Arroio do Tigre celebra neste 6 de novembro seu 58º aniversário. Quanta gente suas terras viram nascer, sonhar, trabalhar, crescer… Erguido sob muito trabalho e movido também pela fé, o município formou-se pela dedicação e batalha diária de homens e mulheres do campo e também daqueles que exercem diferentes funções na cidade.
Conhecido como Celeiro do Centro-Serra, Arroio do Tigre tem seu nome destacado em diferentes frentes, ganhando grande ênfase na agricultura, da qual se desdobram outros tantos destaques, como as feiras, agroindústrias, juventudes, associações, cooperativas e a tão famosa Olimpíada Rural.
União também é algo que tem movido esta comunidade, que transformou pessoas comuns em líderes para fazer surgir o que hoje tem sido motivo de orgulho para gerações. É por isso também que cada arroio-tigrense poderia contar esta história de quase seis décadas, pois ela está atrelada à vida de cada um que nasceu ou escolheu esta terra como lar.
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No interior ou na cidade, vendo o desenvolvimento ocorrer em ambos, ouvimos para esta matéria moradores de Arroio do Tigre que no município constituíram família, dedicaram-se ao trabalho e também foram, e tem sido, participativos na comunidade onde estão inseridos e aqui representam todos aqueles que acreditaram no potencial do município e visualizam um horizonte cada vez melhor.
É esta palavra que a professora aposentada e empresária, Zaida Maria Spacil Roehrs, 65 anos, usa para descrever o início e a trajetória de Arroio do Tigre até os dias atuais. Filha do primeiro prefeito do município, senhor Rodolfo Spacil (in memoriam), quando criança, Zaida mudou-se com toda a família para este que seria, por todas estas décadas, seu “novo lar”.
Nascida no território onde hoje é Estrela Velha, quando este ainda pertencia a Espumoso, a pequena menina viu o pai ser escolhido o primeiro prefeito do município que surgia. Em março de 1964 ele assumiu como prefeito e sem a existência de uma prefeitura, teve como sede, por um período ao longo desta primeira Administração, a Casa Paroquial.
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“Houve um consenso de todos os partidos, quando chegaram ao nome do meu pai Rodolfo. O município foi criado em 6 de novembro, mas foi instalado em março, quando meu pai assumiu. Ele não teve medo de assumir e ir em frente. Na época era tudo muito difícil. A primeira prefeitura foi então na Casa Paroquial, onde o padre Benno cedeu uma escrivaninha e caneta. E assim começou o trabalho, com muita dificuldade, mas com muita garra. O pai sempre foi muito líder dentro da comunidade onde morávamos em Estrela Velha e assim continuamos em Arroio do Tigre. Estou aqui há 58 anos. A gente veio junto com a emancipação do município e continuamos todo este período vendo o seu crescimento e a acolhida deste povo, desta gente com garra”, relembra Zaida, que casou-se e viu os filhos nascerem no município.
Dos primeiros anos em Arroio do Tigre, a empresária recorda-se de haver praticamente duas ruas, a Dom Guilherme Müller e a 25 de Julho. “Quase tudo sem calçamento, era muita pedra, outra realidade, mas tudo foi crescendo, se desenvolvendo. Na época o pai esteve junto quando foi comprada a primeira patrola, isso foi para Arroio do Tigre uma festa, pois as coisas estavam chegando, o desenvolvimento dentro do município”, lembra.
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E a veia política seguiu com Zaida, que por dois mandatos foi vereadora. Mas o trabalho pela comunidade, segundo ela, sempre esteve lado a lado com as outras funções exercidas, como nos muitos anos em que lecionou no Colégio Sagrado Coração de Jesus e na Escola Estadual de Ensino Médio Arroio do Tigre, assim como quando fundou o primeiro grupo da terceira idade na região, há quase trinta anos trabalhando de forma voluntária, também na participação ativa na comunidade religiosa e como empresária, função esta que permanece exercendo.
O orgulho de ser arroio-tigrense fica nítido na fala de Zaida, assim como os valores que diz terem sido passados pelo pai, entre eles a honestidade. “Arroio do Tigre cresceu com a garra e união das pessoas. Cresceu na parte econômica, social, política. Somos também muito marcados pela religiosidade. Temos uma caminhada grande aqui. Me orgulho e nunca quis sair daqui. É uma cidade em que conhecemos praticamente todos, temos uma amizade muito grande. Arroio do Tigre cresceu com o trabalho e muito dinamismo de todos os administradores. Cada vez que a gente sai vemos o crescimento ocorrendo, seja na cidade ou interior”, destaca.
