O Rio Grande do Sul já colheu 81,5% das lavouras de arroz da safra 2019/20, com aproximadamente 761.926 hectares. O índice contabiliza os dados de levantamento dos Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nates) do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), localizados nos principais municípios arrozeiros gaúchos. Até o momento, a regional mais adiantada é a Fronteira Oeste, que está se encaminhando para o fim da colheita e atingiu 93,4% – são em torno de 266.262 hectares colhidos até a última quarta-feira. No total, os produtores do Estado devem colher 934.537 hectares neste ciclo. Já a produtividade média até o momento é de 8.592 quilos por hectare.
Na localidade de Passo do Adão, no interior de Rio Pardo, o arrozeiro Milton José Helfer, de 52 anos, estima que a colheita dos 50 hectares implantados nesta safra siga pelas próximas duas semanas. O trabalho, iniciado em março, segue conforme a maturação dos grãos. Este ano, a expectativa é de que a produtividade fique entre 160 e 170 sacos por hectare, dentro do esperado após os problemas causados pela enchente do Rio Jacuí no início da plantação. “Tivemos que replantar uma área, mas depois tudo se normalizou”, contou. Na lavoura desde os 15 anos, o agricultor trabalha ao lado do pai, Elpídio Helfer. Até hoje, a atividade arrozeira é a principal fonte de renda da família.
A propriedade rural dos Helfer fica dentro da área atendida pelo 5º Nate do Irga, que compreende lavouras em Rio Pardo, Pantano Grande e Passo do Sobrado. Nesses municípios, de acordo com o engenheiro agrônomo Ricardo Tatsch, chefe do escritório do Irga Rio Pardo, foram 12,5 mil hectares implantados nesta safra, 5% a menos que os 13.088 hectares semeados no ciclo 2018/19. “Estamos com 64,5% da área colhida. Pantano Grande é o município mais adiantado, com 78%, seguido por Rio Pardo, com 58%, e Passo do Sobrado, com 52%”, explicou. Até o momento, a produtividade na regional é de 8.189 quilos por hectare. Pantano Grande, com uma produtividade de 9.040 quilos por hectare, tem puxado a média.
Passo do Sobrado está com 8.120 quilos por hectare e Rio Pardo com 7.570. “Essas médias são referentes às áreas já colhidas, que foram semeadas mais cedo e têm potencial produtivo maior. A tendência é que esses valores baixem muito com a colheita das áreas mais tardias.” Tatsch disse que, apesar das altas precipitações que ocorreram em outubro e primeira quinzena de novembro, atrasando a semeadura, nos meses seguintes a alta radiação e a baixa precipitação contribuíram para a cultura. “No geral, a produtividade média das lavouras tende a ser semelhante ou um pouco superior às médias registradas na safra 2018/19. Porém, em razão da estiagem, tivemos produtores que ficaram sem água para fazer a irrigação de suas lavouras. Esses, infelizmente, terão um prejuízo enorme, alguns com produtividades abaixo dos 3 mil quilos por hectare.”
Rentabilidade no campo
Atualmente o preço da saca de arroz oscila entre R$ 52,00 e R$ 54,00, 25% superior aos R$ 42,00 registrados em abril do ano passado. O engenheiro agrônomo Ricardo Tatsch, chefe do escritório do Irga Rio Pardo, reforçou que é difícil falar de mercado, mas com a demanda aquecida e a desvalorização do real frente ao dólar, a tendência é que os preços se mantenham ou aumentem. “O valor da saca de arroz agrada aos produtores. Após quatro anos praticamente pagando para trabalhar, eles estão recebendo um valor digno que cobre o seu custo de produção.” Para a safra 2020/21, a tendência é de um aumento da área de arroz, principalmente pela frustração que houve na safra de soja deste ano ocasionada pela grande estiagem. “Porém, nossa recomendação é para que os produtores mantenham a rotação com arroz, soja e pecuária. Nenhum ano é igual ao outro, e a diversificação é o que vem mantendo o produtor na atividade.”
Situação no 27º Nate
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A colheita também avança nos 15,9 mil hectares cultivados nos oito municípios compreendidos pelo 27º Nate do Irga. “Já colhemos em torno de 8,8 mil hectares, o que significa 55% da área. Até o momento temos boa produtividade, perto dos 8 mil quilos por hectare de média”, ressaltou o engenheiro agrônomo José Fernando Rech de Andrade, chefe da regional do Irga Candelária. Na fase final de maturação e estágio reprodutivo, ainda há 7,1 mil hectares de arroz a serem colhidos – a tendência é de que o trabalho siga até o fim de abril ou início de maio.
Em razão dos picos de luminosidade durante a safra, condição favorável à cultura, há lavouras na região com produtividade perto de 10 toneladas, ou 200 sacos por hectare. No entanto, há produtores com perda considerável em função da seca. Conforme Andrade, em cerca de 500 hectares – 3% da área cultivada na região – as colheitadeiras não vão passar. “São locais com pouca disponibilidade de água e que foram muito prejudicados. Alguns produtores vão ter colheita zero, enquanto outros estão perdendo produtividade pela irregularidade da irrigação.” O 27o Nate conta com aproximadamente 400 orizicultores, nos municípios de Candelária, Novo Cabrais, Cerro Branco, Vale do Sol, Vera Cruz, Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires e Cruzeiro do Sul.