Imagine chegar a uma Oktoberfest que tenha apenas o som ambiente, de conversas ou caixas de música ligadas com canções que ouvimos diariamente no rádio. Imagine agora entrar no parque da Festa da Alegria, em Santa Cruz, e se deparar com o lonão do pórtico vazio, sem os foliões dançando e cantando e sem, principalmente, as bandinhas típicas. Certamente, não seria a nossa Oktoberfest, que há 32 edições exalta a música e a dança como tradições alemãs.
O desafio dos músicos a cada apresentação é contagiar os visitantes com as tradicionais canções de bailes do interior. E oportunidade, durante a Oktoberfest, é que não falta. Desde o primeiro dia de evento até domingo, serão mais de 350 horas só de bandinha – contando com as demais atrações, serão mais de 500 horas de música. Segundo um dos coordenadores de bandas, Aldemir dos Santos, o Zé Gotinha, para esta Festa da Alegria 46 grupos foram contratados para tocar nos desfiles, no pórtico, no pavilhão central e no lonão, sem falar das rondas pelo parque.
Foto: Bruno Pedry
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Gotinha, que também é proprietário da Banda Munich, conta que tocar na Oktoberfest, além de ser uma renda extra para os artistas, é um diferencial para o currículo. “Quando tentamos tocar em outro local e falamos que nos apresentamos na Oktober, somos recebidos com outros olhos”, afirma.
Entretanto, apesar de o trabalho parecer uma constante diversão, não é mais tão almejado por jovens que tentam ingressar na área musical. “Sentimos dificuldade para encontrar boas bandas e atender eventos maiores. Me preocupo quando penso que essa nossa geração ainda vai se aposentar”, lamentou.
Para ele, dois fatores teriam provocado essa redução da procura pela música alemã nos últimos anos: a mudança de público das festas e o crescimento pelo gosto de outros estilos musicais. “Antigamente os bailes eram frequentados por pessoas mais velhas. Hoje em dia, são os jovens que mais vão e eles preferem outros estilos”, comentou.
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Simpatia é fundamental
Para Gotinha, duas características são fundamentais para os músicos. “É preciso ter simpatia e humildade tanto com quem contrata quanto com o público. Vejo que a falta disso, muitas vezes, acaba culminando com o fim das bandinhas. Alguns músicos criam uma barreira: bandas de um lado do palco e o público do outro. Isso não pode acontecer”, ressaltou.
Além de simpatia, os idealizadores necessitam de uma boa equipe e experiência. Os instrumentos básicos não baixam de R$ 20 mil. No mínimo, os músicos precisam adquirir uma bateria, uma gaita, saxofone, trombone e trompete. A guitarra e o contrabaixo seriam complementos. Outro requisito são os equipamentos de som – embora alguns espaços já tenham os aparelhos. “Equipamento de som para tocar para 3 mil pessoas custa em torno de R$ 250 mil. Providenciando tudo isso, ainda falta o transporte: mais R$ 100 mil para comprar um ônibus”, contou.
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Foto: Bruno Pedry
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