A área destinada ao cultivo do arroz vem sendo reduzida no Brasil, onde a cultura concentra a maior produção fora do continente asiático e se destaca no Extremo Sul, em especial no Rio Grande do Sul, que responde por cerca de 70% do total produzido no País. Na safra 2022/23, a redução de área do cereal estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no País é de 8,5%, para 1,48 milhão de hectares, e no estado gaúcho, de 9,9%, para 862,6 mil hectares.
Segundo a companhia, a significativa diminuição ocorre “em meio à reduzida rentabilidade projetada para o setor, com menor atratividade financeira em relação a culturas concorrentes, como soja e milho”. Na abertura oficial da colheita desta safra no Rio Grande do Sul, realizada em meados de fevereiro na Estação Experimental da Embrapa Clima Temperado em Capão do Leão, no Sul do Estado, o Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) apresentou informação de que o recuo na área poderá atingir 12%, para 839.972 hectares. A redução se deve, conforme o presidente Rodrigo Machado, à série de fatores, a começar pelo econômico, com preço deprimido e alto custo de produção, assim como uma opção paralela pela soja, com lucratividade maior e em rotação inclusive estimulada e considerada benéfica no setor.
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O custo variável de produção da cultura no Rio Grande do Sul aumentou de R$ 54,19 para R$ 69,07 por saco entre o ciclo 2020/21 e o período 2021/22, de acordo com cálculos do Irga. Nos últimos dois anos, observa Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros (Federarroz), este custo cresceu em média 60%, o que reforça o incentivo da entidade para que o produtor seja “multissafras”, que inclusive foi o tema do evento de abertura da colheita, para garantir maior produtividade e renda, com inclusão de soja, milho e cobertura vegetal de pastagens. A produtividade média do arroz no Estado também mostrou reação, como ocorreu em recorde de 2021, mas forte estiagem afetou resultados em 2022 e já está interferindo novamente em 2023.
O levantamento da Conab divulgado no início de fevereiro de 2023, referente ao maior Estado produtor com plantio concluído e 59% das lavouras em desenvolvimento vegetativo, apontava para “agravamento da estiagem em todo Estado, com escassez de chuvas e altas temperaturas começando a causar reflexo no armazenamento hídrico”, que estaria abaixo do adequado para o manejo da irrigação, que é adotada em toda cultura e normalmente garante maior produção. O Irga também já verificava influência do problema climático, com abandono de algumas áreas na Fronteira Oeste, maior região produtora, e na parte central.
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Em relação aos demais estados, conforme a Conab, o segundo maior produtor, Santa Catarina, também no Sul, não apresenta maiores alterações, mas Tocantins, Mato Grosso e Maranhão, no Norte, Centro-Oeste e Nordeste, entre outros, também mostram redução de área do arroz na safra, embora, a princípio, teriam menor influência do clima. Desta forma, a produtividade inicial média projetada no País ainda era superior à passada, em 3%, e inclusive no Rio Grande do Sul (4,3%). Já a produção nacional, com menor cultivo geral, cairia 5,7%, para 10,2 milhões de toneladas.
O consumo brasileiro, por sua vez, pelas estimativas da companhia nacional, seria mantido em 10,6 milhões de toneladas na safra 2022/23, como na passada, que teve o número reduzido em relação à anterior, quando estava em 10,8 milhões de toneladas. Isto, na avaliação dele, se dá “em razão da perspectiva de recuperação econômica, dado o fato do arroz possuir uma elasticidade-renda negativa”, em que, no crescimento de renda, ocorre substituição do cereal (normalmente mais acessível) por outros itens mais caros. Já quanto às exportações, acentuou o “significativo volume comercializado no mercado externo em 2022, com 2,1 milhões de toneladas vendidas”.
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A maior venda externa é atribuída pela Conab à “boa competitividade do grão no mercado internacional e quebra da safra norte-americana”. O maior destino do produto brasileiro, com 465 mil toneladas exportadas, foi o México. Já nas importações, que atingiram 1,2 milhão de toneladas, a quase totalidade vem do Mercosul, em especial do Paraguai. Para a temporada 2022/23, “em meio a um cenário projetado de menor disponibilidade do grão e de prováveis melhores preços internos”, o organismo federal projetava em fevereiro de 2023 algum aumento na importação (para 1,3 milhão de t) e uma retração na exportação (para 1 milhão de t), assim como no estoque de passagem (de perto de 2 milhões para 1,8 milhão de t) ao final do ano.
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