anônima.
Criminosos tiveram ajuda
Na tarde dessa quinta, enquanto a Gazeta do Sul ouvia os empresários, os clientes que entravam nos estabelecimentos rapidamente tocavam no assunto dos roubos. Entre as especulações e brincadeiras que chegavam depois dos momentos de tensão – tais como “anota R$ 100,00 na conta dos bandidos” ou “vim comprar com o dinheiro do assalto” –, os moradores tinham uma desconfiança em comum: a de que alguém da própria comunidade poderia ter ajudado os quadrilheiros.
Segundo o coronel Valmir José dos Reis, que chefia o Comando Regional de Polícia Ostensiva do Vale do Rio Pardo (CRPO), a Brigada Militar já tem elementos que provam que os criminosos de fato contaram com a ajuda de pessoas da região. No entanto, Reis não deu mais detalhes para não atrapalhar as buscas.
Ainda de acordo com o coronel, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) de Porto Alegre segue auxiliando o efetivo local e a previsão é de que o BOE de Passo Fundo também chegue à região nesta sexta-feira, 6. “Não paramos desde terça, e o cerco segue montado. Se tudo der certo, voltaremos a contar com o auxílio da aeronave e estamos trabalhando ainda com a Polícia Civil, que está nos dando um grande apoio.”
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