Um dos alunos que receberam nota 1000 na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tomou uma decisão drástica na preparação para as provas. Ana Carolina Angelim Damasceno, de 20 anos, piauiense de Teresina, fez algo que para muitos parece impossível: afastou-se do smartphone e das redes sociais durante meio ano. “Ajudou a me concentrar melhor”, diz ela. A coisa aconteceu meio por acaso. O celular quebrou em meados de junho e Ana resolveu não mandar para o conserto. Imaginou que iria se distrair menos assim.
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Então, está provado: é possível ficar meses sem celular e não morrer. Quem diria. E, além de permanecer vivo, aproveitar o tempo de forma útil. Porque não é fácil usar o smartphone com moderação; ele está sempre chamando nossa atenção com inutilidades barulhentas e luminosas. E acabamos atraídos como as mariposas ao redor de uma lâmpada, voando em círculos sem parar.
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É compreensível que as redes sociais tenham por objetivo estimular as pessoas a ficarem cada vez mais tempo “on”, mesmo que isso signifique menos tempo e energia para tarefas e responsabilidades “off”. Mas para quem é usuário e tem, eventualmente, aquela sensação incômoda de que “poderia estar fazendo coisa melhor” na vida, períodos de abstinência não seriam má ideia. Ana Damasceno – que, além da nota máxima em redação, acertou quase todas as questões de matemática no Enem – não se arrependeu dos meses de afastamento.
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Assim como a jornalista norte-americana Susan Maushart. Em 2009, ela e os três filhos adolescentes viveram por seis meses sem telefones celulares, internet, computadores, jogos eletrônicos, nem mesmo televisão. O resultado do “Experimento”, como Susan o chamou, foi uma reaproximação entre os membros da família: desconectados, eles retomaram conexões mais importantes e que estavam esquecidas.
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Ela descreve a jornada no livro O inverno da nossa desconexão. Entre idas e vindas, concessões e resistências, o filho viciado em games aprendeu a tocar saxofone, a filha mais nova melhorou suas notas na escola. Não se trata de rejeitar a tecnologia, mas de saber como usá-la: em nosso benefício, e não o contrário.
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