Rádios ao vivo

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Happy Hour

As novelas de rádio

Antes da televisão, o grande meio de comunicação era o rádio, ligado a uma bateria ou na luz. Para funcionar, esperava-se algum tempo até que as válvulas esquentassem.

Um dos programas preferidos da minha mãe era escutar as radionovelas. Entravam no ar todos os dias após o Repórter Esso, tradicional noticiário apresentado pelo famoso locutor Lauro Hagemann, falecido. Foi vereador em Porto Alegre. Fez história na radiodifusão gaúcha.

Quando tocava a música característica do noticiário, aqueles que tinham o rádio em casa, atentos, escutavam as últimas notícias. As mais importantes eram repassadas aos vizinhos. Raríssimas famílias tinham dinheiro para adquirir o aparelho, caríssimo para a maioria do povo. 

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O locutor era natural de Trombudo ou lá tinha parentes. Sei que o tio dele, o falecido Luiz Hagemann, morava naquela localidade. Jamais esqueço o negro velho, cabelos brancos, surdo e mudo, que morava na chácara do seu Luiz. Não era comum acontecer isso no interior. Havia discriminação. 

Às 13 horas em ponto, sentávamos, eu e minha mãe, próximo ao aparelho de rádio. Atentamente escutávamos o desenrolar dos capítulos. Os personagens eram representados por artistas de teatro. Conseguiam transmitir todas as emoções longe do público. 

O interessante era a imaginação que se aguçava em cada ouvinte. Cada um construía, pela sua ótica, o local onde se desenrolava a história, as paisagens, as casas, as ruas, a característica física dos personagens. A mente não podia ficar preguiçosa, a imaginação tinha que funcionar. Hoje a TV tornou tudo mais fácil.

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Era impressionante a qualidade dos atores de teatro. Representavam os personagens de gente boa, má, os galãs e as moças que deveriam ser conquistadas para um final feliz. Tudo sempre terminava em casamento, acompanhado por um beijo apaixonado na boca, nada comum naqueles tempos. As performances dos artistas atingiam as pessoas no seu íntimo, mexendo com as emoções de cada um. Quantas vezes via a minha mãe rindo, chorando, xingando, vibrando. Vivia intensamente cada episódio da trama.

O Direito de Nascer foi um verdadeiro fenômeno de audiência nas novelas de rádio. Hoje poderíamos compará-la com as novelas da TV Globo, respeitando-se o alcance da TV nos dias atuais. Quem não tinha o aparelho de rádio escutava no vizinho. Não perdia um capítulo sequer. Inesquecível!

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