Faltando apenas uma semana para o 35º Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart), que será realizado de 18 a 20 deste mês no Parque da Oktoberfest, em Santa Cruz do Sul, os artistas e as instituições tradicionalistas da região intensificam a preparação e os ensaios para garantir que tudo saia conforme o planejado. No âmbito da 5ª Região Tradicionalista, os CTGs Lanceiros de Santa Cruz e Candeeiro da Amizade, este de Vera Cruz, serão os representantes na modalidade de Danças Tradicionais, mas há muitos outros participantes nas categorias individuais.
Os ensaios ocorrem durante todo o ano, tendo em vista as etapas classificatórias para o evento. Ao longo do mês de novembro, essas ações ganham força e exigem que os participantes muitas vezes abram mão de diversas atividades para manter o foco e a concentração. Para além de tudo isso, os competidores estão ansiosos pela volta ao formato tradicional, uma vez que em 2020 a edição foi cancelada em razão da pandemia de Covid-19, e em 2021 ainda havia restrições, sobretudo para o público. O sentimento que transparece é de que todos estão empenhados para que esse seja o maior Enart de todos os tempos.
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Com diversas categorias individuais e coletivas, o Enart exige um amplo planejamento por parte dos CTGs e também dos artistas que compõem os grupos. Conforme Christian Staevie, coordenador da invernada adulta do CTG Lanceiros de Santa Cruz, os preparativos para uma edição começam assim que a anterior é encerrada. “Para nós, o Enart não começa no próximo final de semana, ele começou lá no início do ano.” Chama a atenção ainda para o fato de que a disputa não é realizada desde 2019 em função das restrições da pandemia. “No ano passado, houve um festival em caráter de amostra, mas não de competição”, salienta.
Outro ponto destacado pelo coordenador diz respeito às várias fases classificatórias pelas quais passaram os grupos selecionados para a grande final. Neste ano, após a retomada das atividades pelas instituições tradicionalistas, após o fim das restrições, o cronograma das etapas começou somente em abril, tornando mais difíceis a organização e os ensaios. Em função disso, os integrantes precisaram ter ainda mais comprometimento. “Os ensaios estão ocorrendo a cada dois dias, e também aos finais de semana, durante o dia inteiro. Além disso, precisamos cuidar da indumentária, do tema e da entrada e saída”, observa.
Segundo Staevie, durante as fases inter-regionais o CTG costuma apresentar coreografias de edições anteriores, enquanto prepara uma inédita para a final. “Neste ano, na primeira classificatória, nós usamos o tema da Catedral, de 2010, e na inter-regional, em Ijuí, usamos a Estação Férrea, de 2017.” Para este ano, ele revela que a escolha não está limitada ao Município, mas sim à Região dos Vales do Taquari e do Rio Pardo. “Não posso falar muito para não entregar, mas foi uma pesquisa feita a muitas mãos.” A partir disso, foram criadas as músicas de entrada e de saída e também as danças que serão apresentadas no Ginásio Poliesportivo.
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Ao comentar o equilíbrio entre os grupos participantes, Christian Staevie diz que a pausa dos últimos dois anos trouxe mais igualdade para a disputa, mas sempre há os favoritos, como os CTGs Aldeia dos Anjos, de Gravataí; o CTG Rancho da Saudade, de Cachoeirinha; e o Centro de Pesquisas Folclóricas Piá do Sul, de Santa Maria, que são sempre fortes competidores em função da tradição e também do investimento envolvido. “Apesar disso, esperamos emparelhar. É igual a futebol: quando entra nas quatro linhas, vai melhor quem se preparou mais.”
Além de todo o planejamento artístico necessário para o evento, a parte financeira não é menos importante. Todos os membros têm custos com deslocamentos, indumentária, cabelo, maquiagem, entre outras despesas. De acordo com Évelin Borba, integrante da invernada adulta do CTG Lanceiros de Santa Cruz, são realizadas rifas, vendas de trufas, pastéis, almoços beneficentes e várias outras iniciativas para angariar recursos. “O custo é muito alto. Se não tivéssemos vendas tão boas, seria de cerca de R$ 800,00 por prenda somente para a roupa, sem contar as outras coisas”, afirma.
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Outra dificuldade diz respeito à dedicação exigida ao longo desse período, que muitas vezes conflita com outros compromissos. “O trabalho e os problemas familiares estão acima do CTG, mas todo o restante fica para depois.” Évelin ressalta que para muitos é a primeira oportunidade de se apresentar no Enart. “É um sonho realizado em conjunto. Quando buscamos algo tão grandioso, nem nos damos conta de todos os sacrifícios que fizemos para alcançá-lo”, completa. Eles ensaiam 19 danças e três delas são sorteadas na hora, de forma que os componentes precisam estar prontos para todas.