Para ela uma marca muito grande do município é o trabalho. “É um pessoal que trabalha muito. Gente que trabalha, se vira, e busca sempre pelo crescimento e desenvolvimento das famílias, da comunidade, do todo. Amo Arroio do Tigre, amo esta terra. Tem tudo para continuar crescendo”, enfatiza Zaida, que não se vê vivendo em outro lugar.
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O agricultor Luiz Hermes, nascido em 1948, em Linha Rocinha, cresceu na comunidade e casou-se com Darcila Dalmolin Hermes, há mais de 50 anos. Com ela teve três filhos e já somam-se cinco netos. Na propriedade, com aproximadamente 140 hectares, onde se produz um pouco de tudo, a diversificação tem sido garantia de sustento. Além do trigo, soja e milho, mel, tomate, hortaliças e frutas, como pêssego e uva, são carros-chefes da propriedade administrada pela família. “Tem ainda a criação de suínos, aves de postura, e se inventa de tudo. Muita coisa melhorou através das técnicas novas que existem”, destaca Hermes.
A participação na Feira Livre há mais de quatro décadas, iniciou logo após o casamento. “Estamos há 46 anos sem falhar nenhum sábado, sempre trabalhando. Tenho um grande orgulho desse nosso trabalho de feira livre, que começamos muito pequenos e fomos avaliando, trabalhando. Me admiro muito no nosso Arroio do Tigre, as pessoas, os consumidores, tem pessoas que vão há mais de 40 anos na feira”, conta o produtor, que diz ser este um incentivo para aprimorar-se cada vez mais.
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E Hermes espera que o trabalho tenha continuidade, com os filhos, e também com os netos. “Uma das netinhas, aos sábados, costuma me fazer companhia. Queremos ver se amanhã ou depois vai ser uma feirante. Quando os ‘véinhos’ entregam os pontos, aí teremos o pessoal novo. Isso é um grande orgulho pra gente”, acrescenta.
Ainda na juventude outro ofício começou a fazer parte da vida de Luiz. Seu pai gostaria que o filho trabalhasse como motorista de caminhão. Depois de uma experiência de um mês, quis seguir no ramo, mas trilhando seu próprio caminho, tendo a opção de trabalhar por conta própria e também permanecendo na lavoura. “A gente conseguiu fazer tudo que pensamos. Conquistamos”, enfatiza o agricultor e caminhoneiro, que trabalha há mais de quarenta anos como transportador de ração para uma empresa do segmento.
Para Luiz Hermes, Arroio do Tigre se desenvolveu muito ao longo destes 58 anos. “O município na época tinha uma meia dúzia de casas. Hoje, cresceu muito mesmo. E cada vez melhor. Evoluiu”. Ele sentiu o avanço também no interior. “Éramos acostumados com enxada, lavrar duas, três vezes. Não se tinha máquinas. Era boi, arado e enxada. Hoje há facilidade. Já tem áreas com mais de vinte anos com plantio direto. A produção também aumentou muito. Logo que casamos produzíamos de 25 a 40 sacos de milho por hectare, atualmente ultrapassamos 130 sacos. E assim foi com outras culturas”, destaca.
Participante ativo na comunidade local, sente-se realizado com as conquistas e também ao perceber que as pessoas têm buscado por aquilo que produzem com tanto carinho. “Não tem nada melhor do que falar sobre aquilo que fazemos no dia a dia. A diversificação, na época que deixamos de plantar o fumo, passamos a ter produção leiteira, cultivar hortaliças, criar porco, gado confinado, entre outros. Tem tanta coisa boa para explorar na agricultura, não precisa ter grandes extensões de terra. Na minha maneira, a gente começou a fazer a vida há 46 anos, em 2 mil metros quadrados, pequena área, produzindo as hortaliças, na época com acompanhamento da Emater, e José Francisco Teloken estimulou também a começar a produzir uva, pêssego. Hoje temos aproximadamente 7 mil pés de uva”, acrescenta.
