Nesse sábado, 25, completaram-se dois meses desde o falecimento, aos 78 anos, do sambista, compositor e artista plástico santa-cruzense Eloir Guedes, o Lói, como era conhecido. Quis o destino que já estivesse em curso a finalização de um documentário de curta-metragem produzido nos últimos anos sobre a trajetória dele, junto à produtora Pé de Coelho, por iniciativa do proprietário e cineasta Diego Tafarel, que fora amigo do cantor e com ele partilhara de muitos momentos de animada conversa. Agora, esse filme, Aquele da Paixão (que é como Lói costumava se apresentar), está praticamente pronto e deve ser apresentado ao público a princípio em setembro, em um evento dedicado ao personagem biografado, como Tafarel prevê.
Aquele da Paixão deve ficar com duração de 17 a 18 minutos, como antecipa o diretor. Uma versão provisória chegou a ser exibida para espectadores durante o 4º Festival Santa Cruz de Cinema, em 2021, com entusiástica acolhida da plateia. Na qual, aliás, estava um emocionado Lói, que assim pôde conferir a própria história de vida sintetizada nas telas. Tafarel é direto na avaliação da importância desse projeto: “Não consigo imaginar que uma figura singular como o Lói, um artista nato, autêntico, das ruas, não tenha a sua obra registrada para as gerações vindouras. Hoje, vejo como foi fundamental que tenhamos tido essa iniciativa”, diz.
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Tafarel frisa que a relação dele com Lói se firmou há cerca de sete anos, quando foram apresentados por amigos comuns, entre eles o historiador e professor Mateus Skolaude, outro amigo de longa data do sambista. A ideia de tematizar o cantor surgiu em 2019, e, uma vez que o projeto pôde ser inscrito na Lei Aldyr Blanc, naquele mesmo ano começou a captação de imagens.
Mais do que isso: houve uma mobilização para que o sambista pela primeira vez entrasse em um estúdio para gravar algumas composições, todas inéditas, estimadas em mais de uma centena. Pois ele de fato gravou, ainda em 2019, seis músicas no Estúdio Azul, de Robson Bitencourt. Essas gravações igualmente foram registradas no documentário, que envolve tomadas em Santa Cruz e Porto Alegre, onde Lói morou por cerca de 15 anos.
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A partir do momento em que o resultado das filmagens com Lói será compartilhado com a comunidade, em Aquele da Paixão, a tendência é de que a obra também entre no circuito dos festivais no segundo semestre.
Um álbum com seis canções de Lói faz parte do projeto cultural
A gravação das seis canções de autoria de Lói, em 2019, permite que, agora, dentro da programação do lançamento oficial do documentário Aquele da Paixão, possa, em simultâneo, ser compartilhada com a comunidade essa produção autoral até então inédita, de um compositor e sambista sempre reconhecido como muito talentoso, ainda que nunca tivesse tido oportunidade ou ocasião de registrar as próprias criações.
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Bem por isso, além de salientar e de preservar a memória desse artista, o cineasta Diego Tafarel e outros conhecidos de Guedes buscam, de algum modo, reunir e conservar, junto a alguma instituição ou entidade, o espólio do artista. Ao que se sabe, o material envolve dezenas de composições, a maioria sambas, bem como várias telas ou desenhos, uma vez que se dedicava à pintura, de forma autodidata. E até mesmo um suposto romance que teria escrito, já finalizado, que, aos amigos, dizia ter o título de A alemoazinha. “Ninguém sabe direito onde este material está, ou em que condições se encontra”, frisa.
Tafarel acrescenta que o projeto das filmagens com Lói se estendeu mais do que o previsto justamente por causa da pandemia, que eclodiu no início de 2020. “Tivemos que espaçar mais as filmagens, e depois o próprio Lói acabou adoecendo, ficando mais fragilizado.” Quando o processo estava concluído, e o documentário chegava à fase de finalização, o personagem tematizado veio a falecer. “Temos muito a lamentar por perder o Lói. Era uma figuraça. Mas me consolo por saber que registramos sua história. Ele era, como diz uma de suas músicas, um típico gente boa.”
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