Achei uma reportagem de Teresa Canto Noronha que diz, em síntese, que as imagens de satélite mostram o estado dos grandes rios da Europa, que têm sido afetados por uma seca que começa a deixar marcas. O Rio Reno apresenta um nível de água abaixo do normal para esta altura do ano. Os moradores locais começaram por identificar as pedras no fundo do rio, intituladas de “pedras da fome”, consideradas “mau presságio”. Curiosamente, são rochas em que, ao longo das décadas, as pessoas têm escrito nomes e datas durante períodos de seca.
Consta que moradores ribeirinhos costumavam registrar o ano de muita seca colocando pedras na parte mais baixa do rio. Numa das pedras estava escrito: “Se me vir, chore”. Prossegue a reportagem dizendo que no Rio Elba, “a inscrição mais antiga data de 1417. Nos séculos seguintes, muitos identificavam as pedras da fome em novos períodos de seca e registravam o ano nelas. Algumas das “Hungersteine” (pedra da fome) que apareceram neste ano na Alemanha estavam completamente esquecidas.”
Me lembrei, então, de um artigo meu em que abordo essa questão da água. O maior erro que se pode fazer, penso eu, é a destruição das florestas ciliares. Não sou técnico no assunto, mas onde se destroem as árvores que margeiam os rios a seca aparece com facilidade.
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Pego o exemplo, se me permitem, das terras que minha família possui em Unistalda. Nelas corre, de ponta a ponta, um córrego com o fundo de derrame basáltico. Árvores nativas das margens fazem uma espécie de proteção da água que corre. Em vários anos houve seca, mas o córrego e os lagões sempre ficaram firmes, com as águas cristalinas.
Um dia fiquei observando, do alto de um cerro, numa invernada lá dos fundos de minha estância, um olho d’água. Surge perto de uma pedra e o filetezinho vai serpeando uns metros por entre o capoeiral. Logo depois, encontra arbustos maiores um pouquinho e uns 50 metros além começa a chamada mata ciliar, com árvores mais frondosas dos dois lados do leito, já com meio metro de largura. A mata ciliar se torna mais larga e mais espessa até que, num lagoão rochoso, forma-se uma verdadeira piscina, com palmeiras ou coqueiros, e diversas árvores e arbustos.
A verdade é que, em todo o percurso, de uns seis quilômetros, não vi uma bolsa de plástico, uma lata, nada. E a água é cristalina quase azulada. No verão canso de tomar banho, contemplando a cobertura das árvores que filtram o calor do sol. Na época das secas são essas árvores, que jamais deixamos cortar, que garantem água para os bichos, domesticados ou não.
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