Com a proximidade do inverno, que começa no dia 21 de junho, avança também a semeadura do trigo nas lavouras do Vale do Rio Pardo. Mesmo com desconfiança diante da possibilidade do fenômeno El Niño e também da queda expressiva do preço do grão no mercado, os produtores estão otimistas e apostam no cereal para recuperar os prejuízos das culturas de verão, como soja e milho. Em alguns municípios, isso se traduz em grande aumento na área plantada, com destaque para Vale Verde e Venâncio Aires

Os dados da Emater/RS-Ascar mostram que, na Capital do Chimarrão, a área passou de 750 para 1,4 mil hectares, mas o grande destaque é Vale Verde. O município, que em 2020 não tinha cultivo de trigo, chegou a mil hectares em 2022 e a 5 mil neste ano, perdendo em extensão total apenas para Encruzilhada do Sul, que chega a 6 mil hectares.

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Conforme o engenheiro agrônomo e extensionista rural Josemar Parise, a semeadura deve se intensificar em meados de junho. “A perspectiva é manter a área do ano passado, com tendência de aumento em função dos prejuízos da safra de verão”, explica. Para ele, essa busca por recuperação dos prejuízos é um fator que favorece o trigo. “Mas as previsões de retorno do El Niño e de um clima mais chuvoso exigem um cuidado maior em relação aos manejos fitossanitários.”

De maneira geral, salienta Parise, a chuva e a umidade tornam as plantas mais suscetíveis às doenças, mas há produtos no mercado capazes de amenizar o problema. Além disso, o clima seco é mais favorável ao desenvolvimento das culturas de inverno. “Os recursos existentes hoje dão condições para que o agricultor consiga conduzir suas lavouras dentro de bons padrões de qualidade em termos de desempenho.”

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Há, porém, a questão do preço. A saca de 60 quilos é vendida hoje por volta dos R$ 70,00, enquanto no mesmo período do ano passado estava em R$ 110,00. A redução é de 36,5%. Apesar disso, Parise diz que o custo dos insumos acompanhou a queda e, com isso, está mais barato plantar trigo neste ano, na comparação com 2022. “Hoje é necessária uma quantidade de sacas expressiva para cobrir os custos de implantação. A margem é muito estreita, então o agricultor tem que projetar em cima de uma produtividade satisfatória.” Entre os especialistas de mercado, há expectativa de alta no preço da saca.

Cultura estratégica

Além do retorno financeiro, Josemar Parise afirma que o trigo é estratégico dentro da rotação de culturas durante o inverno. “Ele diminui a ociosidade da propriedade e há uma sinergia com as culturas de verão, sobretudo a soja.” Segundo ele, a oleaginosa se beneficia em ter o trigo como cultivo anterior devido aos herbicidas diferentes, responsáveis pelo controle das plantas invasoras e que muitas vezes são resistentes aos defensivos da soja. Além disso, a cobertura vegetal é importante para melhorar a estrutura e a sanidade do solo.

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