“No inter-regional já foi por sorteio, mas a competitividade não era tão grande. Agora são quatro vagas para oito grupos, que estão lutando e ensaiando com o mesmo foco que nós. Precisamos dar o melhor que podemos, sempre.” Ela acredita que o grupo está preparado e todos cresceram juntos. Embora os ensaios tenham começado tarde neste ano, Évelin avalia que houve uma grande evolução. “Somos uma família que se ama, se cuida e se apoia. Tenho certeza de que estamos prontos para brilhar quando chegar a hora.”
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Ao mesmo tempo que muitos participantes estarão pisando nos palcos do Enart pela primeira vez, outros acumulam grande experiência. É o caso de Ana Cardoso, que vai competir na categoria declamação feminina pela 12ª vez. Ela conta que participa de atividades culturais e artísticas do meio tradicionalista desde a infância, por influência do pai. Ao longo do tempo, passou também a escrever poemas para festivais de poesia. “Tive algumas pausas, mas o amor pela poesia sempre se manteve intacto. Declamar faz bem para o corpo, para a mente e, sobretudo, para a alma”, comenta.
Ela afirma que a modalidade exige grande capacidade de memorização, disciplina, foco e trabalho. Nas semanas que antecedem o evento, os ensaios se intensificam. “Procuro sempre ter uma boa qualidade de sono, ler, cuidar da alimentação e beber muita água para hidratar as cordas vocais”, conta. Em casa, a rotina também muda. “Meu marido e minhas filhas chegam a cansar de ouvir tantas vezes os mesmos poemas. Eles são incríveis, me ajudam a ensaiar, com o repertório, e dão todo o suporte porque acreditam em mim e no meu sonho.”
Ana é mais uma a citar as dificuldades trazidas pela pandemia e a vontade de fazer deste um Enart inesquecível. Para ela, será ainda mais especial, visto que não terá mais a presença do pai, falecido em fevereiro deste ano. “Minha participação é por causa dele, que sempre sonhou esse sonho comigo e sempre esteve ao meu lado. Prometi a ele que estaria no palco neste ano, e vou estar lá para honrar a memória do meu velho.”
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Por ter vencido a força B na categoria danças tradicionais em 2019, o CTG Candeeiro da Amizade, de Vera Cruz, garantiu vaga na força A do Enart deste ano. Com o lugar assegurado na principal modalidade, os integrantes começaram o planejamento em setembro do ano passado. Além dos ensaios das coreografias, há todo um trabalho de montagem das pilchas, tema, composição dos personagens e muito mais. “Para nós, o que mudou após o acesso para a força A foi que a responsabilidade aumentou muito, pois há uma demanda muito maior de tempo, organização e dedicação”, enfatiza o coordenador, Daniel Theisen.
O elenco é composto por 30 dançarinos, 15 peões e 15 prendas, além de cinco músicos, três instrutores fixos e dois professores que prestam consultorias pontuais. “Somos uma equipe de mais de 50 pessoas, que trabalham muito em busca da excelência no momento da apresentação.” Os temas, a entrada, a saída e os personagens são escolhidos em conjunto entre o grupo e o coreógrafo Alex Balaka, de Cachoeirinha. “Foi intensa a pesquisa a fim de trazer um tema inédito para o Enart, assim como é inédita a participação do Candeeiro na força A.” O escolhido foi “Estancieiros do Nosso Jeito”, que faz alusão aos colonos que se tornaram estancieiros por meio das sesmarias. “Seus trajes passaram a ser finos e nobres, com grande influência europeia.”
Para o coordenador, a expectativa pela participação na categoria principal é a melhor possível, diante de todo o empenho do grupo ao longo dos últimos 14 meses. “O trabalho foi duro e muito bem pensado. Ensaiamos sempre às quintas-feiras, e aos sábados, domingos e feriados.” A partir de agosto deste ano, os ensaios foram intensificados aos domingos e feriados, e passaram a durar todo o dia. “É uma rotina muito desgastante, mas necessária. Uma estreia em um concurso dessa magnitude precisa ser feita com excelência”, ressalta.
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Cachoeira do Sul destaca-se pela presença dos competidores das categorias individuais do evento. É o caso de Júlia Biscaglia Ferreira Kilian, da modalidade solista vocal feminina. Ela participa de atividades tradicionalistas desde os 4 anos e disputa o Enart desde os 15 anos, tendo chegado à final em três vezes. Assim como os demais, ela ensaia durante todo o ano. “Nas fases regional e inter-regional, ensaio menos, mas para a final são quatro vezes na semana, com 1h30 de duração.”
Ela é aluna de Clênio Bibiano, reconhecido artista do município e que coleciona participações e prêmios em eventos e festivais. “Ao longo da próxima semana, nós vamos treinar praticamente todos os dias.” Tanta dedicação exige mudanças na rotina, que Júlia classifica como uma “correria boa”. Acadêmica do oitavo semestre de Fisioterapia, ela precisa conciliar os ensaios com os estudos e o trabalho. “As pessoas perguntam como é possível fazer tudo, e a resposta é que eu gosto disso, cresci nesse meio e me faz bem.”