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Segundo Hermes, nos últimos anos houve grande melhoria nas estradas. “Não adianta ter produção e não ter fácil acesso às propriedades. Hoje temos fácil acesso e estradas bem conservadas. As estradas no interior, quando são boas, nosso povo agradece. Temos condições de crescer no Arroio do Tigre em todos os sentidos, tem muitas coisas que podemos melhorar ainda mais. Vejo um grande futuro e melhoramento, especialmente na agricultura, preservando a natureza”, salienta o produtor.
Do alto de seus 86 anos, o senhor Armando Haas, agricultor desde sempre, gosta de relembrar a versão da história que lhe foi sendo contada pelos antepassados e remonta ao nome do município. “O Arroio do Tigre foi nomeado pela onça que estava fazendo estrago na criação de porcos. Então chamaram caçadores que se guiaram pelos cachorros através do rastro deixado por ela. Desde guri sempre vivi aqui e as histórias foram sendo contadas”, destaca o aposentado. Na época do acontecido, os moradores pensaram que a onça era um tigre, por isso o nome do município.
Morando ao fundo da Linha Taquaral, há aproximadamente 9 quilômetros da sede do município, ao lado da esposa Sibilla Wagner Haas, 81 anos, com quem é casado há 64 anos, Armando viu muita coisa se transformar. Sem dúvidas, para ele, entre as principais mudanças estão a chegada da energia elétrica e as estradas abertas no interior. “Foi um espetáculo ver o crescimento de Arroio do Tigre. Aqui tinha estrada que era apenas para dois cavaleiros e uma carroça a boi. Era um trilho. Na época não tinha maquinário como tem hoje. Essa antiga estrada permaneceu até que chegou trator de esteira. Para a tecnologia e produção crescer, primeira coisa é ter estradas, acesso de chegada nas propriedades. Também foi feita mobilização para ter água instalada e luz. Antes era muito dura a vida”, relembra Haas.
Além de agricultor, ele também exerceu a função de pedreiro, contribuindo na construção do Salão da Comunidade Cristo Rei, em sistema de mutirão, sendo bastante ativo nesta comunidade, da qual chegou a ser presidente, e também auxiliando em construções de vizinhos agricultores. “Sempre trabalhamos na agricultura. Nos meses em que não estava lidando com o fumo, saia levantar forno de fumo, paiol, casas para moradia. Começava sempre em março e ia até dezembro, fazendo empreitadas”, destaca.
Sobre antigamente, recorda-se que o tabaco já era um dos destaques. “Todos os comerciantes compravam fumo. Aqui no Taquaral as áreas de terra são pequenas e uma família tendo três hectares de terra, vamos supor, planta de tudo para viver, e pode plantar para fazer dinheiro o fumo. Quanto mais pedra parece que melhor é, porque aqui é cheio de ‘ladeirão’. Desde antigamente o feijão também já era concentrado no Tigre”, menciona.
A esposa, dona Sibilla, lembra que estudou até a quarta séria no Colégio Sagrado Coração de Jesus. “Estudei no Colégio das Irmãs. Só podia ir até o quarto ano, pois sou de uma família que teve 14 filhos e daí a cada quatro anos entrava outro irmãozinho para ir na aula. Também sempre ajudei na agricultura”, destaca.
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Ao longo destas quase nove décadas de vida de seu Armando, somam-se 7 filhos, 17 netos e 21 bisnetos. A filha mais nova do casal, Valíria Haas Jahn, 55 anos, mora na mesma propriedade dos pais, onde segue, com marido e filhos, o trabalho na agricultura. Na propriedade cultivam alimentos para subsistência e também soja, milho, feijão e tabaco.
“Nasci e até hoje sempre morei no interior. Casamos há 35 anos e sempre moramos aqui junto com o pai e a mãe. Evoluindo junto. Arroio do Tigre se desenvolveu muito. Na saúde, na educação facilitou muito, antigamente não se tinha tantos recursos. Aproveitamos para parabenizar a atual e todas as administrações, que trabalharam muito para Arroio do Tigre crescer e que isso continue, pois sempre tem melhorias que possam ser feitas e a gente também faz a parte que podemos fazer. Nós, como colonos, nos sentimos bem de cada vez mais ter mais direitos, oportunidades, melhorias na comunidade. E parabenizar também a todos os munícipes pelos 58 anos de progresso”, destaca Valíria. “Arroio do Tigre cresceu muito e tem mais. Para o futuro vai ser cada vez melhor”, acrescenta o pai.
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