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‘UTIs estão lotadas como se fosse guerra’, diz coordenadora de Saúde

Ao avaliar o atual contexto da região no enfrentamento da pandemia, a responsável pela 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), Mariluci Reis, fez um desabafo em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9. Segundo ela, apesar dos esforços dos governos, instituições e equipes de saúde para ampliar a capacidade de atendimento, a situação continua se agravando, e a população parece não ter consciência da gravidade e da necessidade de colaborar respeitando as medidas de distanciamento social, higiene e uso de máscara.

“As pessoas não estão tendo a visão de que a UTI está lotada, como se fosse o recolhimento de pacientes em guerra. As consultas e cirurgias eletivas foram canceladas não só pelas aglomerações. Foi para usar o espaço para criar novos leitos”, afirma Mariluci. Segundo ela, a lotação nos boletins informativos aparece acima de 100% em função de os leitos cadastrados estarem todos ocupados, mas os hospitais acabam internando pacientes em outros espaços, que foram abertos para suprir a crescente demanda.

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Em relação à criação de novos leitos, possibilidade que tem motivado questionamentos frequentes da população, a responsável pela 13ª CRS explica que é uma questão complexa e demanda tempo. “Não é tão fácil como criar uma nova sala de televisão na casa da gente. Para se criar mais leitos, precisamos ter equipamentos, respiradores, monitores, camas adequadas e profissionais para trabalhar. Precisamos ter uma rede de oxigênio dentro dos hospitais, e hoje todos os pontos estão ocupados. Não é do dia para a noite”, enfatiza.

Além disso, chama atenção o aumento excessivo na utilização de insumos necessários para tratar os pacientes internados e também o esgotamento dos profissionais de linha de frente. “Olhar para uma UTI hoje é ver um cenário de guerra. Os profissionais estão cansados. Quando o hospital consegue montar uma equipe, aparece um médico ou um enfermeiro contaminado e não tem como substituir”, diz Mariluci. Ela pondera que expandir o número de leitos exige atenção a diversos detalhes, e que o processo não pode ocorrer de forma irresponsável.

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Ainda que diversas instituições já estejam destacando leitos de UTI convencional para ampliar o atendimento à Covid-19, a coordenadora da 13ª CRS relembra que a população continua necessitando de internações também por outros motivos. “Os infartos, os AVCs e os acidentes de trânsito continuam ocorrendo. Precisamos ter uma reserva para essas situações”, salienta. Ainda segundo Mariluci Reis, o número de óbitos decorrentes de outras doenças tende a aumentar por causa do esgotamento geral da capacidade da rede hospitalar.

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Reflexo do carnaval
Outro questionamento recorrente diz respeito ao tempo necessário para se verificar melhora na situação dos hospitais, considerando a bandeira preta que já vigora no Estado desde 27 de fevereiro e o lockdown adotado por vários municípios no último fim de semana. “O que temos agora é reflexo do Carnaval. Foi uma irresponsabilidade, não usamos máscara e não fizemos o que tinha de ser feito na época, e agora estamos pagando por isso”, destaca Mariluci. Segundo ela, assim como as consequências das aglomerações vistas no feriadão demoraram de dez a 15 dias para aparecer, o mesmo tempo é necessário para verificar os efeitos das medidas restritivas adotadas na última semana.

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O pedido da coordenadora é para que a população, além de colaborar com os protocolos, auxilie o poder público a fiscalizar. “Vamos batalhar para cada um ser um fiscal da saúde, porque é impossível ter um fiscal na frente de cada casa. Nós temos que ajudar, nós, enquanto população, somos responsáveis pela nossa saúde. Precisamos ter a empatia e a humanidade de, neste momento, zelar pela saúde da nossa família, dos nossos amigos e vizinhos.”

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