Ao que tudo indica, Eduardo Leite encaminha-se para se tornar o oitavo governador que não conseguiu concluir o asfaltamento da ERS-403, entre Rio Pardo e Cachoeira do Sul. Mais longa que novela mexicana, a espera pelo fim das obras na via se arrasta desde a gestão de Alceu Collares, entre 1991 e 1995, quando começaram os serviços. A falta de recursos do governo estadual impossibilita qualquer previsão de asfaltamento dos últimos 27 quilômetros de estrada de chão. Em junho do ano passado, a rodovia ficou fora do pacote de investimentos anunciado para recuperação de trechos em péssimas condições.
Enquanto isso, moradores da região agrícola por onde passa a rodovia e pessoas que trabalham nas empresas ao longo do trajeto precisam se conformar com a pista de chão batido poeirenta nos dias secos e lamacenta no período chuvoso em quase metade do trajeto entre Rio Pardo e Cachoeira. Os sindicatos rurais e as entidades representativas do comércio, indústria e serviços já buscaram alternativas para resolver a questão, com deputados e secretários estaduais, mas até o momento não houve o anúncio de nenhuma novidade.
Os motoristas precisam lidar com buracos e desníveis, popularmente conhecidas como “costeletas”. Até mesmo o trecho com asfalto apresenta problemas, com imperfeições e rachaduras em diversas partes. Recentemente, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer/RS) realizou uma operação de recapeamento no pavimento, com apoio da Prefeitura de Rio Pardo. A autarquia do governo do Estado, por meio da assessoria de imprensa, informou que a ERS-403 está entre as obras que podem ser retomadas ainda neste ano com recursos da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). Porém, não existe uma certeza em relação a isso.
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Morador da localidade de Cruzaltinha, o aposentado João da Silva cansou das promessas de asfaltamento. “São décadas com a estrada desse jeito. Cada vez pior”, salienta. Caminhoneiro de uma empresa especializada em cavacos de madeira, Laerte de Abreu Lopes é de Minas do Leão e ficou impressionado com as condições precárias depois que começou a transitar com frequência na rodovia, há um mês. “São muitos buracos e valetas. É bem ruim mesmo. Deveriam ao menos patrolar”, observa.
Novela interminável
Com muitas promessas, recomeços e paralisações, a luta pelo asfaltamento da ERS-403 já dura mais de três décadas e a conclusão dos trabalhos é considerada pela comunidade regional uma das principais obras com potencial para impulsionar o desenvolvimento do Vale do Rio Pardo. A primeira intervenção ocorreu em 1994, quando a obra foi dividida em dois lotes. Para garantir o asfalto, representantes de entidades e associações da região chegaram a formar em 2012 uma Comissão de Acompanhamento das Obras da ERS-403 para fiscalizar o andamento da retomada dos trabalhos. A conclusão do serviço encurtará em aproximadamente 50 quilômetros a distância entre Rio Pardo e Cachoeira do Sul. O caminho mais curto tornará o frete mais baixo, com a geração de economia para os agricultores da região que precisam escoar suas colheitas.
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