Os aprendizes das sete turmas do Programa de Aprendizagem Profissional Rural do Instituto Crescer Legal estiveram reunidos nessa quinta-feira, 4, em uma troca de experiências com egressos do curso. Quase 200 jovens participaram do 5º Encontro Regional de Aprendizes Rurais, que representou a retomada dos momentos de convivência, mesmo que ainda com máscaras e protocolos. A jornada, realizada no Parque da Expoagro, em Rincão Del Rey, Rio Pardo, teve apresentação de experiências de egressos, exibição de atividades das turmas de aprendizes, entrega dos certificados às participantes do Programa Nós por Elas – A voz feminina do campo, e a palestra Jovem, faça sua vida brilhar!, com Jéferson Cappellari.
Ao abrir o evento, o diretor presidente do Instituto Crescer Legal, Iro Schünke, contou um fato da própria história, que, como filho de produtores rurais e estudante de curso técnico agrícola em outra cidade, recebia um valor em dinheiro que precisava durar para todo o semestre. Conforme ele, dentro do controle das despesas, uma vez por mês ele se permitia comprar um doce chamado massa folhada. “Esse doce tinha um sabor especial e eu degustava. Até hoje sinto como era apreciar, era um imenso prazer. Hoje posso comprar quantas massas folhadas eu quiser, mas aquela tinha gosto especial”, contou.
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Dirigindo-se aos aprendizes, ele aconselhou que leiam, estudem e não percam oportunidades de melhorar e se planejar. “Controlar meu dinheiro naquela época, que eu tinha a idade de vocês, me trouxe um ensinamento para o resto da vida, de que não importa o quanto de dinheiro se tem, importa a gestão que se faz daquilo que se tem”, disse. “Com gestão financeira, se consegue, com pouco, ter muito. Às vezes, na dificuldade, se cresce muito e assim se fortalece a caminhada para o futuro”, acrescentou. “Se a gente tem projetos de vida, acredita no que faz, há muito mais chance de alcançar”, finalizou Schünke.
E Carmen Lúcia de Lima Helfer, reitora da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e conselheira do Instituto Crescer Legal, elogiou as ações visando oferecer oportunidades aos jovens do campo. Falando sobre o Programa Nós por Elas, que conta com a parceria da Unisc, a reitora disse que as meninas desenvolvem a comunicação, relacionamento interpessoal e têm a convivência na universidade. Aos jovens, ela disse que é importante ter objetivos de onde quer chegar. “As meninas do Nós por Elas tiveram pesquisa, planejamento, aprofundamento, produção e esse aprender, estudar, pesquisar e se envolver com o tema exige persistência e paciência”, salientou. “Para que se possa chegar a algum lugar, a gente pode errar algumas vezes, mas tudo depende de como se trabalha com o erro; que seja para o crescimento pessoal e profissional”, completou.
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Durante o evento, egressos das turmas anteriores do Programa de Aprendizagem compartilharam experiências e falaram sobre seus empreendimentos nas próprias vidas. Por exemplo, Denise Faust, de Santa Cruz do Sul, tornou-se empreendedora do campo e também é estudante de Pedagogia. “Eu e meu parceiro de vida fundamos a Eco Horti e agora levamos alimentos saudáveis para as pessoas”, contou. “Através do Crescer Legal, passei a buscar novos horizontes, apresentei um projeto a um programa de incentivos e consegui recursos para aplicar na produção”, contou. “Quero dizer aos aprendizes para aproveitarem as oportunidades, pois somos privilegiados”, finalizou.
Por sua vez, a egressa Maira Petry, de Vera Cruz, contou que aprendeu coisas importantes no curso de aprendizagem. “Uma delas é valorizar o campo e outra coisa é que o campo precisa de todas as profissões. Além de agricultor, precisa de professores, advogados, médicos”, comentou. “Vou me formar em Direito daqui a um ano e estou pesquisando para o meu TCC – Trabalho de Conclusão de Curso – a aplicação do direito empresarial dentro das pequenas propriedades rurais, com a avaliação da transformação das pequenas propriedades em empresas”, relatou.
Já Vinícius de Moraes, de Candelária, disse que uma das boas lembranças do curso do Crescer Legal foi a oportunidade de se apresentar em peça teatral no Ciclo de Conscientização, em cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. “Depois, fui contemplado com o prêmio do Jovem Empreendedor Rural e, também, iniciei o curso técnico em Gestão Ambiental e agora estou na Universidade cursando Engenharia Ambiental”, contou. “Minha trajetória tem muito a ver com o Crescer Legal”, salientou. E Helena de Moura, de Cerro Branco, relatou que alcançou grande desenvolvimento e se tornou radialista na rádio da cidade. Nos planos dela, está cursar Jornalismo e seguir carreira na área da comunicação.
