Confesso minha desinformação. Até ontem eu não sabia que repor testosterona é o tratamento da vez para homens e mulheres. E que os objetivos principais são ganho de massa muscular e aumento da libido. Fui ao Google e achei uma infinidade de produtos e textos sobre o tema. Inclusive alertas quanto aos riscos do uso meramente estético. O que você acha: se tivessem que escolher apenas um efeito, as pessoas prefeririam fazer mais sexo ou ficar mais bonitas? Eu apostaria na segunda hipótese.
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Já fui uma mulher vaidosa. O impacto que minha aparência teria sobre os outros era relevante. Às vezes, eu só queria parecer séria. Outras vezes, menos séria. Ou descontraída. Ou alternativa. Ou bicho-grilo. (Sim, eu sei, ninguém mais fala assim). Nem sempre dava certo, mas eu me esforçava. E pensando bem, nem era necessário. A vaidade, como tantos aspectos do comportamento humano, tem mais a ver com a impressão que se tem de si mesmo do que com a impressão que se causa nos outros.
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Como eu não sabia disso, por muito tempo acreditei que a vaidade me constituía. Que era algo natural em mim como ter quadril largo e cabelo farto. Nos meus sonhos, eu seria uma velhinha fashion com grandes brincos coloridos e calças destonadas como aquelas que vemos no Instagram pelas ruas de Nova York e Paris. Poderosas. Ousadíssimas. (Por que elas sempre estão em alguma capital icônica e não em Cacimbinhas?)
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Ainda não sou velhinha. Mas as chances de vir a ser uma idosa fashion é quase zero. Minha vaidade foi parar em algum lugar remoto e preciso redobrar a atenção para não sair de casa com uma meia de cada cor ou a blusa do avesso. Não me atirei definitivamente nas cordas. Ainda ensaio um estilozinho de vez em quando. Só de vez em quando. No geral, vivo na felicidade de quem acha moletom e tênis nossa maior invenção depois da lâmpada.
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Talvez por isso, por essa mulher que me tornei, a coisa da testosterona me deixou impressionada. Nunca fomos tão ligados na imagem, no físico, como agora. Será que estamos no caminho certo? Para além do desejo de ser desejado, não vale mais a pena aceitar que não viemos ao mundo apenas para sermos vistos? Que viemos para viver e cuidar uns dos outros, o que já está de bom tamanho?
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