Com a proximidade do início da colheita do arroz, aumenta a preocupação entre os produtores e entidades representativas em relação ao preço do grão, que está muito abaixo do esperado. O presidente da Comissão de Arroz da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Francisco Schardong, diz que o valor pago atualmente ao produtor pela saca de 50 quilos está abaixo do custo de produção, que é de R$ 42,00 por saca.
Conforme Schardong, o orizicultor está recebendo entre R$ 35,00 e R$ 36,00 por saca. Esses valores são inviáveis, conforme ele, por dois motivos: porque ficam abaixo do custo de produção e porque muitos agricultores não têm acesso aos bancos, em razão da inadimplência, e são financiados pelas indústrias. Ele observa que a situação do arrozeiro está complicada e, para melhorar, é necessário que o governo resolva o problema de financiamento que muitos produtores herdaram de outras safras.
Schardong entende que os orizicultores gaúchos precisam ter acesso ao Mercosul para obter insumos mais baratos e ter condições de competir, especialmente com o Paraguai, o principal concorrente. Da forma como está, acredita que tudo se encaminha para o produtor vir a fechar no vermelho no fim da safra. Mantendo-se esta situação, orienta quem puder a sair da orizicultura e investir na soja. “Esperamos que o governo tenha sensibilidade e responsabilidade e entenda o que vai acontecer com o cultivo de arroz se os preços continuarem baixos.”
O presidente da Comissão de Arroz diz que o baixo valor pago ao produtor não significa bom preço do grão para o consumidor, pois o atacado compra em grande quantidade e enquanto não vende todo o produto resultante de uma aquisição, não baixa o valor na gôndola. Na avaliação do presidente da Coparroz Cooperativa Agroindustrial Rio Pardo, Antônio Barbosa, sempre que baixa o preço para o produtor demora um pouco mas diminui o valor a ser pago pelo consumidor.
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“Hoje o consumidor pode adquirir cinco quilos de arroz, no Brasil, por R$ 8,90. Essa quantidade já custou R$ 11,00, R$ 12,00 há 15 anos. A inflação baixa atual é mantida pelos produtos da cesta básica, como arroz e feijão”, frisa. Barbosa ressalta que o preço pago ao orizicultor está baixo porque, apesar da alta produtividade, o grão produzido no Estado não tem competitividade com os países do Mercosul, o que se deve à carga tributária brasileira, à guerra fiscal e ao alto custo das lavouras.
“Em São Paulo e Minas Gerais o ICMS é zero. No Rio Grande do Sul é de 7%, para levar o produto ao Centro do País”, salienta Barbosa. “E hoje tem o Paraguai produzindo arroz em grande quantidade, com insumos baratos, impostos baixíssimos e logística favorável.” Acrescenta que os produtores gaúchos não podem comprar insumos do Mercosul.
Desenvolvimento das lavouras tem sido favorecido pelo clima
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O clima nas últimas semanas favoreceu o desenvolvimento das lavouras de arroz da área de abrangência do 5º Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate), do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). As atuais condições proporcionam à cultura radiação solar adequada e “água no pé”, conforme o chefe do órgão, Ricardo Tatsch. “Chuva abaixo da média, como tem ocorrido, é benéfica para a cultura, porque sua produtividade está relacionada à radiação solar.”
Tatsch observa que a semeadura demorou um pouco para começar, apesar do preparo de solo antecipado, em função do alto volume de precipitação registrado em setembro e outubro. Por isso, o forte do plantio se concentrou em novembro, quando houve pouca chuva, facilitando a implantação da cultura. “Esse ano, apesar de ter iniciado mais tarde, a semeadura acabou mais cedo (metade de dezembro). O que definirá a produtividade da região é o clima nesta segunda quinzena de janeiro e no mês de fevereiro, período em que o maior percentual das lavouras se encontrará no estágio reprodutivo.”
O chefe do 5º Núcleo explica que temperaturas amenas, pouca chuva e dias ensolarados serão decisivos para que as lavouras atinjam seu potencial. “A época de semeadura é fundamental para que a fase reprodutiva do arroz coincida com a de maior radiação solar”, acrescenta. Tatsch ressalta que no geral as lavouras estão em boas condições. Os produtores do 5º Nate (Rio Pardo, Pantano Grande, Passo do Sobrado e a parte norte de Encruzilhada) estão destinando ao arroz 13.690 hectares.
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Na área do 27º Nate, a extensão cultivada com arroz para o ciclo 2017/2018 é de 17.950 hectares. O plantio teve início no meio de setembro e terminou no começo de janeiro. Segundo o técnico superior orizícola José Fernando de Andrade, que atua neste Nate, as lavouras plantadas no período indicado estão com ótimo desenvolvimento, enquanto as semeadas mais tarde enfrentam a presença de invasoras e podem ter a produtividade prejudicada.
O 27º Nate integra Candelária, Novo Cabrais, Cerro Branco, Vale do Sol, Vera Cruz, Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires e Cruzeiro do Sul.
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