As seis lutas

Por Arthur Rehling Kolosque
13 anos, aluno da Escola Estadual Gaspar Bartholomay, participante do Projeto Repensar – o papel da educação na categoria Coluna Assinada, sob orientação do jornalista Ricardo Düren

O judô é muito importante para minha vida, ensinou-me muitos valores éticos e morais. Já lutei muitas competições de judô, mas um campeonato realizado na cidade de Dom Feliciano ficou marcado na memória.

Para começar, foi uma longa viagem de ônibus até lá, via BR-116. Nada menos do que seis longas horas no busão. Saímos às 2 horas da manhã de Santa Cruz do Sul, até dormi um pouco durante a viagem. Foi um trajeto tranquilo, porém, longo. Chegando lá, desembarcamos nossas mochilas e, claro, logo bateu a vontade de competir.

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Após a pesagem, soube que teria que encarar apenas duas lutas, pois só havia mais dois atletas na chave em que eu estava. Mal sabia eu o quanto esse desafio iria demorar. Chegando na área de concentração, onde os atletas esperam suas lutas começarem, conheci meus adversários: um garoto que havia me vencido no campeonato anterior e outro de minha equipe.

Lutei primeiro com o menino que tinha me derrotado. Desta vez, venci a luta por Ippon, mas ao lutar com o colega de minha equipe, perdi pelo acúmulo de três Shido (penalidades). E, ao saber do resultado da luta entre os demais, vi que viria uma nova rodada de combates, pois todos possuíam uma vitória e uma derrota. Ou seja, tudo empatado.

Lutei o primeiro combate da rodada, venci novamente por Ippon. Porém, diante do próximo adversário, perdi novamente por três Shido. Ou seja, teríamos que disputar uma nova rodada.

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Na área de concentração, até um dos organizadores estranhou a situação:

– Vocês de novo aqui? Não querem voltar para casa não?

Então, de volta às lutas, o cansaço passou a atuar mais forte do que antes. Mas venci o primeiro combate, contra o garoto para quem havia perdido duas vezes por penalidades.

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Chegando na última luta, estava muito cansado e vi que meu oponente também. Foi aí que entrou em cena a minha torcida – minha mãe, a amiga Fabi e a Maria Portela, atleta olímpica –, muito barulhenta e vibrante. Tanto, que até o árbitro pediu para se acalmarem. Era “VAI ARTHUR!”, “BORA ARTHUR!”, “DERRUBA ARTHUR!…”

Meu sensei, Keven, quase quebrou a cadeira em que estava sentado, de tão nervoso. A luta foi longa, mas depois de muito tempo, venci por Wazari. Fiquei muito feliz, tanto por ter vencido quanto por acabar com aquele ciclo infinito de combates.

E antes da premiação, lá estávamos nós três, os judocas, conversando e brincando. Afinal, não éramos inimigos. No máximo, adversários por um período de tempo.

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