No próximo final de semana, ela espera saciar a saudade do Enart após os dois anos de interrupção, conhecer novas pessoas e também manter os vínculos já criados em outras edições. “Almejo conseguir passar para o domingo (o dia das finais) e também obter uma boa classificação no solista vocal feminino”, afirma. Por ser a 1ª prenda do CTG Os Gaudérios, ela também será responsável por apresentar o grupo nas danças tradicionais. “Desejo que todos consigam a classificação e que o evento seja especial para todos os participantes.”
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Palco A – Ginásio Poliesportivo
Danças tradicionais – Força A
Sexta-feira
16h30: chegada da imagem de Nossa Senhora Medianeira
17 horas: sorteio das danças do 1o grupo – Bloco 1
17h20: eliminatória das danças tradicionais – Bloco 1
21 horas: abertura oficial e apresentação do CTG Tiarayú
22h10: sorteio das danças tradicionais – Bloco 2
22h30: eliminatória das danças tradicionais – Bloco 2
Sábado
11h15: abertura artística do CTG Barbicacho Colorado, de Lages/SC
11h40: sorteio das danças do 1o grupo – Bloco 3
12 horas: eliminatória das danças tradicionais – Bloco 3
16h10: sorteio das danças do 1o grupo – Bloco 4
16h30: eliminatória das danças tradicionais – Bloco 4
20h30: sorteio das danças do 1o grupo – Bloco 5
20h50: eliminatória das danças tradicionais – Bloco 5
Domingo
8 horas: sorteio do 1o grupo – final das danças tradicionais
8h20: final das danças tradicionais – Força A
19 horas: dança da integração
19h30: solenidade de encerramento
Palco B – Pavilhão 2
Danças tradicionais – Força B
Sexta-feira
17 horas: sorteio das danças do 1o grupo – Bloco 1.
17h20: eliminatória danças tradicionais – Bloco 1.
22h10: sorteio das danças tradicionais – Bloco 2.
22h30: eliminatória danças tradicionais – Bloco 2.
Sábado
11h40: sorteio das danças do 1o grupo – Bloco 3.
12 horas: eliminatória danças tradicionais – Bloco 3.
16h10: sorteio das danças do 1o Grupo – Bloco 4.
16h30: eliminatória danças tradicionais – Bloco 4.
20h30: sorteio das danças do 1o Grupo – Bloco 5.
20h50: eliminatória danças tradicionais – Bloco 5.
Nas danças tradicionais Força B, classificam-se 20 grupos para a final.
Domingo
8 horas: sorteio 1o Grupo – final danças tradicionais
8h20: final danças tradicionais – Força B.
Palco C – Centro Cultural 25 de julho
Solista vocal masculino
Sábado
13 horas: eliminatória intérprete solista vocal. masculino.
Classificam-se dez concorrentes para a final.
Domingo
9 horas: final intérprete solista vocal masculino.
Na modalidade Conjunto Vocal não haverá classificatória, somente final após a final do solista vocal masculino.
Palco D – Assemp
Solista vocal feminino
Sábado
12h30: eliminatória intérprete solista vocal. feminino.
Classificam-se dez concorrentes para a final.
Domingo
8h30: final intérprete solista vocal feminino.
Palco E – Praça de alimentação
Trovas
Sábado
14 horas: eliminatória das trovas (campeira, de martelo
e estilo Gildo de Freitas).
19 horas: pajada e na sequência o causo.
Domingo
9 horas: final das trovas.
Nessa modalidade, classificam-se dez concorrentes para a final.
Palco F – Afubra
Modalidades instrumentais
Sábado
14 horas: final bandoneon, gaita de boca, gaita cromática, gaita piano e gaita botão (até 8 baixos e mais de 8 baixos).
Domingo
9h30 – Final violão, viola, violino ou rabeca e conjunto instrumental.
Não haverá classificatória nessas modalidades.
Palco G – Pavilhão Central
Danças gaúchas de salão
Sábado
12h30: eliminatória das danças gaúchas de salão.
Nessa modalidade. classificam-se 15 pares para a final de domingo.
Domingo
9 horas: final das danças gaúchas de salão.
15 horas: dança gaúcha de salão para pessoas com deficiência intelectual ou múltipla.
Palco H – Bierhaus
Declamação feminina
Sábado
12h30: eliminatória da declamação feminina
Classificam-se 12 concorrentes para a final de domingo.
Domingo
9 horas: final da declamação feminina.
12h30: final declamação masculina.
PALCO I – SindiTabaco
Declamação masculina
Sábado
13 horas: eliminatória da declamação masculina.
Classificam-se 12 concorrentes para a final
de domingo.
Palco J – Lonão da chula
Chula
Sábado
13h30: eliminatória da chula.
Domingo
9 horas: semifinal da chula (12 concorrentes classificados da eliminatória de sábado).
14 horas: final da chula (6 classificados ).
Palco L – Pavilhão 3
– 30º Tchêncontro Estadual da Juventude Gaúcha
Sábado
13 horas: recepção e credenciamento.
14 horas: abertura oficial.
14h30: início das atividades.
20 horas: encerramento.
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