Tenho grande admiração pelas pessoas que no desempenho de suas atribuições profissionais lidam diretamente com o público. Já manifestei esse respeito em diversas publicações porque se trata de uma verdadeira arte. Afinal, o trabalhador nunca sabe que tipo de personalidade encontrará “do outro lado do balcão “para oferecer seus serviços e produtos. Cada atendimento é uma incógnita, um desafio a ser vencido em nome da manutenção do emprego.
A diversidade humana, se por um lado constitui-se em atrativo para quem gosta de lidar com o público, também é motivo frequente de aborrecimentos, incompreensões e de todo tipo de consequência advinda do mau humor das pessoas. Isso sem falar da notória falta de educação, um mal que assola não apenas o Brasil, mas o mundo em geral. Presenciar agressões verbais, seguidas de ofensas generalizadas, é cena comum no cotidiano de todos nós.
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Para o azar de quem é obrigado a lidar com o público, muita gente resolve descarregar suas frustrações no pobre atendente. O balconista – por exemplo – é desacatado sem motivos. Frequentemente é transformado involuntariamente num verdadeiro saco de pancadas de gente recalcada que faz dos outros vítimas do descontrole emocional. A telefonista que atende o consumidor em busca de soluções para seus problemas no SAC experimenta uma montanha-russa de emoções todos os dias. Quase sempre “brindada” com impropérios variados.
No último final de semana, ao trafegar pela BR-386 em direção ao Vale do Taquari, esses pensamentos me vieram à cabeça ao observar as gurias que trabalham nas cabines de cobrança do pedágio. Costumo brincar com o pessoal para descontrair, como fiz domingo pela manhã, quando retornava a Porto Alegre logo cedo.
– Pelo tom baixinho de voz… a fofoca está boa, hein? – perguntei à atendente, uma morena de cabelos lisos e carregada na maquilagem, com destaque para batom vermelhíssimo. Com um largo sorriso, ela respondeu:
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– O senhor tem razão! É uma fofoca da boa, afinal, a gente merece, não é? Vamos ficar aqui o domingo todo e nada como uma boa fofoca pro tempo passar mais depressa.
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Depois de efetuar o pagamento constatei que, junto ao painel, ao lado da cabina, onde consta o valor da tarifa, não aparece mais o nome da atendente. Recordei que li o motivo da mudança: muitos motoristas, de maneira apelativa, assediavam as trabalhadoras, chamando-as pelo prenome, fazendo piadinhas de mau gosto.
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Esse exemplo comprova a total falta de educação que aflora por aí. O pouco caso com a trabalhadora que está ali dando duro o dia inteiro para sobreviver e a falta de empatia são onipresentes. Não importa o lugar ou o nível socioeconômico dos frequentadores. O desrespeito parece que jamais sairá de moda.
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