O plantio de soja na região já atinge 96% da área prevista para o grão na safra 2016/2017, que é de 389.064 hectares. Essa extensão é o somatório das lavouras estimadas para os 39 municípios das microrregiões Centro-Serra, Alto da Serra do Botucaraí e Baixo Vale do Rio Pardo, que são atendidos pela Emater Regional, sediada em Soledade. A semeadura já foi concluída nas duas primeiras microrregiões. Falta encerrar o plantio no Baixo Vale do Rio Pardo.
A área estimada para cultivo de soja na região no novo ciclo é 5,6% maior que a registrada na safra anterior, que foi de 368.365 hectares. O aumento, conforme o assistente regional da Emater, Josemar Parise, deve-se ao mercado aquecido para exportação – com grande demanda de países asiáticos –, ao bom preço e à infraestrutura adequada à cultura. “A logística do grão é forte, tanto na parte de máquinas e equipamentos para semeadura, colheita, transporte e armazenamento quanto de cooperativas e silos particulares. O fluxo de exportação também tem logística favorável desde a propriedade até o Porto de Rio Grande”, ele observa.
Assim, onde existe espaço para avançar, o produtor expande o cultivo. Os municípios da região onde houve maior incremento de área para o grão são Rio Pardo, Lagoão, Soledade e Encruzilhada do Sul. A semeadura foi favorecida pelo clima com chuvas regulares, temperatura em elevação e bastante radiação solar. Essas condições, segundo Parise, permitiram que o trabalho fosse executado com tranquilidade até agora, com término praticamente dentro do estabelecido pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático, que é 20 de dezembro.
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O plantio no período determinado no zoneamento agrícola, segundo Parise, proporciona boa germinação, emergência e desenvolvimento vegetativo das plantas, o que já é percebido nas primeiras lavouras implantadas. O preço médio pago ao sojicultor da região, atualmente, é R$ 72,57 pela saca de 60 quilos de soja e é considerado bom. O presidente do Sindicato Rural de Candelária, Mauro Flores, relata que o valor pago pelo grão tem sido aproveitado pelos sojicultores para adquirir maquinário – colheitadeiras e tratores. Fazendo esses investimentos, os produtores trabalham com mais tranquilidade.
Da área total projetada para a soja no Rio Grande do Sul na safra 2016/2017, que é de 5.523.573 hectares, 88% já está semeada. De acordo com a Emater/RS-Ascar, nas lavouras já implantadas, a germinação e o desenvolvimento vegetativo apresentam ótimas condições, com plantas sadias e vigorosas. Não há registro de ataques de pragas.
Produtor troca fumo e leite pela oleaginosa
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Um dos produtores da região que está na fase final da semeadura de soja é Jair Luís Goettert, 46 anos, morador de Cerro Alegre Alto, interior de Santa Cruz do Sul. Ele se criou trabalhando na fumicultura com os pais, numa propriedade de 18 hectares. Nos últimos 22 anos, também atuou na produção leiteira. Porém, sonhava plantar soja. Como a cultura do tabaco estava exigindo sempre mais mão de obra, há alguns anos, ele começou a procurar área para arrendar. O bom preço do grão nos últimos anos e a grande demanda, principalmente internacional, também o fizeram seguir na proposta do cultivo, iniciado em 2010.
Goettert começou destinando à soja uma área de cinco hectares ainda em Cerro Alegre Alto. Depois foi ampliando o espaço a cada safra, com arrendamentos de terras em São José da Reserva e arredores, ainda na zona rural de Santa Cruz, e desde 2014 cultiva soja em 280 hectares. Neste mesmo ano parou de plantar tabaco e, em 2016, deixou a produção leiteira. Em março deste ano, vendeu os 30 animais que tinha. O objetivo foi focar nos grãos, pois também planta milho em uma área de 50 hectares. Essa cultura, ele semeou em agosto para colher no fim de janeiro.
O produtor ainda pretende expandir mais a implantação de soja e tentar aumentar a produtividade, “que é o que realmente dá retorno”. No ciclo passado, obteve 62 sacas de 60 quilos por hectare. Ele atribui esse resultado positivo às variedades escolhidas para cultivo, à adubação equilibrada, correção do solo e semeadura no período certo. “Claro que o clima também tem que ajudar e isso tem ocorrido nos últimos três anos.” Para o desenvolvimento da soja, as condições climáticas ideais são calor e chuvas regulares.
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O produtor, que na atividade conta com ajuda da esposa Adriana, 41 anos, e de mais dois familiares, além de um contratado, faz a semeadura do grão de forma escalonada, até para realizar a colheita da mesma forma. Ele começou a semear em outubro e ainda restam 60 hectares para receber o grão. Goettert acredita que na próxima semana vai concluir esse espaço. O agricultor frisa que o preço da soja está compensando, mas seria melhor se os insumos não fossem tão caros – caso do óleo diesel e dos defensivos. “Os insumos são caros devido aos impostos”, lamenta.
Jair e a esposa Adriana (no trator) plantma soja em 280 hectares
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