A noite de quinta-feira, 30 ficará marcada na história da segurança pública da região. Em duas ações interligadas no Vale do Rio Pardo, a Brigada Militar colocou atrás das grades um dos homens mais procurados do Estado – especialista em roubos a banco com uso de explosivos – e também apreendeu um verdadeiro arsenal da facção Os Manos. Tudo começou às 22 horas. Em uma operação sigilosa, guarnições do 23º Batalhão de Polícia Militar (23º BPM) apuraram que um foragido apelidado de Jamanta, 36 anos, conhecido no mundo do crime por envolvimento em ataques a agências de diversas cidades gaúchas, estaria escondido em uma área rural de Passo do Sobrado.

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Ele é suspeito de participar do assalto ao Sicredi em Vale Verde, em 4 de julho de 2016, quando teria sido o responsável por arrombar os caixas eletrônicos. Três dias depois, teria tentado a mesma ação em Passa Sete. Além disso, o criminoso coleciona ocorrências por crimes graves. São pelo menos outras cinco explosões a caixas eletrônicos atribuídas a ele no passado. Em sua ficha, possui ainda roubos a estabelecimentos comerciais, inclusive lotéricas, além de porte ilegal de arma de fogo e receptação. Já havia mandados de prisão decretados contra ele pelas comarcas de Santa Cruz do Sul, Lajeado e Barracão, no interior do Paraná.

Até recentemente, Jamanta encontrava-se cumprindo pena com tornozeleira eletrônica. No entanto, em 28 de junho, ele rompeu o equipamento e passou à condição de foragido. Na noite dessa quinta-feira, após um trabalho de monitoramento das agências estadual, regional e santa-cruzense de Inteligência da BM, o homem foi preso na localidade de Passo da Mangueira, no momento em que entrava em uma Chevrolet Spin cinza alugada. Ao descer do veículo, ele percebeu a aproximação dos policiais da Força Tática e entrou em uma residência com uma mochila na mão. Foi abordado quando tentava pular uma janela em direção a uma área de mata.

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Durante busca pessoal, os policiais encontraram com Jamanta um revólver calibre 32, com sete munições. Ele foi levado até o Hospital Santa Cruz (HSC) para exames de praxe. Em seguida, foi encaminhado até a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), onde a prisão foi registrada. Posteriormente, foi conduzido ao Presídio Regional de Santa Cruz do Sul. Seu verdadeiro nome não foi revelado pelas autoridades policiais. A prisão faz parte da chamada Operação Angico, deflagrada pela Brigada em nível estadual para capturar os principais assaltantes de banco no Rio Grande do Sul.

Armas da facção estavam em baú, no forro

A prisão de Jamanta foi acompanhada de forma exclusiva pela Gazeta do Sul. E, enquanto a equipe apurava os desdobramentos do caso na delegacia, chegava a informação de que em Venâncio Aires uma outra ação da BM iria angariar um caráter também histórico. Minutos depois, as primeiras imagens da maior apreensão de armas realizada nos últimos anos chegavam à reportagem.

Ao todo, foram 18. Entre elas estão cinco pistolas calibre 9 milímetros, dois revólveres, duas submetralhadoras, cinco armas calibre 12, três fuzis e munições de calibres como 38, 556, 12 e 762, além dos carregadores e um kit roni (que transforma pistolas em submetralhadoras).

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A ação aconteceu às 23h20, no Bairro Santa Tecla, em Venâncio Aires. Durante patrulhamento, os policiais militares do 23º BPM passaram em frente a uma residência e sentiram um forte cheiro de maconha. Na área externa da casa, foi realizada a abordagem a um jovem de 23 anos, que fumava a droga. Os PMs perceberam uma movimentação estranha na casa e entraram nela, junto do abordado. No interior do imóvel, os policiais desconfiaram de um recorte no forro de PVC.

No forro da casa, eles avistaram uma capa de violão de cor preta e um baú da mesma cor. Ao retirar os objetos do forro, localizaram uma grande quantidade de armamento. O jovem, sem antecedentes, foi preso, levado à DPPA de Venâncio e, posteriormente, à Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva). A namorada dele, que estava na residência no momento da abordagem, foi arrolada como testemunha. Os nomes de ambos não foram revelados pelas autoridades policiais.

O comandante do CRPO/VRP, tenente-coronel Giovani Paim Moresco, afirmou que a aliança entre os setores de Inteligência e a Força Tática da BM é um eixo central para o êxito das abordagens. “A unificação dessas duas equipes, mais o aprimoramento das nossas rotinas normais, tem propiciado esse êxito.”

Sobre a apreensão do armamento, Moresco revela que há bastante tempo se trabalhava com a possibilidade de haver um bunker na região, onde armas de grosso calibre poderiam estar sendo guardadas para serem alugadas por bandidos interessados em empregá-las em crimes graves, sobretudo em roubos a agências bancárias – em abril e maio, armas do tipo foram usadas em ataques a bancos em Santana da Boa Vista e Amaral Ferrador. “Sabíamos que essas armas poderiam estar sendo utilizadas em uma cadeia delituosa, desde aluguel para roubos a banco, até pela própria facção, para manutenção do seu território, mostrando seu poderio bélico. E falando sobre a prisão do Jamanta, há muito tempo estávamos no encalço dele, que sempre foi um dos principais articuladores da parte logística e da elaboração e planejamento de roubos a banco na nossa região”, disse Moresco.

Por fim, o comandante agradeceu o empenho de suas guarnições. “A Brigada Militar está trabalhando, exercendo seu papel e buscando inovações tecnológicas operacionais para, cada vez mais, trazer paz social às nossas comunidades. E só conseguimos essa historicidade toda a partir das nossas técnicas e com a nossa tropa imbuída da missão. Estamos com muita energia e faro apurado.”

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