Na semana passada, ao acessar o Skoob (onde deixo meu histórico de leitura atualizado), me deparei com um número significativo. Eu chegava, segundo o app, aos 300 livros lidos, somando quase 96 mil páginas folheadas ao longo dos quase dez anos desde o meu primeiro contato mais próximo com a literatura. Logo tirei um print da tela e compartilhei a notícia em um story do Instagram, feliz pelo número. Segundos depois, já me arrependia da publicação.
“Nada demais, tem gente que lê muito mais do que isso e não fica compartilhando”, minha voz interior dizia. “Que besta, dando importância para um número tão baixo.” Era minha velha (ini)miga ansiedade, insistindo em me dizer que eu não sou boa o suficiente ou que mesmo aquela felicidade instantânea e passageira nada mais era do que fruto de um egocentrismo absurdo.
Acostumada a rebater a mim mesma (pense só em como é a cabeça do ser humano), lembrei à minha querida amiga ansiedade de que eu não estava me comparando às outras pessoas naquele momento. Ótimo para elas que tenham lido mais, de verdade. Mas eu ainda assim posso celebrar esta (mesmo que pequena) conquista pessoal.
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Lembrei a mim mesma de que passei um tempo afastada das tão amadas páginas há alguns anos, principalmente durante a faculdade. A vontade de ler não era tanta, os assuntos não interessavam como antes, não tinha tempo ou usava isso como desculpa. Há pouco mais de um ano retomei, tímida, as visitas à estante. Entre uma e outra obra, fui reencontrando o amor pelos livros e histórias.
Pode-se dizer que a lacuna na minha história como leitora teve um pouco a ver com uma birra. Confesso. Teimosa, insistia em encontrar motivos estranhos para não me adaptar às leituras. No fundo, sabia que era falta de me enxergar nas páginas. Foi na literatura sáfica que me reencontrei, como mulher lésbica, como leitora apaixonada e como a adolescente apegada que era. Aos poucos fui expandindo os horizontes novamente, mas sem jamais esquecer das obras que me permitiram amar os livros novamente.
Nunca os deixei completamente, que se deixe registrado. Mas a birra estava ali, de cantinho, sempre presente. Comecei a me enxergar e a ver muito mais: vidas e histórias que se entrelaçavam com a minha ou tinham nada de parecidas. Fantasia, mistério, romances proibidos ou assumidos. Aos poucos, minha estante foi ficando mais cheia – e meu limite do cartão de crédito menor, diga-se de passagem.
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Por isso, hoje, digo que temos que celebrar as pequenas conquistas rotineiras. Sem competir com a história de superação do outro, sem comparar o que fulano ou ciclano fizeram. Valorizar meus 300 livros lidos, por que não? Ficar feliz por ter alcançado uma meta importante para mim e por mim, nada mais. Compartilhar essa alegria com os amigos por que o que é felicidade sem ser dividida? Vamos comemorar os pequenos passos dados, porque eles que nos levam longe.
Vamos brindar as alegrias passageiras, a comida gostosa preparada no dia, os R$ 5,00 encontrados no bolso da calça, a lista de tarefas concluída, o café perfeito, o abraço apertado daqueles que sentíamos saudade, o “check” em uma atividade exaustiva, o dia pago na academia, o sentir-se sexy em um look comum, a conquista de um cargo novo, a compra de um eletro que você queria muito, o primeiro dia em uma escola nova, a decisão de mudar de casa, o papel de parede incrível que você achou com desconto, o bom dia recebido cedinho, o sorriso de alguém que te deixou feliz também.
Faça das pequenas alegrias grandes comemorações internas. Só a gente sabe o que passou para chegar onde chegou. Por isso, não é uma corrida, não é uma competição. É um brinde. Aos meus 300 livros lidos e à sua pequena ou grande conquista de hoje, seja ela qual for. Que venha o livro 301, 302, 303…
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