Categories: Romar Beling

As árvores são uma boa escola

Que a comunidade de Santa Cruz do Sul é profundamente identificada com a questão ambiental, não há dúvida. Bastaria reparar na relevância do Cinturão Verde ou do túnel de tipuanas do Centro, que mereceram empenho público e privado ao longo de décadas. A natureza por aqui costuma mobilizar as pessoas.

Talvez por isso até não cause grande surpresa a muitos que uma iniciativa voltada à distribuição gratuita de mudas de árvores tenha obtido tamanho sucesso. Mas merece ser aplaudida, numa época em que, por vezes, há mais interessados em derrubar do que exatamente em cuidar de árvores, e isso que algumas já constituem patrimônio coletivo, por serem centenárias e ajudarem a compor a paisagem celebrada como atrativo turístico e de qualidade de vida.

Idealizada pela Gazeta e pela Prefeitura para marcar a passagem dos 140 anos do município, a campanha “Amanhã mais verde” mobiliza milhares de pessoas. Leitores recortam cupons publicados na Gazeta do Sul e, assim, escolhem muda de espécie frutífera ou ornamental para plantar prioritariamente em calçadas. “Ficamos felizes com a enorme aceitação junto à comunidade”, diz a gerente de Circulação e Marketing da Gazeta, Rochele Conrad. Conforme ela, desde o início do mês foram distribuídas cerca de 1,6 mil mudas. Nesta semana, a parceira é a Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos de Santa Cruz (Seasc). Os interessados podem retirar as plantinhas na sede dessa entidade, localizada na Venâncio Aires, 1448.

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Tudo isso por algo (uma mudinha) que tem valor comercial relativamente pequeno, mas que, no entanto, tem valor afetivo ou sentimental incalculável. Uma árvore é algo vivo, requer cuidado e carinho. Como tal, permite a avós ensinar lições importantes a netos ou a pais vivenciar algo rico e formador ao lado dos filhos. Até casais podem aprender a cuidar, unidos, de uma plantinha.

Afinal, vivemos dias em que muitas coisas da vida se reduziram a números: se não custam muito dinheiro, não têm importância. E plantar uma árvore, cuidar dela, é vital: delas vem o oxigênio, e sem ele a vida não subsiste. Elas ainda proporcionam sombra, frutos, flores e aromas para nos encantar, essências, chás, celulose, papel (vale lembrar que este jornal é feito de eucalipto). E madeira, com a qual confeccionamos tantos itens de primeira necessidade.

Cada plantinha ensina muito. Não por acaso dizemos que a vida envolve três coisas importantes: um filho, um livro e uma árvore. Quem legar apenas o livro e a árvore já terá dado contribuição à humanidade. Uma mudinha não basta que seja plantada, como não basta ter filho: é apenas pequena parcela da tarefa. Proteger, preservar e acompanhar ao longo da existência é o que realmente importa. Cuidada, a árvore há de legar frutas, flores, sombra. Por vezes, também requer poda corretiva, e só assim dará bons frutos. Inclusive nisso a árvore sugere uma bela lição, e talvez até não estejamos aprendendo isso direito, num tempo em que se preza tanto a liberdade e tantos parecem não saber o que fazer com ela.

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