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Outro egresso que contou a experiência foi Bruno Lange, de Sinimbu, que, inicialmente, não estava empolgado com a possibilidade de ser aprendiz, mas com o andar do curso, tornou-se bastante empreendedor. “Numa das saídas de campo, comecei a me interessar pela produção de frutas e minha mãe logo comprou mudas de frutíferas e começamos a cultivar”, contou. Ele também seguiu os estudos e conseguiu bolsas e contratos como aprendiz para outros cursos técnicos em produção de alimentos.
Apresentação de atividades
Cada uma das turmas de 2021 do Programa de Aprendizagem levou para o evento vivências para compartilhar. Veja algumas:
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Turma Boqueirão do Leão – Apresentou a produção de bananas orgânicas, resultado da visita ao Sítio Vida em Ecos, de Perci Frantz. Eles mostraram detalhes sobre o cultivo, como época de plantio, clima ideal, controle de pragas e fertilização do solo pelo manejo de plantas.
Turma de Canguçu – Os aprendizes falaram sobre os aprendizados relacionados ao autoconhecimento e reconhecimento de competências pessoais. Como exemplos, citaram o desenvolvimento de competências como determinação, importante para não desistir dos sonhos, passar pelas dificuldades, se adaptar às novas rotinas. Como competência socioemocional, destacaram a abertura para o novo e aperfeiçoamento da comunicação. Também falaram das visitas a propriedades agrícolas e ao prefeito de Canguçu.
Turma de Cerro Branco – Escolheu a atividade Janela de Oportunidades para apresentar. O exercício mostrou o que os aprendizes pensam sobre suas escolhas para o futuro. Algumas janelas falam sobre empreendedorismo, carreiras ligadas à educação e outros projetos pessoais e profissionais.
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Turma de Passo do Sobrado – Mostrou duas ações comunitárias. Uma delas foi o pedágio para a ONG Cia dos Animais, que rendeu R$ 519,00. E a outra foi sobre a campanha de coleta de alimentos, com caixas em estabelecimentos comerciais e escolas para a arrecadação de itens que serão distribuídos para famílias cadastradas no setor de assistência social do município.
Turma de Santa Cruz do Sul – Realizou uma pesquisa virtual sobre redes sociais e tecnologias e avaliou a aplicação na vida rural. Eles concluíram que as ferramentas tecnológicas podem trazer inovações para o produtor rural, podem ser aplicadas pelo produtor rural para que tenha menos trabalho e melhores resultados. Podem ser usadas na comunicação, divulgação de produtos, rapidez nos contatos e como ferramentas de marketing.
Turma de Sinimbu – Os aprendizes explicaram sobre o projeto Gelateca, pelo qual customizaram uma geladeira antiga e arrecadaram livros e demais itens de leitura, que foram disponibilizados para a comunidade. Também falaram sobre as saídas técnicas para conhecer empreendedores rurais de diversas iniciativas, desde diversificação de produção até ligadas ao turismo, como museu, pousada e educação ambiental.
Turma de Herveiras – Falaram da importância do planejamento em equipe, da expressão artística e apresentaram a música Vagalumes, fechando as apresentações das turmas.
Para fazer a vida brilhar
O Encontro Regional de Aprendizes foi encerrado com a palestra Jovem, faça sua vida brilhar!, com Jéferson Cappellari. O palestrante transmitiu a mensagem de que os vencedores são aqueles que têm uma visão empreendedora da vida. “Para se desenvolver, a gente nunca pode desistir dos nossos projetos”, salientou. “Buscar sonhos significa movimento. Quem está na zona de satisfação produz pouco”, disse, lembrando a importância da automotivação e autodeterminação.
Saiba mais
O Instituto Crescer Legal é uma iniciativa do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) e suas empresas associadas, que tomou forma em 2015 com o apoio e adesão de pessoas envolvidas com a educação e com o combate ao trabalho infantil. Uma das ações é o Programa de Aprendizagem Profissional Rural, que é pioneiro por proporcionar uma forma inovadora de aplicação da Lei de Aprendizagem em favor dos jovens do campo. Eles recebem salário proporcional a 20 horas semanais e, ao invés de trabalharem nas empresas, realizam atividades teóricas nas escolas sede e as práticas tanto no ambiente do curso como nas comunidades ou em saídas de campo.
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